quinta-feira, 24 de agosto de 2017

A Caravana da MotoGP





Não é apenas acomodar em um veículo de transporte rodoviário, barco ou avião e mandar para o próximo circuito do calendário. Transportar um protótipo da MotoGP é um processo que requer, além dos cuidados normais de uma carga sensível, muitas outras cautelas.

Cada etapa da temporada desloca entre 260 a 280 toneladas de material para o circuito, 210 toneladas são motos e peças mecânicas, o restante (50 toneladas) é material utilizado pela organização do evento para possibilitar processos complementares como cronometragem e transmissões de TV. Normalmente este material está distribuído em mais de 600 caixas construídas especialmente para esta finalidade. O transporte de pneus não está incluído neste pacote e a sua disponibilização no local das competições é responsabilidade exclusiva da Michelin, fornecedora oficial.

A montagem de um GP em um circuito inicia muito antes das motos entrarem na pista para os primeiros treinos e termina bem depois da bandeirada final. Inclui a rotina dos técnicos desde a chegada até a saída do paddock em cada etapa da temporada. As equipes utilizam caminhões equipados com todo o material necessário para montar a estrutura operacional, além de motor homes com toda a parafernália de materiais e equipamentos necessários para acompanhar o desempenho dos pilotos na pista. A Repsol-Honda utiliza um mínimo de seis veículos de grande porte em cada GP, exclusivamente para o apoio aos seus dois pilotos que disputam a competição.

Cada equipe da MotoGP movimenta entre 10 e 12 toneladas de carga, na Moto2 e Moto3 o deslocamento é entre 4 e 6 toneladas. Parte é realizada via aérea, por transportadores homologados que cumprem uma série de exigências, inclusive a utilização de aeronaves e empresas aéreas incluídas em uma lista restrita.

Cada equipe administra o seu próprio procedimento, considerando que o conjunto está avaliado em milhões de euros por protótipo e peças sobressalentes. O mais comum são as motos transportadas por via aérea e o restante dos equipamentos, quando possível, por via rodoviária. Materiais como combustível, óleos lubrificantes e outros líquidos utilizam meios alternativos por serem inflamáveis. O paddock de cada circuito do calendário contempla estacionamento para 35 a 40 veículos de grande porte. Todo este acervo está segurado em mais de 100 milhões de euros, que protege a saúde financeira das equipes em caso de acidente ou que algo aconteça à carga. Mais de vinte pessoas têm como função única acompanhar os materiais para garantir que tudo corre como previsto, cada uma destas pessoas faz os mais de 86 mil km anuais que o calendário exige.

Os protótipos têm que ser preparados para o transporte, os pneus utilizados são exclusivos e na medida correta para serem acomodados em caixas e garantir um traslado seguro, e são mantidos até a garagem onde são montados os pneus de pista. Todas as partes de metal são borrifadas e protegidas por líquido antioxidante e todas as entradas de ar são seladas para evitar resíduos. Baterias e todos os circuitos elétricos são desligados por motivos de segurança. O líquido refrigerante é retirado dos radiadores e o seu interior lubrificado com um material específico para proteger os componentes da oxidação, considerando que este processo pode ser facilitado nas condições de variação de pressão que acontecem em translado aéreo.

O Mundial de MotoGP é uma esponja financeira, são milhões de euros envolvidos, a maior parte dos recursos são exclusivos, as peças são produzidas de forma artesanal e em poucas unidades, o preço não é diluído por produção em escala, por isso todo o cuidado é necessário para que nada seja danificado no transporte.

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