domingo, 5 de agosto de 2018

MotoGP - Jorge Lorenzo vs Andrea Dovizioso



Andrea Dovizioso & Jorge Lorenzo


Jorge Lorenzo e Andrea Dovizioso iniciaram nos mundiais da FIA praticamente juntos, a primeira temporada completa de ambos aconteceu na classe 125cc em 2002. Dovizioso estreou um pouco antes, em 2001, participando de uma única prova isolada sem conseguir pontuar. 
Os dois competiram na 125cc até 2004, Jorge pilotando uma Derbi e Andrea com uma Honda. Nesta primeira etapa da carreira de ambos a vantagem do italiano foi total, Dovi inclusive foi campeão em 2004. Os dois foram promovidos para a classe 250cc em 2005 onde ficaram por três temporadas, o fiel da balança inverteu em favor de Lorenzo, que conquistou os títulos de 2006 e 2007 tendo Dovi como vice.
Ambos migraram para a categoria principal em 2008, o espanhol contratado pela equipe oficial da Yamaha para fazer sombra a Valentino Rossi e o italiano como o único piloto de uma independente utilizando equipamento Honda. A participação em uma equipe com muito mais recursos e bem melhor estruturada garantiu a Jorge Lorenzo uma vantagem avassaladora até 2016, conseguiu três títulos mundiais (2010, 2012 & 2015). A evolução de Andrea Dovizioso foi mais variada, pilotou para a equipe de fábrica da Honda entre 2009 e 2011, mudou para uma Yamaha da independente Tech3 em 2012 e desde 2013 é piloto oficial da Ducati. Em seu último ano na Honda participou da estranha equipe de três pilotos montada para abrigar Casey Stoner, que ficou com o título do ano, Lorenzo foi vice e Dovi terceiro. 
Em 2017 tudo mudou. Contando com o suporte financeiro da Audi a Ducati Corse apostou alto, aproveitando o péssimo ambiente estabelecido nos boxes da Yamaha como resultado da falta de sintonia entre Valentino Rossi e o espanhol, a equipe baseada em Borgo Panigale, Bolonha, contratou Jorge Lorenzo. Um manager da marca italiana comentou na oportunidade que Lorenzo era um campeão do mundo e tinha contrato já assinado de 10 milhões, a Ducati cobriu a oferta. Os comentários que circularam, sem nenhuma confirmação oficial, foram que a cifra era maior que 12 milhões de euros. Havia um problema óbvio, o contrato de Dovizioso era 1/6 deste valor. A GP17, embora em uma versão muito superior à dos anos anteriores, tinha um comportamento muito diverso da M1 que Lorenzo estava acostumado e os resultados do espanhol foram decepcionantes. Os de Dovizioso, entretanto, foram excelentes para a Ducati a ponto de um piloto da equipe chegar à última corrida da temporada com possibilidades (remotíssimas) de vencer o mundial. Dovi encerrou a temporada com 261 pontos, pouco menos que o dobro dos 137 de Lorenzo. O relacionamento interno da equipe deteriorou quando Lorenzo recusou obedecer uma ordem expressa dos boxes para permitir a ultrapassagem do colega em Valência. 
A vitória do italiano no primeiro GP de 2018 entornou o caldo de vez. Na prova seguinte, em Rio Hondo, Lorenzo declarou que Dovizioso não perdia uma única oportunidade para tentar abater a sua moral na equipe.
O histórico resultado da Ducati no GP da Itália, dobradinha e primeira vitória de Lorenzo na equipe, serviu para potencializar as diferenças. Algum tempo antes quando o contrato de Dovi foi renovado para o biênio 2019/2020 houve um ruído na “Rádio Padock” sobre uma cláusula específica que seus ganhos em hipótese nenhuma seriam inferiores aos de Lorenzo se houvesse prorrogação do vínculo do espanhol. A informação é improvável, estes números costumam ser guardados a sete chaves e são resultado de uma composição de diversas fontes. No parque fechado depois da prova, a torcida italiana deixou evidente a sua preferência, gritava pelo nome de Dovi, o segundo colocado. Na prova seguinte, em Barcelona, o espanhol venceu de novo e declarou no encontro obrigatório com a imprensa que não iria permanecer na equipe na próxima temporada.
Antes da prova em Brno no retorno das férias de verão, que terminou com uma dupla vitória da Ducati com Dovi em primeiro e Lorenzo em segundo, houve uma guerra de entrevistas. Dovi declarou para o Marca, publicação espanhola, que Lorenzo era incapaz de entender uma Ducati e seu modo de pilotar não era apropriado para a GP18. A resposta veio no mesmo tom, Lorenzo replicou que seu modo de trabalho já resultou em três mundiais, o do companheiro conseguiu no máximo um segundo lugar. Em outra entrevista, ao jornal castelhano AS, o espanhol garantiu que o atual colega de equipe se supervaloriza. "Ele se acha melhor do que realmente é, porém em velocidade pura e talento sempre esteve atrás de Rossi, Márquez, Lorenzo, inclusive de Pedrosa e Vinales. Tem sorte que (Casey) Stoner e (Marco) Simoncelli não estão mais aqui, porque também estaria atrás deles" completouf, citando o australiano que se aposentou e o italiano, que morreu em 2011. Lorenzo ainda se disse cansado das declarações do companheiro, lembrando que em momento de má fase, nunca deixou de apoiar Dovizioso, a recíproca nunca aconteceu. "Quando, no ano passado eu tinha dificuldades e ele vencia, ficava ali abaixo do pódio aplaudindo e comemorando", garantiu.
Historicamente os resultados das carreiras de Lorenzo e Dovizioso são muito diversos. Com um número muito semelhantes em GPs disputados, o espanhol em 278 tem 67 vitórias e o italiano em 286 venceu apenas 19. Em 10 anos na categoria MotoGP Jorge conquistou 3 títulos, 3 segundos lugares e 2 terceiras colocações, Andrea apenas um vice e um terceiro lugar.  Em total de pontos contando todas as categorias a vantagem também é de Lorenzo, 3.889 contra 3.233. Na presente temporada ambos contabilizam duas vitórias cada.











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