Andrea Dovizioso & Jorge Lorenzo |
Jorge Lorenzo e Andrea Dovizioso iniciaram nos mundiais da FIA
praticamente juntos, a primeira temporada completa de ambos aconteceu na classe
125cc em 2002. Dovizioso estreou um pouco antes, em 2001, participando de uma
única prova isolada sem conseguir pontuar.
Os dois competiram na 125cc até 2004, Jorge pilotando uma Derbi
e Andrea com uma Honda. Nesta primeira etapa da carreira de ambos a vantagem do
italiano foi total, Dovi inclusive foi campeão em 2004. Os dois foram
promovidos para a classe 250cc em 2005 onde ficaram por três temporadas, o fiel
da balança inverteu em favor de Lorenzo, que conquistou os títulos de 2006 e
2007 tendo Dovi como vice.
Ambos migraram para a categoria principal em 2008, o espanhol
contratado pela equipe oficial da Yamaha para fazer sombra a Valentino Rossi e
o italiano como o único piloto de uma independente utilizando equipamento
Honda. A participação em uma equipe com muito mais recursos e bem melhor
estruturada garantiu a Jorge Lorenzo uma vantagem avassaladora até 2016,
conseguiu três títulos mundiais (2010, 2012 & 2015). A evolução de Andrea
Dovizioso foi mais variada, pilotou para a equipe de fábrica da Honda entre
2009 e 2011, mudou para uma Yamaha da independente Tech3 em 2012 e desde 2013 é
piloto oficial da Ducati. Em seu último ano na Honda participou da estranha
equipe de três pilotos montada para abrigar Casey Stoner, que ficou com o
título do ano, Lorenzo foi vice e Dovi terceiro.
Em 2017 tudo mudou. Contando com o suporte financeiro da Audi a
Ducati Corse apostou alto, aproveitando o péssimo ambiente estabelecido nos
boxes da Yamaha como resultado da falta de sintonia entre Valentino Rossi e o
espanhol, a equipe baseada em Borgo Panigale, Bolonha, contratou Jorge Lorenzo.
Um manager da marca italiana comentou na oportunidade que Lorenzo era um campeão
do mundo e tinha contrato já assinado de 10 milhões, a Ducati cobriu a oferta.
Os comentários que circularam, sem nenhuma confirmação oficial, foram que a
cifra era maior que 12 milhões de euros. Havia um problema óbvio, o contrato de
Dovizioso era 1/6 deste valor. A GP17, embora em uma versão muito superior à
dos anos anteriores, tinha um comportamento muito diverso da M1 que Lorenzo estava
acostumado e os resultados do espanhol foram decepcionantes. Os de Dovizioso,
entretanto, foram excelentes para a Ducati a ponto de um piloto da equipe
chegar à última corrida da temporada com possibilidades (remotíssimas) de
vencer o mundial. Dovi encerrou a temporada com 261 pontos, pouco menos que o
dobro dos 137 de Lorenzo. O relacionamento interno da equipe deteriorou quando
Lorenzo recusou obedecer uma ordem expressa dos boxes para permitir a
ultrapassagem do colega em Valência.
A vitória do italiano no primeiro GP de 2018
entornou o caldo de vez. Na prova seguinte, em Rio Hondo, Lorenzo declarou que
Dovizioso não perdia uma única oportunidade para tentar abater a sua moral na
equipe.
O histórico resultado da Ducati no GP da Itália, dobradinha
e primeira vitória de Lorenzo na equipe, serviu para potencializar as
diferenças. Algum tempo antes quando o contrato de Dovi foi renovado para o
biênio 2019/2020 houve um ruído na “Rádio Padock” sobre uma cláusula específica
que seus ganhos em hipótese nenhuma seriam inferiores aos de Lorenzo se
houvesse prorrogação do vínculo do espanhol. A informação é improvável, estes
números costumam ser guardados a sete chaves e são resultado de uma composição
de diversas fontes. No parque fechado depois da prova, a torcida italiana
deixou evidente a sua preferência, gritava pelo nome de Dovi, o segundo
colocado. Na prova seguinte, em Barcelona, o espanhol venceu de novo e declarou
no encontro obrigatório com a imprensa que não iria permanecer na equipe na
próxima temporada.
Antes da prova em Brno no retorno das férias de verão, que
terminou com uma dupla vitória da Ducati com Dovi em primeiro e Lorenzo em
segundo, houve uma guerra de entrevistas. Dovi declarou para o Marca,
publicação espanhola, que Lorenzo era incapaz de entender uma Ducati e seu modo
de pilotar não era apropriado para a GP18. A resposta veio no mesmo tom,
Lorenzo replicou que seu modo de trabalho já resultou em três mundiais, o do
companheiro conseguiu no máximo um segundo lugar. Em outra entrevista, ao
jornal castelhano AS, o espanhol garantiu que o atual colega de equipe se supervaloriza.
"Ele se acha melhor do que realmente é, porém em velocidade pura e talento
sempre esteve atrás de Rossi, Márquez, Lorenzo, inclusive de Pedrosa e Vinales.
Tem sorte que (Casey) Stoner e (Marco) Simoncelli não estão mais aqui, porque
também estaria atrás deles" completouf, citando o australiano que se
aposentou e o italiano, que morreu em 2011. Lorenzo ainda se disse cansado das
declarações do companheiro, lembrando que em momento de má fase, nunca deixou
de apoiar Dovizioso, a recíproca nunca aconteceu. "Quando, no ano passado
eu tinha dificuldades e ele vencia, ficava ali abaixo do pódio aplaudindo e
comemorando", garantiu.
Historicamente os resultados das carreiras de Lorenzo e
Dovizioso são muito diversos. Com um número muito semelhantes em GPs
disputados, o espanhol em 278 tem 67 vitórias e o italiano em 286 venceu apenas
19. Em 10 anos na categoria MotoGP Jorge conquistou 3 títulos, 3 segundos
lugares e 2 terceiras colocações, Andrea apenas um vice e um terceiro lugar.
Em total de pontos contando todas as categorias a vantagem também é de
Lorenzo, 3.889 contra 3.233. Na presente temporada ambos contabilizam duas
vitórias cada.
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