Última curva em Brno |
O circuito de Brno na República Tcheca tem uma topologia diferenciada
mesclando aclives e declives, neste cenário foi disputado o 3072º GP dos
mundiais da FIM no último domingo. Mais de 84 mil pessoas compareceram ao vivo para
acompanhar a décima etapa da temporada e assistiram a uma corrida muito
disputada. Com um terço da prova realizada um grupo compacto de onze pilotos competia
pela liderança, no final os três primeiros colocados foram separados por 0,378
segundos, a menor diferença registrada entre pilotos no pódio da MotoGP nos
últimos dez anos.
Este resultado não foi uma surpresa, Brno é um traçado concebido
para corridas de motos, a exemplo de Assen, Mugello e Phillip Island. Neste
tipo de pista a estratégia é tão importante quanto o ajuste do equipamento e o
talento do piloto.
A definição da prova só aconteceu nas últimas quatro voltas, com
o protagonismo de Dovizioso, Lorenzo e Márquez na luta pela liderança e de
Rossi e Crutchlow pela quarta colocação. Lorenzo tomou a segunda posição de Márquez faltando
três voltas para o final, em uma manobra oportunista em que ultrapassou também o
líder Dovizioso, porém perdeu linha ideal e permitiu que o italiano recuperasse
a posição. Com os três andando juntos foi possível visualizar a diferença de
comportamento os equipamentos Ducati e Honda, no plano ou declives Márquez
encostava nas Ducati e nos trechos em subida o motor da moto italiana falava
mais alto. Pela ótica do helicóptero, a diferença entre eles parecia uma
sanfona abrindo e fechando.
Quem acompanhou a prova percebeu uma nova postura de Marc
Márquez, mais preocupado com o campeonato que em colecionar mais uma vitória para
suas estatísticas. Considerando os pontos já acumulados, com 4 segundos lugares
e 5 terceiros o atual campeão só perderia o título se Rossi, que não ainda não
venceu nesta temporada, enfileirasse 9 triunfos consecutivos. Em tempo, o
espanhol esteve em oito pódios nas dez provas desta temporada.
O ambiente não está nada bom nos boxes da Yamaha, embora lidere
o mundial por equipes com 3 pontos de vantagem sobre a Honda. Brno foi a 20ª
corrida sucessiva sem vitórias, a equipe está muito próxima de seu recorde
anterior de abstinência, 22 corridas entre 1997 e 1998. Rossi até lutou por um
lugar no pódio, mas seu equipamento não permitiu por causa das dificuldades de
sempre, desgaste excessivo de pneus e falta de aceleração. Seu colega Maverick
Vinales, que foi envolvido em um múltiplo acidente e abandonou na primeira
volta, ele e seu engenheiro chefe já não falam o mesmo idioma. O espanhol
anunciou na sexta-feira passada que Ramon Forcada não continuará comandando seu
box na próxima temporada, Esteban Garcia, atualmente na KTM, será seu novo
chefe de mecânicos.
O fim de semana de Vinales só não foi mais complicado que o
completo desastre que se abateu sobre a KTM. Sem contar com o piloto de testes
Mika Kallio, afastado por conta de lesões, perdeu Pol Espargaró em um acidente
que resultou na fratura de uma das suas clavículas no warm up. Bradley Smith não
conseguiu utilizar o novo motor com o sentido do eixo de manivelas invertido, que
durante os testes oficiais, apresentou quatro problemas diferentes. A equipe
decidiu equipar a moto com o motor antigo por razões de confiabilidade (a KTM tem
esta liberdade porque está no regime de concessões). Apesar de todo o esforço
dos mecânicos, Bradley não chegou a concluir a primeira volta, envolvido por um
múltiplo acidente no início da corrida. A lesão de Espargaró deixa a KTM sem
tempo para encontrar um substituto para a sua corrida caseira no próximo fim de
semana. O projeto da KTM RC16 que alternou altos e baixos nos dois anos da sua
vida, em Brno amargou seu pior resultado.
No cômputo final entre os melhores colocados, a Ducati colocou
seus pilotos nas duas primeiras e na sexta posição, a Honda em terceiro e
quinto, e a Yamaha no quarto lugar. Três Ducati, duas Honda e uma Yamaha é um
resultado que de certa forma espelha o sentimento que no momento atual o melhor
equipamento nas pistas é a GP18 da Ducati, seguida da RC213V da Honda e da M1da
Yamaha.
Pilotos de equipes oficiais ocuparam as quatro primeiras
posições, o quinto e o sexto colocados, embora de equipes independentes, utilizam
desenvolvimentos das versões 2018 de fábrica. A solicitação de Cal Crutchlow de
equipar sua RC213V com o braço oscilante de fibra de carbono, já utilizado por
Márquez e Pedrosa, deve ser atendida nas próximas provas. Com esta alteração o
britânico acredita que seu chassi fique mais flexível e proporcione condições
para obter melhores resultados.
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