Red Bull Ring - 2018 |
O mundo em que vivemos foi moldado por uma evolução cultural que tem suas origens na primeira metade do século XX, quando cientistas do Bell Labs e de outras instituições desenvolveram um novo ramo da ciência conhecido como Tecnologia da Informação (TI). Originalmente concebida para endereçar alguns problemas triviais das telecomunicações da época, como por exemplo, maximizar o número de conversas telefônicas simultâneas em um único fio de cobre, a TI evoluiu para muito além de suas raízes e hoje é a responsável pelas maiores mudanças já ocorridas nos hábitos de vida dos indivíduos. Uma das premissas básicas da TI é que a informação reside no inesperado. O aprendizado acontece quando encontramos algum resultado que não que não havia sido previsto. Um fluxo de dados previsível não contém informações porque não pode descrever nada que já não saibamos.
Existem
GPs no calendário do mundial da FIM em que em tese deveriam monótonos, com
resultados previsíveis. Por exemplo, no Circuito das Américas e em Sachsenring
as disputas são pela segunda colocação, o primeiro lugar é uma exclusividade de
Marc Márquez nos últimos anos. Da mesma forma, no GP da Áustria a vitória de um
equipamento Ducati é considerada normal. O Red Bull Ring é o circuito mais
veloz do calendário, tem um layout relativamente simples com retas conectadas
por curvas à direita e um miolo com um longo contorno à esquerda, distribuídas
em um desnível de 65m. São características extremamente favoráveis aos
protótipos GP18.
Uma
vitória em um GP depende de diversos fatores, estratégia, potência do motor,
flexibilidade do quadro, adequação de pneus, gerenciamento de consumo e talento
do condutor. A Ducati GP 18 é um equipamento que se adapta extraordinariamente
bem ao traçado da Áustria, os pilotos são competentes e foi uma surpresa na formação
do grid de largada a pole da Honda de Marc Márquez, com uma diferença ínfima
(0,002seg) em relação às Ducati de Andrea Dovizioso e (0,123seg) de Jorge
Lorenzo.
A
história do GP da Áustria de foi um “déjà vu” da prova de 2017, com Lorenzo no
lugar de Dovizioso. A emoção nesta etapa também ficou por conta dos
equipamentos Ducati e Honda, que batalharam pela liderança literalmente até a
última curva.
O
clima colaborou, 27° de temperatura ambiente, 41% de umidade do e o piso com
43°. O desenrolar da corrida com várias ultrapassagens fez a alegria dos
fotógrafos. No primeiro terço da prova os três pilotos que largaram na primeira
fila andaram muito próximos, Crutchlow, Rins e Danilo Petrucci um pouco mais
atrás e o resto do grid não muito afastado. Valentino Rossi, que enfrentou
diversos problemas nas tomadas de tempo e largou muito atrás, fez uma prova de
recuperação com várias ultrapassagens. Pedrosa e Maverick Vinales perderam
terreno como tem acontecido nas últimas provas.
Durante
algum tempo houve uma perseguição insana de Dovi no encalço de Lorenzo, com o
piloto espanhol adotando com sucesso uma técnica de direção defensiva. Desta
vez o box da Ducati não se manifestou, não houve nenhuma sugestão de “Mapping
8”.
Os
três líderes haviam optado por escolhas diferentes de pneus, Márquez com médio
e hard, Lorenzo com os dois soft e Dovi calçando médios. Faltando sete voltas o
“ménage à trois” virou um “pas de deux” com Dovi preferindo garantir o pódio e
deixando a disputa para Lorenzo e Márquez. As voltas finais explicam porque o
Red Bull Ring é conhecido como a Terra da Ducati, nas longas retas e subidas
Lorenzo era mais rápido, no miolo a agilidade da Honda compensava e os dois
futuros colegas de equipe levaram a indefinição do vencedor literalmente até a
última curva, com a vitória de Lorenzo.
A
classificação final apresentou entre os seis primeiros três Ducati, duas Honda
e uma Yamaha. Dovizioso terminou um solitário terceiro, sete segundos à frente
de Crutchlow. Petrucci chegou em quinto, seguido de Rossi que fez um trabalho
excelente de recuperação tendo iniciado na décima quarta posição. Maverick
Vinales estava muito decepcionado com sua décima segunda colocação, duas
posições atrás da Yamaha versão 2017 de Johann Zarco, que viu reduzido o apoio
do fabricante depois da Tech3 notificar o encerramento da parceria com os
japoneses e mudar para a KTM. O GP da Áustria completou vinte e três etapas sem
vitória de uma moto Yamaha.
Chega
a ser um paradoxo, GPs altamente disputados e o atual campeão com uma liderança
folgada nos pontos do mundial, 59 de vantagem sobre Rossi faltando 8 etapas
para o encerramento. Nas entrevistas os pilotos já reconhecem que é muito
difícil Márquez perder este campeonato e admitem apenas lutar pelo segundo
lugar, atualmente ocupado por Valentino Rossi, com 12 mais que Lorenzo e 13 em
relação a Dovizioso.
Um
campeonato à parte está sendo disputado pelos pilotos da equipe de Borgo
Panigale. Pela primeira vez, desde que se juntou à equipe, Lorenzo acumula mais
pontos, apenas 1, no mundial de pilotos sobre Dovizioso. Este fato talvez
explique a falta de entusiasmo do italiano no parque fechado e premiação no
pódio. De novo a torcida italiana gritou seu nome, ignorando a vitória foi do
espanhol.
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