terça-feira, 29 de março de 2016

WSBK – Termos Técnicos


 


Appex
Melhor linha de contorno de uma curva
Administrador da Prova
Responsável por preparar o circuito para a corrida e que os comissários de pista estejam em seus postos
Briefing
Encontro convocado pela Direção de Prova envolvendo pilotos e/ou administradores de equipes
Comissários (Marshals)
Responsáveis pela sinalização para os pilotos por meio de bandeiras especiais, e para auxiliar em casos de acidentes
Comissários de prova (Stewards)
Pessoas responsáveis por fazer cumprir as regras e para relatar violações à Direção de Corrida
DORNA WorldSBK Organization
Empresa que promove e organiza o Motul FIM Superbike World Championship desde 2013
Entry
Inscrição para uma corrida. A Entry List relaciona todos pilotos, equipes e equipamentos habilitados a participar de uma prova
FIM
Fédération Internationale de Motocyclisme, entidade com abrangência internacional que coordena esportes com motocicletas
Idade
A idade mínima para participar do Motul FIM Superbike World Championship é 18 anos, para o FIM Supersport World Championship é 16 anos. A idade máxima permitida para pilotar um equipamento em ambas as categorias é 50 anos. Para a FIM Supersport 1000 Cup a idade mínima é 16 e a máxima 28 anos.
Juri Internacional
Um júri composto por um presidente e dois membros nomeados pela FIM, além de outros delegados (o Delegado nomeado pela DWO - DORNA WorldSBK Organization), Diretor de Prova, Diretor Técnico, Diretor Médico e encarregado da segurança, responsável por garantir que a prova seja realizada de acordo com as regras e  analisar infrações relatadas pelos comissários de prova. O júri decide questões por votação, cada membro de um voto.
Luzes
Utilizadas para sinalizar o início da corrida (apagar as luzes vermelhas). Sinais luminosos também estão instalados na saída do pit lane para indicar aos pilotos se é seguro ou não voltar para a pista
Mapa de Voltas (Lap Chart)
O documento elaborado pela cronometragem no final da corrida, relacionando as posições de cada piloto ao final de cada volta.
Paddock
Área atrás das garagens do pit onde as equipe estacionam os motorhomes e caminhões de transporte
Paddock Aberto
Evento programado nas etapas do  Motul FIM Superbike World Championship. Na quinta-feira antes do início das atividades de pista os espectadores têm acesso gratuito ao paddock, onde os pilotos ficam disponíveis para autógrafos, entrevistas, fotos ou atividades extra-corrida
Paddock Show Arena
Área do paddock dedicada para palco de atendimento dos pilotos, eventos de equipes, patrocinadores ou outro tipo de entretenimento, aberta ao público de quinta a domingo, proporcionando uma maior interação entre admiradores e as pessoas que protagonizam a WSBK
Pit Lane
Pista paralela ao circuito onde estão localizadas as garagens das equipes. Via de acesso dos pilotos para a pista ou para atendimento mecânico
Pit Walk
Acesso ao pit lane, restrito a portadores de licenças especiais (passes) que autorizam o trânsito durante sessões de treinos e/ou durante as provas
Pole Position
Primeira posição do grid de largada
Protest (Protesto)
Meio pelo qual uma equipe pode contestar o resultado obtido por um piloto de uma equipe rival, geralmente com base em considerações técnicas e desportivas
Qualifying Practice (Tomada de Tempos)
Sessão de treinos onde os tempos por volta determinam as posições no grid de largada. Pilotos são classificados de acordo com a sua volta mais rápida. Só se classificam para a prova pilotos com tempos abaixo de 107% do melhor tempo registrado na sessão
Queimar a Largada (Jump-Start)
Ocorrência onde o piloto movimenta a moto antes das luzes vermelhas apagarem. Incorre em penalizações
Race Direction (Direção da Corrida)
Corpo gerencial de uma corrida, composto por um representante da FIM e um representante da Dorna WorldSBK, responsável por penalizar equipes e/ou pilotos que violam regras, penalizar promotores da corrida se não houver uma organização adequada para o evento e ouvir recursos contra as sanções aplicadas por infrações às regras
Race Director (Diretor de Prova)
Responsável por assegurar que as regras sejam respeitadas, e que não haja problemas nas sessões de treinos e corrida
Racing Classes (Classes)
O Motul FIM Superbike World Championship é dividido em várias classes para incentivar a concorrência entre fabricantes e pilotos de várias faixas etárias. O conceito básico é o mesmo desde a inauguração do Mundial de SBK em 1988: máquinas baseadas em produção em série, que possam ser relacionadas com os seus modelos comerciais.
World Superbike
Categoria líder do WorldSBK para motos de competição baseadas em modelos de produção em série. São permitidas algumas modificações em relação aos modelos encontrados nas revendedoras, gestão do motor, sistema de escape, suspensão, freios e um número limitado de peças do motor. A moto deve ter um peso mínimo de 168 kg, com capacidade entre 750cc e 1200cc, de acordo com o número de cilindros
World Supersport
Classe intermediaria. Equipamentos mais leves e menos potentes que os homólogos do World Superbike. Modificações limitadas, e capacidade entre 400cc a 750cc, de acordo com o número de cilindros
 Superstock 1000
Praticamente idênticas aos modelos encontrados nas estradas. Classe direcionada para formação de pilotos, com limite de idade de 28 anos. Apenas um tipo de pneu com sulcos é permitido, o mesmo encontrado nas lojas
European Junior Cup
Aberta a todos os pilotos que utilizam motos Honda CBR650F disponíveis em revendedoras. Classe caracterizada por pilotos mais jovens, idade mínima de 14 anos e máxima de 21 (23 para mulheres). A classe tem como objetivo proporcionar um início acessível para carreiras profissionais de pilotos, com a oportunidade de aprender nos   circuitos da classe mundial
Ride Through ou Pass Through (Passagem pelo pit lane)
Passagem obrigatória pelo do pit lane durante a corrida, em velocidade reduzida, utilizada como penalidade para os pilotos que infringem as regras. A velocidade reduzida no pit lane (máximo se 60 km/h) aumenta em muito o tempo de volta
Sighting Lap (Volta de Observação)
Volta pelo circuito quando o piloto sai do pit lane para ocupar a sua posição no grid de largada
Single Tyre Supplier (Fornecedor único de pneus)
O Motul FIM Superbike World Championship utiliza, desde 2004, um único fornecedor de pneus para garantir igualdade entre competidores e reduzir custos para equipes
Starting Grid
(Grid de Largada)
Posicionamento dos pilotos para iniciar uma corrida. Em todas as categorias Motul FIM Superbike World Championship o grid de largada é composto por três pilotos por linha. Os pilotos de cada linha são dispostos em intervalos, com o mais rápido na frente. As linhas são separadas por uma distância de nove metros. Dependendo da categoria, posições no grid de largada são determinadas na prática de qualificação ou nas sessões Tissot-Superpole. No WorldSBK estas posições são válidas para ambas as corridas em cada etapa
Technical Checks (Verificações Técnicas)
Verificações de controle realizadas nas motos para conferir a sua conformidade com os regulamentos
Technical Director (Diretor Técnico)
Responsável por garantir que todos os participantes estão enquadrados dentro das normas técnicas, também supervisiona as inspeções técnicas e decide sobre protestos técnicos
Test Ban (Proibição de testes)
Período de restrição de testes entre 22 de dezembro e 4 de janeiro (incluindo ambas as datas)
Tissot-Superpole
Os vinte pilotos melhores classificados nas sessões 1 e 2 de treinos livres participam da Tissot-Superpole. Os dez pilotos mais rápidos estão automaticamente classificados para a Superpole 2. Os classificados entre décimo primeiro e vigésimo participam da Superpole 1. Os dois pilotos mais rápidos da Superpole 1 juntam-se aos já classificados na Superpole 2 para disputar as primeiras doze posições no grid. Ambas as sessões são limitadas a quinze minutos cada, com um intervalo de dez minutos entre si.
Treinos Livres    (Free Practice)
Sessões de treinos em que tempos por volta não contam para determinar posições grid de largada
Warm Up (Aquecimento)
Sessão realizada na manhã do dia da prova para última verificação da preparação das motos para a corrida
Warm Up Lap
(Volta de aquecimento)
Volta de apresentação antes da largada
Wild Card
Permissão para um piloto participar de uma etapa específica do campeonato. Cada Federação anfitriã do evento pode indicar 4 pilotos para WorldSBK e WorldSSP e 2 para a classe STK1000. A DORNA WorldSBK Organization pode indicar mais um

 

 Adaptado do  site www.worldsbk.com

MotoGP & Mundial SBK – Fim de Semana Agitado


 

MotoGP e Mundial de SBK são inquestionavelmente as duas principais competições internacionais de motovelocidade. Existe uma miríade de outras provas e campeonatos com abrangência nacional ou continental, nos EUA a AMA (American Motorcyclist Association) promove eventos em todos os fins de semana, o campeonato britânico de Superbike é referência mundial para provas em circuitos e estradas. Aqui no território tupiniquim a confederação Brasileira de Motociclismo administra, entre outros, os Campeonatos Brasileiros de Superbike 1000cc e Supebike Light, além de promover anualmente as 500 Milhas de Interlagos, a principal prova de longa duração do motociclismo brasileiro, disputada nas distâncias de 100 e 500 milhas por equipes de 2 a 4 pilotos. O leque é extenso, mas o protagonismo, sem dúvida, é centrado na MotoGP e Mundial de Superbike.

 As duas categorias têm semelhanças e diferenças. Algumas etapas são disputadas nos mesmos circuitos, a pontuação segue regras praticamente idênticas e a infraestrutura utilizada é muito semelhante. Existem, porém, diferenças fundamentais, a MotoGP é essencialmente uma competição de protótipos, e a Superbike é apoiada em modelos produzidos em série.

O Regulamento geral de competições da MotoGP para 2016 é chancelado por quatro entidades: FIM (Fédération Internationale de Motocyclisme), com sede na Suíça que organiza campeonatos e administra recordes de velocidade em duas rodas; Dorna Sports, multinacional de marketing e  gestão desportiva com sede na Espanha que detém exclusividade nos direitos comerciais e televisivos da MotoGP; IRTA (International Road Racing Teams Association) com sede na Inglaterra e formada por todas as equipes, fornecedores de tecnologia e patrocinadores;  e  MSMA (Motorcycle Sports Manufacturers’ Association) que representa os interesses dos fabricantes envolvidos e tem sede no Japão. 

O Regulamento da temporada 2016 do Mundial de Superbike é mais simples e não contém especificações técnicas detalhadas, basicamente indica o que pode ser alterado nos modelos de produção em série e é assinado pela FIM e DWO (Dorna World Superbike Organization), uma empresa do grupo Dorna com sede na Itália.

O Mundial de Superbike é dividido em classes para incentivar a concorrência entre fabricantes e pilotos de diversas faixas etárias. O conceito básico é o mesmo desde a sua criação em 1988, máquinas derivadas de modelos que tenham um número mínimo de unidades comercializadas. Existem quatro classes, na World Superbike, categoria líder, são permitidas algumas modificações em relação aos modelos encontrados nas revendedoras, gestão do motor, sistema de escape, suspensão, freios e um número limitado de peças do motor. A moto deve ter um peso mínimo de 168 kg e capacidade entre 750cc e 1200cc, dependendo do número de cilindros. World Supersport é uma classe intermediaria, equipamentos mais leves e menos potentes que os homólogos da World Superbike, com modificações mais restritas e cilindrada entre 400cc a 750cc, de acordo com o número de cilindros. A Superstock 1000 contempla modelos praticamente idênticos aos encontrados nas estradas, é direcionada para formação de pilotos com limite máximo de idade de 28 anos e permite apenas um tipo de pneu com sulcos, o mesmo encontrado nas lojas. Este ano os promotores criaram a European Junior Cup, aberta a todos os pilotos que utilizam motos Honda CBR650F, uma classe orientada para pilotos mais jovens, idade entre de 14 e 21 anos (23 para mulheres), que tem como objetivo proporcionar um início acessível para carreiras profissionais, com a oportunidade de aprender em circuitos da classe mundial.

 As motos participantes da MotoGP e categorias de acesso devem ser exclusivamente protótipos produzidos por membros da MSMA ou aprovados pela Comissão dos Grandes Prêmios da FIM. O campeonato mundial contempla 3 classes, a principal, MotoGP, especifica motores de 4 tempos, até 1000cc, 4 válvulas por cilindro, uso obrigatório de eletrônica padronizada fornecida pela Magneti Marelli e outras características orientadas para limitar a escalada de custos.  A Moto2 emprega motores de 660cc fornecidos exclusivamente pela Honda e a Moto3 utiliza motores monocilíndricos de quatro tempos até 250cc. Pilotos na classe Moto3 não podem ter mais de 28 anos, ou 25 anos para novos contratados

 Embora as disputas tenham um caráter internacional, o projeto e construção dos protótipos da MotoGP está concentrado principalmente em dois países, Itália e Japão. Dos 243 grandes prêmios disputados nos últimos 14 anos, desde que o formato desta categoria foi consolidado em 2002, os construtores japoneses venceram em 212 oportunidades e os italianos em 31. No que concerne aos pilotos também existe uma concentração de nacionalidades, espanhóis contabilizam 107 vitórias (41 do atual campeão Jorge Lorenzo), os italianos 86 (73 de Valentino Rossi) e o resto dividido entre o talento de Casey Stoner (38, australiano) e outros, incluindo 3 do brasileiro Alex Barros. Seis campeonatos mundiais foram vencidos por um italiano (Valentino Rossi), cinco por espanhóis (Lorenzo 3 e Márquez 2), dois por um australiano (Stoner) e um por um norte-americano (Nicky Hayden). A atual temporada tem programadas 18 etapas, quatro delas em território espanhol e uma única na América do Sul (Termas do Rio Hondo, Argentina).

O Mundial de Superbike apresenta uma concentração semelhante quanto aos fabricantes que, embora em maior número, continuam restritos a dois países, das 28 temporadas já realizadas as motos italianas venceram 17 e as japonesas 11. Em termos de pilotos a distribuição é mais diversificada, britânicos e norte-americanos disputam o maior número de campeonatos com 9 troféus cada, o campeão mais laureado é o inglês Cal Fogarty com 4 títulos, o maior vencedor italiano é Max Biaggi com 2 campeonatos e Carlos Checa é o único espanhol que já ganhou uma temporada da Superbike. A modalidade promove 14 rodadas duplas por temporada, 3 em circuitos italianos, 2 na Espanha, 2 na Alemanha e em mais 7 países.
 
Nenhum piloto conseguiu ser campeão em ambas as categorias. Nicky Hayden almeja ser o primeiro, o norte-americano, campeão da MotoGP em 2006, assinou um contrato de dois anos com o WorldSBK Team Honda. Nicholas "Nicky" Patrick Hayden (nascido em 30 de julho de 1981), conhecido como “The Kentucky Kid”, fez história no MotoGP, mas sua mudança para WorldSBK é um retorno às raízes, ele conquistou o título AMA Superbike em 2002.
Na próxima sexta feira, 01/04, o ruído dos motores vai ecoar nas Termas do Rio Hondo na Argentina e em Aragón na Espanha. Na América do Sul está programada a segunda etapa do mundial de MotoGP, na abertura realizada sob as luzes artificiais do circuito de Losail no Qatar Jorge Lorenzo (Movistar Yamaha MotoGP) obteve um resultado impecável para a defesa de seu título, pole, volta mais rápida e posição mais alta do pódio. Não foi uma corrida fácil, a anunciada potência do motor Ducati de Andrea Dovizioso e o surpreendente desempenho de Marc Márquez (Repsol Honda Team) depois de todos os problemas enfrentados durante os testes pré-temporada prenunciam um ano cheio de surpresas.

Na Espanha os 100% de aproveitamento nas quatro provas das duas primeiras etapas elegeram as Kawasaki de Jonathan Rea e Tom Sykes como adversários a serem batidos. As provas anteriores sinalizaram que a Honda de van der Mark, a Ducati de Chaz Davies e outras equipes têm condições de desafiar os líderes e, como ensinou o multicampeão de F1 Juan Manuel Fangio: “Carreras son carreras”.
 

Publicado em www.autoracing.com.br em 30/03/2016
 

quarta-feira, 23 de março de 2016

MotoGP - “Winglets” sob Ataque


 

No recente GP do Qatar existiram três diferenças entre as Yamaha YZR-M1 do vencedor e do quarto colocado. O estilo de pilotagem “ad hoc” de Valentino Rossi, que se adapta conforme às necessidades e a condução correta de Jorge Lorenzo, que parece andar sobre trilhos. A Michelin disponibilizou pneus assimétricos (mais borracha no lado mais solicitado) com duas composições, Lorenzo escolheu a mais macia para a roda traseira e Rossi optou pela mais dura. A terceira diferença foi visual, a moto de Valentino se apresentou de cara limpa, enquanto a de Lorenzo ostentava logo abaixo do nariz um par de enormes “winglets”, recursos para auxiliar a aerodinâmica. Os repórteres espanhóis intuitivamente relacionaram os apêndices da Yamaha 99 com os bigodes do Salvador Dali.

 

As regras impostas pelo Regulamento do Campeonato Mundial de 2016 divulgado pela FIM limitam ao extremo o desenvolvimento dos equipamentos, especificações dos motores estão congeladas até o fim da temporada (com exceção da Suzuki e Aprilia que se enquadram nas regras de concessões), o pacote eletrônico padronizado é obrigatório e os sensores utilizados nos pontos de amostragem devem ser aprovados pela direção técnica da Dorna e compartilhados com todos os competidores. Quase não restou espaço de manobra para os fabricantes, além de aperfeiçoar o mapeamento das pistas para utilizar melhor os recursos do software padronizado, trabalhar na maior ou menor rigidez dos quadros e pesquisar recursos aerodinâmicos.

 

Em 1968 no GP da Bélgica de Fórmula 1 no circuito de Spa-Francorchamps a Ferrari apresentou um carro com uma espécie de asa sobre o motor, com posicionamento variável. O piloto podia reduzir o ângulo de ataque nas retas para não oferecer resistência ao ar e inclinar nas curvas para gerar pressão aerodinâmica (down force) e aumentar a estabilidade. A novidade era pouco mais que uma gambiarra feita de madeira e inspirada no Chaparral E2, vencedor das 12hs de Sebring em1966. Os resultados foram tão animadores que aerofólios são praticamente obrigatórios em todos os carros de competição até os dias atuais.

Ferrari 312/68


A Ducati inovou com o uso das “winglets” na temporada passada e o que no início pareceu estranho aos poucos foi conquistando adesões. Nos testes pré-temporada de 2016 a Honda foi a última fabricante a converter-se, embora suas “asas” sejam menores e dispostas em um ângulo incomum.

 

A vantagem das “winglets” nos equipamentos da MotoGP ainda não é aceita sem restrições e um dos pilotos que mais questionam a novidade é Cal Crutchlow, da Honda satélite LCR. Ele menciona implicações de segurança, citando o “efeito navalha” e a turbulência criada pelos recursos aerodinâmicos. Nos testes de Phillip Island houve um momento em que Crutchlow na pista observou Dani Pedrosa, que seguia de perto a Ducati de Andréa Ianone. A turbulência, segundo ele, era algo irreal e Dani foi obrigado a reduzir porque sua moto estava difícil de controlar.  No próprio GP do Qatar Andrea Ianone estava perseguindo de perto o seu colega de equipe Andrea Dovizioso quando inexplicavelmente perdeu o controle da moto e caiu, há quem diga que ele foi vítima da turbulência por estar muito próximo da Ducati à sua frente.

 

Crutchlow também é crítico em relação ao risco de potencialização de acidentes devido ao desenho e localização das “winglets”.  O piloto inglês acrescentou que um contato com a asa de Andrea Dovizioso pode ter causado a queda do italiano no ano passado na corrida de Sepang. Suas palavras textuais foram: “Houve o toque, não sei se em sua asa ou no volante, e é provável que tenha sido a causa da perda de controle e queda”.

 

Cal Crutchlow explica que a ultrapassagem em uma curva na MotoGP é um momento delicado, onde os pilotos ficam muito próximos e qualquer descuido pode resultar em contato. As pernas ficam vulneráveis e alguém pode ser atingido e cortado por uma “winglet”. Todos os fabricantes alegam que, mais que improvável, é impossível porque pelo material utilizado na construção das asas tem resistência é menor que o do macacão dos pilotos e quebraria antes. A única alegação possível contra este argumento seria confiar na “Lei de Murphy”. Crutchlow entretanto é pragmático, se as “winglets” comprovarem sua eficiência, ele  vai utiliza-las em sua moto.

 

A FIM e a Dorna, que administram a MotoGP optaram por proibir o uso de dispositivos aerodinâmicos nas classes Moto2 e Moto3. Para a Moto2 o efeito é imediato e para a Moto3, onde a Mahindra já utiliza este recurso, a proibição vale a partir de 2017. Modelos de carenagem projetados para dispersar detritos ou água deslocados pela roda dianteira, sem propósitos aerodinâmicos, continuam permitidos. As entidades não apresentaram nenhuma justificativa para sua decisão.

 

A proibição não tem efeito na MotoGP. Existem muitas pressões para banir as “winglets”, mas enfrentam a resistência dos fabricantes. Uma das condições impostas por Yamaha, Honda e Ducati para aceitarem o software padronizado foi a estabilidade dos regulamentos técnicos pelo prazo mínimo de cinco anos, tempo necessário para desenvolver e depurar uma nova tecnologia que possa ser utilizada em produtos comerciais. No entanto, o termo “aerodinâmica” associado a “winglets” e carenagens provocou o temor de uma escalada de custos, exatamente no sentido oposto às intenções da FIM e Dorna.

 

Enquanto a Fórmula 1 analisa a proibição de desenvolver modelos de análise para o estudo de fluxos de ar em túneis de vento, com o propósito declarado de reduzir custos, a MotoGP inicia o processo inverso. A aerodinâmica em motos é uma ciência pouco desenvolvida. Procurar vantagens competitivas considerando todas as variáveis que uma moto pode assumir, como inclinação lateral em uma curva, deslocamento do centro de gravidade em função da mobilidade do piloto, movimento pendular do chassis em frenagens e retomadas de velocidade e roda traseira deslizando lateralmente é uma tarefa complicada. 

 

Dorna e FIM estão reféns de seus próprios regulamentos, qualquer movimento para banir os apêndices aerodinâmicos necessita da aprovação unânime dos construtores. As alternativas para justificar uma proibição unilateral seriam demandas de segurança, entretanto os fabricantes alegam que estas questões estão adequadamente endereçadas, embora ainda não exista um procedimento de testes abrangente que comprove a ausência total de risco.

 

Se houver uma indicação inequívoca que as “winglets” possam oferecer algum tipo de perigo, a Dorna tem o direito (e obrigação) de impor uma proibição imediata.

 

Publicado no site  www.autoracing.com.br em 23/03/2016


segunda-feira, 21 de março de 2016

MotoGP - Temporada 2016 Fora das Pistas


O Regulamento Geral das Competições do MotoGP para 2016 incluiu uma série de controles para evitar, nesta temporada, os fatos ocorridos no final de 2015. Existem regras rígidas condicionando o comportamento de equipes e pilotos, penalizações por declarações à imprensa, ausência em encontros promovidos pelos organizadores e/ou patrocinadores e outros procedimentos que que possam prejudicar o campeonato.

 A abertura da temporada foi no último domingo e os resultados na pista não foram muito diferentes do ano anterior, a corrida foi empolgante, três equipes com equipamentos diferentes no pódio prenunciam um campeonato muito disputado.

 Entretanto, o comportamento dos envolvidos na programação que antecedeu o início da prova evidenciou que os acontecimentos do final do ano passado ainda não foram digeridos, o mal estar entre os pilotos é evidente, embora comentários mais incisivos tenham sido evitados.

 As notícias tornadas públicas durante a semana também não colaboraram. A Tech 3, satélite da Yamaha, comunicou aos seus dois pilotos, Bradley Smith e Pol Spargaro, que o contrato não seria renovado no final do ano. Segundo o gestor, o principal objetivo da equipe é descobrir e lapidar jovens talentos para a Yamaha e ambos já não se enquadram neste perfil. Houve quem interpretasse neste fato a busca pela fábrica japonesa para reposição dos atuais pilotos em 2019. Em tempo, Bradley Smith já garantiu um lugar para o biênio 2017/2018 a bordo de uma KTM, a tradicional fabricante austríaca que já participa das categorias de acesso está desenvolvendo um projeto para a MotoGP.

 Durante os treinos do GP de abertura da temporada foi divulgada a notícia de que Valentino Rossi havia renovado contrato para 2017/2018. O fato em si não é revestido de muito simbolismo, até porque 19 dos 21 pilotos inscritos nesta temporada têm seus contratos encerrados no final do ano. Lin Jarvis, manager da Yamaha, informou que Rossi e Lorenzo receberam ofertas ao mesmo tempo, Rossi aceitou imediatamente e Lorenzo ainda não se decidiu. Jarvis diz que ofereceu a Lorenzo o melhor contrato da sua vida e visualiza as digitais da Ducati nesta indecisão. A evolução da Desmosedici atual é um argumento atrativo e Lorenzo já havia sido sondado pela equipe italiana em outras oportunidades. Os pilotos da Ducati são competitivos, porém inadequados para as aspirações da empresa, agora controlada pelo Grupo Audi, como mostrou a inexplicável queda de Andrea Ianone no Qatar.

 Aspectos comerciais à parte, a renovação de Valentino Rossi com a Yamaha proporcionou mais combustível para a fogueira de vaidades entre os dois colegas de equipe. Valentino afirmou em entrevista à imprensa que tem certeza que Lorenzo fica na Yamaha porque, segundo suas palavras, “Precisa ter colhões para trocar de equipe”. A resposta veio no mesmo tom, “Para ele foi fácil decidir, não tem nenhuma outra opção” referindo-se ao fato do multicampeão não ser atualmente bem-vindo na Honda e Ducati.   

 
Rossi e Lorenzo na Press Conference deLosail, 2016
 Mesmo depois da vitória, o comportamento de Lorenzo foi alvo de críticas. Em duas oportunidades durante as comemorações, quando trouxe sua moto para o parque fechado e quando foi chamado ao pódio, o atual campeão apontou para algumas pessoas não capturadas pela transmissão de TV da Dorna e fez o sinal característico de “Calem a boca”, com um gesto de fechar o zíper sobre os lábios. Pode ter sido apenas uma manifestação de desabafo, muitos interpretaram como pura provocação. 

 Depois de quase quatro meses, o fascínio pela velocidade está de volta. O clima dos bastidores, entretanto, não arrefeceu. Valentino Rossi está convencido que o título do ano passado de Jorge Lorenzo foi injusto e continua acusando Marc Márquez de participar de um conluio espanhol, na entrevista conjunta antes da prova no Qatar o desconforto entre ambos ficou evidente. Nos testes e tomadas de tempo antes da prova no circuito de Losail, qualquer observador em trânsito pelos boxes da Yamaha percebeu que Rossi e Lorenzo já não falam a mesma língua. O companheirismo que existia na equipe Yamaha cedeu lugar para uma convivência forçada. Neste clima, pesado nos bastidores e sob o olhar atendo dos organizadores, começou a temporada 2016 do MotoGP.


Publicado no site  www.autoracing.com.br em 22/03/2016

sábado, 19 de março de 2016

MotoGP - Nada Será Como Antes




A relação entre Valentino Rossi e Jorge Lorenzo ainda está estremecida. Neste fim de semana, em declarações para a imprensa depois dos treinos para a corrida de abertura da temporada, ambos foram questionados sobre planos para 2017. Lorenzo comentou que a decisão de Rossi para renovar seu contrato com a Yamaha era mais fácil, uma vez que ele não tinha outras opções. Rossi respondeu que não acreditava nas notícias de uma possível mudança do atual campeão para a Ducati: “é necessário ter colhões para mudar de equipe, ele permanecerá na Yamaha”.

Houve um pequeno incidente entre os dois s no decorrer dos treinos que antecederam a primeira prova da temporada no Qatar, quando saia do pit Lorenzo não percebeu que Valentino acelerava pela reta e ficou com a tomada de curva comprometida, o italiano agitou o braço acintosamente reclamando do companheiro de equipe, que não aceitou a atitude e demonstrou descontentamento. A discussão continuou quando a tomada de tempos terminou e ambos alinharam suas motos para ensaiar uma largada.

“Ele saiu do pit lane sem olhar para a pista e quando chegou à primeira curva tentou reduzir, mas eu já estava iniciando o contorno e quase colidimos” - explicou Rossi. “O problema é que eu perguntei 'por quê?', esperando um pedido de desculpas e ele respondeu com um olhar raivoso”.

No mesmo evento Lorenzo - que já recebeu uma oferta de renovação de contrato com a Yamaha – disse estar confuso sobre a razão que deixou Rossi apareceu tão agitado pelo incidente:

 “Na minha opinião ele não tinha nenhum motivo para reclamar. Todo mundo sabe que quando você sai dos boxes não pode parar [completamente] para que os outros passem. A única coisa que poderia ter feito é ficar na área limitada pela linha branca, e eu fiquei. O que mais ele queria, que eu fosse para o cascalho? Se está irritado comigo, não consigo ver o motivo, vocês tem que perguntar para ele” respondeu o atual campeão do mundo.
 
Rossi & Lorenzo - Tomada de Tempos na Qatar

 
Entretanto Rossi lembra-se claramente de um incidente semelhante ocorrido em Misano na temporada passada. “Na qualificação em Misano aconteceu exatamente igual, só que lá o erro foi meu. Ele reclamou muito contrariado e resultou que fui penalizado com um ponto. Não acredito que tenham mencionado qualquer punição para ele hoje. Eu não vou à direção de prova exigir um ponto para ele, mas procurei Mike Webb [Diretor da Corrida] e perguntei por que lá eu fui penalizado e aqui ele não! Não que isto seja um grande problema, mas não lhe atribuíram um ponto.”

Um ponto de penalidade teve enormes implicâncias para Rossi na disputa do título em 2015. Somados aos três que recebeu devido ao incidente com Marc Márquez em Sepang resultaram na largada no final do grid da prova decisiva de Valência.

Lorenzo larga na primeira posição no grande prêmio do Qatar, estabelecendo o recorde de 36 poles em provas da MotoGP. Rossi qualificou-se em quinto lugar, 0.272s mais lento. "Top Five não é tão ruim. Sinto que posso melhorar amanhã e a diferença não é tão grande. Estou feliz saindo na segunda fila porque posso estabelecer um bom ritmo para a corrida.” “Aliás, tem um grande número de pilotos que apresentaram uma ritmo bom hoje. Marc Márquez mostrou que tem equipamento para brigar pela ponta, inclusive foi muito rápido na FP4 (Free Practice), mas Lorenzo, Vinales e as Ducatis também estão bem.”

Sobre a surpresa do anúncio antecipado de seu novo contrato de dois anos com a Yamaha, o piloto italiano comentou: “Conversamos com a Yamaha após o teste ontem. Eles disseram que ficariam felizes se eu continuasse, eu quero continuar, o contrato já estava pronto, então por que esperar!”

Rossi, que venceu a corrida do Qatar do ano passado liderou a contagem de pontos até a prova final em Valência, disse que está 90% certo de que ele será seu último contrato de MotoGP.
 

terça-feira, 15 de março de 2016

MotoGP - Anjos ou Demônios



A temporada da Fórmula 1 de 1994 foi marcada por fatos trágicos e constrangedores. No GP de San Marino acidentes resultaram nos óbitos de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger (no treino classificatório) e a última prova da temporada iniciou com uma tênue vantagem de 1 ponto de Michael Schumacher da Benetton sobre Damon Hill da Williams. Na volta 36 da corrida Hill posicionou seu carro para ultrapassar a Benetton e foi abalroado pelo alemão, ambos abandonaram a prova e Schumacher conquistou seu primeiro campeonato mundial.
Schumacher reprisou o mesmo papel na prova de encerramento da temporada de 1997. A exemplo de três anos antes, alinhou sua Ferrari no grid de largada com um ponto a mais que Jacques Villeneuve com uma Williams. Estava sendo ultrapassado na volta 46 quando mudou a trajetória de seu carro para atingir o canadense. Desta vez não funcionou, Schumacher ficou fora da corrida e Villeneuve sagrou-se campeão do mundo chegando em segundo lugar.
A história do mais laureado piloto de Fórmula 1 de todos os tempos contempla outros procedimentos não ortodoxos, como no GP da Áustria em 2002, considerado por muitos o dia em que a Fórmula 1 abdicou de ser um esporte para ser um negócio. Na ocasião Rubens Barrichello acintosamente cedeu a vitória para o alemão a poucos metros da bandeirada final. Ainda não haviam gravações dos rádios das equipes, mas evidentemente foi uma decisão gerencial. A mesma Ferrari no GP da Alemanha de 2010 escancarou sua estratégia de tentar emplacar Alonso ao mandar um recado não cifrado para Felipe Massa na pista: “Fernando is faster than you”.
A história da Fórmula 1 é prodiga em acontecimentos classificados por locutores e comentaristas como “profundamente lamentáveis”. No GP do Estoril em 1989 Nigel Mansell realizou uma manobra proibida no pit lane e, no retorno à pista, recebeu bandeira preta. O britânico alega não ter visto a sinalização por três voltas e acabou colidindo com Ayrton Senna, eliminando-o da corrida. O beneficiado foi Alain Prost, colega de Senna na McLaren e com contrato assinado com a Ferrari, onde seria colega de Mansell. No mesmo ano, no GP do Japão Senna e Prost bateram na entrada da chicane antes da reta dos boxes, a desclassificação de Senna deu o título mundial para Prost. O troco veio no ano seguinte, no mesmo cenário Senna tinha vantagem em pontos e chocou-se com a roda traseira da Ferrari de Prost tirando os dois da prova e garantindo o título.
Ayrton Senna e Nelson Piquet tinham personalidades opostas fora das pistas. Os dois tricampeões da Fórmula 1 brasileiros competiram juntos durante cinco anos na categoria. Na época os comentários eram de que Nelson Piquet respeitava o equipamento, se tivesse um carro para chegar entre os três primeiros, com certeza estaria no pódio. Ayrton Senna pensava diferente, independente das condições do carro seu único objetivo era a vitória e não economizava arrojo, audácia e atitudes que nem sempre primavam pela esportividade. Piquet utilizou diversos procedimentos não ortodoxos para obter vantagens indevidas, a mais conhecida foi concebida em 1982 em conjunto com Gordon Murray, então projetista da Brabham. O regulamento da época previa um peso mínimo para o carro e os dois criaram um sistema de arrefecimento de freios usando água. O carro era equipado com um reservatório de vinte litros, em tese para resfriar os freios durante a corrida, nas primeiras voltas Piquet esvaziava o tanque abrindo um registro e ficava com um carro 20 kg mais leve.
A MotoGP não é isenta de manobras, algumas nem sempre inocentes. Na decisão do mundial de 2013, em Valência, até um quinto lugar garantiria o título para o estreante Marc Márquez. O outro postulante, Jorge Lorenzo, utilizou uma fórmula criativa, seu plano foi assumir a liderança e, nos trechos de baixa velocidade do circuito, reduzir para provocar a compactação de competidores. Lorenzo imaginou que talvez a impetuosidade de Márquez o levasse a cometer alguma imprudência que pudesse tirá-lo da prova. Não funcionou. Em recente entrevista a um jornal italiano Valentino Rossi declarou que a acusação a Marc Márquez de prejudica-lo na Austrália para ajudar o conterrâneo Jorge Lorenzo foi uma tentativa de pedir a intervenção da Direção de Corridas, uma espécie de “Foro Privilegiado”, para evitar que outros competidores disputassem posições com eles nas corridas seguintes. O resultado foi o Incidente em Sepang, decisivo para a temporada de 2015.
Conhecido tanto pelo talento quanto por fazer de tudo por uma vitória, Rossi é, também, um dos pilotos mais odiados do circuito. Apesar do jeito extrovertido e engraçado, ele tem uma série de inimigos, que sempre o acusaram de ser ególatra e jogar sujo. Ele e Max Biaggi chegaram a trocar sopapos durante o pódio do GP da Catalunha, vencido por Rossi e com Biaggi em segundo. Rossi e Sete Gibernau são um caso clássico de amigos que passaram a se odiar devido à briga de egos. Rossi e o espanhol eram bons parceiros, no entanto a relação desandou após o GP do Catar de 2004, na ocasião, Valentino fez a pole com uma moto modificada para driblar a areia do circuito, Gibernau reclamou e a direção da prova penalizou o italiano para largar no final do grid. Após o episódio, Rossi acusou Gibernau de "jogo sujo" e rompeu relações com o amigo. Dono de dois títulos da maior categoria da motovelocidade, o australiano Casey Stoner foi outro que colocou Valentino Rossi em sua lista de desafetos. O episódio mais marcante dessa briga aconteceu no GP de Laguna Seca de 2008, Stoner, o campeão à época foi derrubado por Rossi em uma manobra polêmica, que deu a vitória (e mais tarde o título da temporada) ao italiano. Após a corrida, o australiano se revoltou, reclamou que o traçado de Valentino na pista "desrespeitou todos os limites da lealdade" e disparou: "Perdi todo o respeito que tinha por ele". Três anos mais tarde, em outro incidente entre eles no GP de Jerez de La Frontera em 2011, Rossi tentou pedir desculpas e Stoner, que seria campeão na temporada, recusou, dizendo que o italiano havia deixado seu ego ultrapassar seu talento.
Marc Márquez é um fenômeno recente na MotoGP. Campeão em suas duas primeiras temporadas, ainda não tem tempo suficiente na categoria para colecionar muitos desafetos, entretanto o seu estilo arrojado o torna um piloto que considerado perigoso na pista. A agressividade com que conduz a sua Honda já causou vários acidentes envolvendo outros pilotos, nem Dani Pedrosa, seu companheiro de equipe foi poupado. A temporada de 2016 inicia já com dois desafetos declarados na pista, Márquez e Rossi não se falam.
Senna, Piquet, Mansell, Rossi, Prost, Schumacher, Villeneuve, Márquez e outros são pilotos reconhecidos e respeitados por sua habilidade e talento excepcionais. Entretanto são fundamentalmente pessoas, não entes superiores desprovidos dos sentimentos de vaidade, orgulho, inveja ou ira. É errado imaginar que, por desempenhar extraordinariamente bem uma função, estejam habilitados a ser referência de comportamento para qualquer situação.
Quando as luzes vermelhas se apagarem, no próximo dia 20, liberando os competidores para a largada de mais uma temporada de MotoGP, Valentino Rossi estará acelerando em busca de seu oitavo título mundial da principal categoria da motovelocidade, o mesmo número de seu compatriota, o recordista Giacomo Agostini. Marc Márquez, o mais jovem campeão de todos os tempos parte para consolidar sua biografia, fazer história e buscar sua terceira conquista. Jorge Lorenzo defende uma coroa que, embora contestada pela mídia italiana, é sua de fato e de direito e Dani Pedrosa quer, enfim, ver recompensado por vitórias e títulos o seu inegável talento. Todos os outros pilotos do grid procuram um lugar sob os holofotes para entrarem para o seleto rol de campeões da categoria mais importante do motociclismo esportivo.
A FIM e a Dorna, promotores da MotoGP, se aparelharam via o regulamento da competição, para manter as disputas dentro das pistas e evitar para o ambiente de animosidade criado no final do último campeonato.


Publicado no site  www.autoracing.com.br em 17/03/2016