A mídia e as agências de
propaganda escolhem datas específicas para promover campanhas publicitárias direcionadas
para estimular o comércio. Alinhado com esta prática o mês de maio e é
conhecido como o mês das mães ou mês das noivas, conforme o nicho de mercado
que deve ser estimulado. Para os que kde automobilismo o último domingo de maio
tem um significado especial, é a data programada para a realização de duas das
principais provas de automobilismo esportivo que, junto com as 24 Horas de Le
Mans, fazem parte do que se convencionou chamar de “Tríplice Coroa”, as icônicas
500 Milhas de Indianápolis e o GP de Mônaco de Fórmula 1.
A edição nº 102 das 500
milhas de Indianápolis será disputada dia 27 de maio como a sexta etapa do
calendário de 2018 da IndyCar Series. Será realizada no tradicional circuito
oval Indianapolis Motor Speedway, localizado em Speedway, um enclave de Indianápolis
no estado de Indiana, USA. O novo pacote aerodinâmico universal e a redução nos
custos implementados este ano resultaram em um número de inscritos que excede a
capacidade da pista (33) exigindo a realização do chamado Bump Day, que classifica
os carros mais velozes e elimina os excedentes. O regulamento da Indy 500 qualifica
o carro, não o piloto, e não é raro que um condutor na classificação seja
substituído para competir na prova.
Vitória de Fittipaldi em 1989 |
As 500 Milhas têm um
apelo especial para o público tupiniquim, inexistente na Fórmula 1, a presença
de pilotos brasileiros no grid de largada. O baiano Tony Kanaan e o gaúcho Matheus
Leist estão inscritos pela equipe A.J. Foyt, o paulista Hélio Castroneves
compete pela Penske. Pietro Fittipaldi foi
inscrito para correr pela equipe Dale Coyne, porém seu acidente nos testes que
antecederam a corrida de Endurance em Spa o afastou temporariamente das pistas.
A bandeira do Brasil já tremulou no ponto mais alto do pódio do Indianápolis
Speedway em 7 oportunidades, a primeira e m 1989 com Emerson Fittipaldi e a última
em 2013 com Tony Kanaan. Hélio Castroneves é o brasileiro com maior número de
vitórias, conquistadas nas edições de 2001, 2002 e 2009, Emerson venceu duas
vezes (1989 e 1993), Kanaan (2013) e Gil de Ferran (2003) uma vez cada.
As 500 milhas têm na
presença de pilotos do sexo feminino outra característica ausente na F1. Este ano
estão inscritas a norte-americana Danica Patrick e a britânica Pippa Man. Danica,
de 36 anos, estreou na 89º edição Indy em 2005 e, ao classificar-se em 4º lugar,
conquistou o prêmio de Rookie do Ano. Nesta mesma edição, após 19 das 200
voltas, ela se tornou a primeira mulher a liderar uma prova no oval de Indianápolis.
Em 2008 ela obteve a sua primeira vitória na IndyCar Series, no Indy Japan 300
e no ano seguinte foi o primeiro piloto do sexo feminino a subir no pódio nas
500 Milhas, completou a corrida em terceiro lugar. Nos últimos anos passou a
disputar paralelamente a NASCAR Nationwide Series.
Philippa Mann, mais conhecida como Pippa Man,
é uma londrina de 34 anos que fez carreira a partir de 2003 pilotando na Fórmula
Renault britânica, passou para a Indy Lights em 2009 e desde 2011 compete na IndyCar
series. Já contabiliza 7 participações em edições das 500 Milhas. Seu
desempenho na prova nunca foi espetacular, a melhor colocação em todos estes
anos foi na última prova (2017) quando se classificou em 17º lugar.
Glamour é a definição
mais apropriada para o GP de Mônaco de Fórmula 1. O traçado do circuito,
utilizando as vias urbanas do principado de Mônaco é anacrônico, não comporta
um GP de F1 e só sobrevive na história graças à tradição, seu irresistível
charme e poderosos interesses econômicos.
Uma rara combinação de
condução precisa, excelência técnica e muita coragem são as características
necessárias para vencer em Monte Carlo, detalhes que acentuam a diferença entre
bons pilotos e os gênios da Fórmula 1. O circuito não deixa nenhuma margem de
erro, exige muito dos freios e demanda uma concentração sem paralelo em outras
pistas da categoria. As ultrapassagens são virtualmente impossíveis, a posição
de largada é a mais crítica entre todos os outros circuitos. O lendário Ayrton
Senna é o maior vencedor em Monte Carlo com 6 vitórias.
Talvez a imagem mais representativa do GP de Mônaco
possa ser espelhada na prova de 1992, a Williams de Nigel Mansell tinha um
desempenho nitidamente superior à McLaren de Ayrton Senna e, durante a prova
conseguiu abrir uma diferença de mais de 30 segundos. A análise comparativa do
desempenho dos dois pilotos podia ser visualizada nas câmeras onboard, o brasileiro tinha um trabalho
insano para manter seu carro na pista e o inglês uma condução tão tranquila que
parecia estar em um passeio dominical. A classificação do campeonato era uma
prova inconteste da superioridade do britânico, cinco vitórias, enquanto o
representante tupiniquim registrava apenas dois terceiros lugares.
Senna & Mansell em Mônaco (1992) |
Na classificação para o grid de largada as duas
Williams ficaram naturalmente com a primeira fila e Senna com a terceira
colocação. Na largada Senna conseguiu ultrapassar a Williams de Ricardo Patrese,
ficando atrás de Mansell. O britânico desapareceu na frente e já festejava a
vitória quando o imponderável aconteceu, na volta 70 o pneu traseiro esquerdo
da Williams esvaziou, Mansell foi para os boxes e Senna assumiu a liderança.
Pilotando como um alucinado o britânico encostou na traseira da McLaren
faltando cinco voltas. Ele tentou ultrapassar Senna em todas as 18 curvas do
circuito tentando induzir o líder a um erro, porque Mônaco simplesmente não tem
pontos de ultrapassagem. Ayrton Senna conquistou
sua quinta vitória em Monte Carlo com um carro que jamais teria condições de
vencer aquela prova. Após o encerramento, Mansell declarou as repórteres que
cobriam a corrida que nunca conseguiria ultrapassar Senna se ele não errasse, e
Senna não errou.
O
último domingo de maio deste ano promete uma disputa acirrada no oval de
Indianápolis, as emoções da Fórmula 1 devem ficar restritas aos artificialismos
introduzidos para facilitar a troca de posições na pista como as mudanças obrigatórias
de pneus ou a inconstância do clima. Em condições normais, em Mônaco, não devem
surgir ultrapassagens entre os líderes na pista.
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