A Honda aparenta estar convencida a buscar na aerodinâmica um modo de melhorar o desempenho das RC213V, no primeiro dia de testes no Qatar o equipamento utilizado pelo piloto Hiroshi Aoyama apareceu com um par de pequenas asas na carenagem. A localização é muito semelhante a utilizada pela Yamaha e Ducati, na parte inferior do nariz, porém as asas ou “winglets” da Honda são menores e muito mais anguladas. Os resultados ainda não puderam ser avaliados e, por enquanto, a novidade não foi utilizada pelos pilotos oficiais da fábrica.
A novidade da Honda coincidiu
com um desenvolvimento semelhante apresentado na Mahindra MGP03 nos testes da Moto3 em
Jerez. A Ducati, precursora desta novidade, alterou as asas da Desmosedici GP16,
o conjunto inferior desapareceu das máquinas de fábrica no Qatar, apenas o
conjunto superior foi mantido.
Os testes da Honda com
os “winglets” podem indicar que a MotoGP abriu uma caixa de Pandora que eventualmente
vai resultar em uma escalada de custos sem precedentes. A aerodinâmica é uma
área onde o maior investimento pode resultar em melhores resultados. Mais
dinheiro compra mais tempo de computador, mais programadores e melhores
recursos de modelagem computacional da dinâmica de fluidos. O exemplo da F1
indica que este caminho resulta em uma corrida armamentista, basicamente uma
briga de “cachorro grande” onde quem dispõem de mais recursos leva vantagem e,
neste particular, ninguém consegue competir com a Honda.
A MotoGP é uma
competição de protótipos e é natural que as fábricas invistam em pesquisa e
desenvolvimento para criar inovações que possam ser portadas para as motos industrializadas,
entretanto nos últimos anos a Dorna tem adotado uma política claramente
orientada para a redução de custos. Especificação congelada de motores, pacote
eletrônico unificado e outras restrições de regulamento foram realizadas com o
fim específico de permitir que equipes com orçamentos limitados possam
participar do grid de largada da MotoGP em condições de competir pela vitória.
A lógica de quem investe
em tecnologia não é tão simplista, as fábricas vão continuar a buscar inovações
para aplicar em seus produtos independentemente de regulamentos técnicos. Sempre
que as regras são alterados para evitar gastos em uma área particular, todo o
dinheiro que libera é apenas investido em outro problema. Uma equipe satélite pode
estar no MotoGP apenas para competir, as fábricas estão para desenvolver
tecnologia
Publicado no site www.autoracing.com.br em 03/03/2016
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