Valentino Rossi no Motocross |
Em 31/agosto, durante um treino com uma moto de
enduro na localidade de Parchiule, próxima de Tavulia onde fica o complexo
esportivo de propriedade de Valentino Rossi, o piloto italiano sofreu um
acidente que resultou em fratura da tíbia e da fíbula, lesão semelhante a que
sofreu nos treinos que antecederam a prova de Mugello em 2010. O acidente arquivou temporariamente a
principal meta do italiano, de ser de fato e de direito o piloto mais vitorioso
de todos os tempos no motociclismo esportivo. Ele está muito próximo.
Existe um consenso mundial que Valentino Rossi é o
maior nome do esporte nos dias atuais. Nenhum outro reúne as condições de
longevidade (disputou a primeira prova em 1996 na classe 125cc) e obteve tanto
sucesso (9 títulos mundiais, 115 vitórias, 226 pódios, 64 poles e 95 voltas
mais rápidas), seus números não podem ser superados por qualquer piloto em
atividade nos próximos anos. Desde a sua estreia na MotoGP em 2000, ninguém fez
mais que ele pelo esporte em termos de divulgação e espetáculo.
Este acidente remete a lembranças de um evento
semelhante ocorrido em Mugello, que pode ser interpretado como um ponto de
inflexão na carreira do italiano. Após dois campeonatos, 2008 e 2009, em 2010
era um forte concorrente para o terceiro título seguido até o acidente na
quarta etapa da temporada, ficou fora por quatro provas e permitiu a ascensão
de Jorge Lorenzo. Depois desta ocorrência a carreira de Valentino continua
vitoriosa, mas não recuperou mesmo brilho, a média de 8 vitórias por temporada
obtida entre 2002 e 2009 nunca foi igualada.
O Dr. Raffaele Pascarella, médico que supervisionou
a cirurgia para reconstruir a perna traumatizada acredita que Rossi vai
precisar de 30 a 40 dias de recuperação antes de voltar a pilotar uma moto. O
médico descreveu que a fratura como complicada, mas está confiante quanto a sua
total recuperação. Supondo que todos os prognósticos otimistas sejam
comprovados, o piloto deve estar ausente dos GPs de San Marino (Misano) e
Aragon, devendo retornar ainda sem as condições ideais no GP do Japão de em 15
de outubro.
A força de vontade dos pilotos da MotoGP não é
semelhante às pessoas normais, em 2013 Jorge Lorenzo estava disputando a
liderança do campeonato com Dani Pedrosa e sofreu um acidente nos treinos
iniciais de sexta-feira do GP da Holanda em Assen, sofreu uma fratura da
clavícula. Transferido para Barcelona foi operado no sábado, de volta ao
circuito e entupido de analgésicos alinhou para a largada no domingo.
Classificou-se em quinto lugar.
Os argumentos que a idade de Valentino seja um fator
importante que possa limitar a sua capacidade não encontra respaldo nos fatos.
Alguns dos pilotos que participam de competições bem mais estressantes como as
do Duke Road Racing Rankings, que inclui os GPs Isle of Man TT, North West 200
e Ulster Grand Prix são mais longevos, John McGuinnes por exemplo, o
multicampeão de provas TT (Turist Trouphy) e piloto da equipe oficial Honda tem
45 anos de idade.
A temporada de 2016 da MotoGP foi atípica. Os
organizadores patrocinaram uma radicalização do regulamento buscando nivelar a
competitividade, obrigando todos as equipes a utilizarem um pacote eletrônico
padronizado. Yamaha e Honda criticaram as mudanças, especialmente o uso
coercitivo do software Magneti-Marelli, classificando-o como uma regressão
tecnológica de mais de 10 anos. O fornecedor exclusivo de pneus também mudou, a
japonesa Bridgestone foi substituída pela Michelin. Os resultados da temporada
provaram o acerto inicial destas medidas, nas 89 etapas disputadas entre 2011 e
2015, em uma única oportunidade a vitória não ficou restrita às equipes de
fábrica da Yamaha e Honda (Ben Spies na Holanda em 2011). Com o novo
regulamento as 18 etapas do campeonato apresentaram 9 vencedores diferentes,
incluindo pilotos das 4 equipes oficiais (Honda, Yamaha, Ducati & Suzuki) e
2 de satélites (Cal Crutchlow da LCR e Jack Miller da Marc VDS). O objetivo de
proporcionar um nível maior de disputas no campeonato só não foi totalmente
alcançado porque com uma performance excepcional Marc Márquez garantiu o título
faltando três etapas para o final. Neste ambiente, Valentino Rossi conseguiu
mais duas vitórias totalizando 114, restando 8 para igualar o recorde de
Agostini, o maior vencedor de todos os tempos.
Até a 12ª etapa do campeonato de 2017 as vitórias
estão concentradas nas três principais equipes oficiais, Ducati, Honda e
Yamaha, com 4 cada. Isto pode ser interpretado como depois de um ano onde tudo
era novidade, organizações com orçamentos mais generosos voltam a ter pequena
vantagem. Rossi somou mais uma vitória e está na disputa do título, seu oitavo
na classe principal que igualaria ao número dos obtidos por Agostini. Estes
planos estão temporariamente arquivados.
Apesar de restritos por um regulamento único, os
diferentes protótipos da MotoGP têm personalidade própria. A Honda RC213V foi
originalmente projetada para aproveitar ao máximo o extraordinário grip dos
pneus dianteiros da Bridgestone e tem uma capacidade brutal de frenagem, a
Ducati GP17 busca transferir a máxima potência e a Yamaha M1 desenvolveu um
conjunto equilibrado, adequado para estilo de seus pilotos. A equipe está
experimentando dificuldades com a durabilidade dos pneus traseiros, como
chassis e a aerodinâmica são os únicos pontos que o regulamento permite trabalhar,
a experiência de Valentino é importante para identificar e sanar este problema.
A sua ausência em duas, talvez mais etapas, é uma dificuldade adicional para a
equipe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário