“Antigo provérbio chinês: Se o cavalo vencer uma vez
pode ser sorte, se vencer duas pode ser coincidência, se vencer a terceira vez,
apostem no cavalo”
Maverick Vinales & Aleix Spargaro com a Suzuki GSX-RR |
O sucesso da Suzuki GSX-RR de Maverick Vinales nos dois dias de testes em novembro do ano passada no circuito de Valência foi atribuído ao fato da equipe ser egressa da classe Open e já ter experiência com o pacote eletrônico. Nos dois dias que marcaram também a troca do fornecedor exclusivo de pneus, o melhor tempo foi obtido pela Honda RC213V de Marc Márquez e Vinales ficou apenas 0.103s atrás. A Suzuki Aleix Espargaro, companheiro de equipe de Vinales, encerrou o período de testes 0.152s atrás do líder.
Depois do inverno europeu, as equipes se reuniram para três dias de
testes em Sepang no início de fevereiro, etapa que foi totalmente dominada pela
Yamaha M1 de Jorge Lorenzo e os resultados de Vinales não impressionaram.
A sequência dos testes pré-temporada em Phillip Island no meio de
fevereiro confirmou o desenvolvimento consistente da Suzuki, e Vinales
encerrou os três dias com o melhor tempo. O espanhol declarou na ocasião que
estava seguro que conseguiria obter um tempo ainda melhor, desejo que foi
abortado por uma queda que avariou o quadro da sua moto.
O terceiro e último teste foi programado para o
palco da abertura da temporada, o circuito de Losail no Qatar, e confirmou a
dupla Suzuki/Vinales como as revelações da pré-temporada, Vinales liderou os
tempos no dia dois e foi terceiro no dia três, meio segundo atrás de Lorenzo. A
GSX-RR, que durante todo o ano passado
sofreu com a falta de potência, está muito próxima das Ducati, Honda e Yamaha
em termos de velocidade final. Vinales está confortável com os pneus Michelin e o pacote eletrônico, a fábrica sediada em Hamamatsu no Japão melhorou o desempenho do motor e apresentou o seu desenvolvimento de uma
caixa de câmbio “seamless.” A desenvoltura de Vinales ainda não está sendo
acompanhada por seu companheiro de equipe, Aleix Spargaro, mas a equipe está
confiante que é só uma questão de tempo.
Suzuki e Aprilia são as duas equipes que, nesta temporada,
estão beneficiados com o regime de concessões previsto no regulamento. Um
fabricante é elegível ao regime de concessões se não obteve, cumulativamente à
temporada de 2015, 6 pontos de concessão em provas do campeonato com a pista seca. Os pontos
de concessão são contabilizados atribuindo 3 pontos para o primeiro colocado, 2
para o segundo e 1 para o terceiro. As equipes fora do regime de concessões
podem utilizar até 7 motores na temporada, o desenvolvimento é congelado a
partir da primeira prova e são permitidas até 5 datas para testes privados. As
fábricas enquadradas no regime de concessões podem utilizar até 9 motores por
temporada, o desenvolvimento é permitido (não congelado) e não há limites para
testes privados, lembrando que assim que a equipe obtenha resultados de pista
equivalentes a seis pontos de concessão as vantagens são canceladas.
Sem ter acesso à agenda das
fábricas para os períodos de testes é complicado formar um quadro geral baseado
unicamente nos resultados de pista. Se a única variável analisada for os tempos
por volta, na Yamaha Jorge Lorenzo sistematicamente obteve resultados melhores
que os de Valentino Rossi, embora o piloto italiano tenha anunciado duas vezes
que cabia a ele fazer o trabalho sujo, o
que quer que isto signifique. As motos oficiais da Ducati não impressionaram
nas três sessões deste ano, entretanto o britânico Scott Redding com uma Desmosedici GP15 da equipe
satélite Octo Pramac Yakhnich conseguiu um excelente resultado no Qatar, melhor
que as GP16 de fábrica. O bicampeão do mundo da Marc Marques alternou períodos
de euforia com profundo desânimo após ter reclamado muito de problemas de
retomada de velocidade nas saídas de curvas. O espanhol da Repsol Honda encerrou
o período de testes otimista, avaliando que pode brigar por uma posição do
pódio na prova de abertura, mas sua confiança não é tanta para o resto da
temporada porque o comportamento da RC213V depende muito do tipo de pista.
Seguindo o ensinamento dos chineses,
Maverick Vinales é uma boa aposta para estar no pódio nas primeiras provas de
2016. Para toda a temporada os prognósticos podem não ser tão otimistas, não há
como negar a capacidade da Yamaha de fornecer bons equipamentos para seus pilotos e o poder de recuperação da Honda. Marc Márquez confessou não estar otimista para
as provas das Termas do Rio Hondo (Argentina) e Austin, nos EUA, porém acredita
que a Honda possa fornecer a ele, Dani Pedrosa, e aos pilotos das satélites Cal
Crutchlow, Tito Rabat e Jack Miller um equipamento bem mais competitivo a partir
da prova de Jerez no final de abril.
Publicado no site www.autoracing.com.br em 14/03/2016
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