Livio Suppo
Livio Suppo é um italiano que trabalha
na divisão de MotoGP da Honda desde 2010 e atualmente exerce as funções de
chefe de equipe e gestor de comunicações, sua formação profissional contempla
passagens pelas divisões de competição de motos da Benetton e Ducati. Na equipe
sediada em Borgo Panigale trabalhou com expoentes do motociclismo esportivo
como Loris Capirossi (2003-2007), Troy Bayliss (2003-2004) Carlos Checa (2005)
Sete Gibernau (2006), Casey Stoner (2007-2009), Marco Melandri (2008) e Nicky
Hayden (2009). Participou da equipe que conseguiu o único título da fábrica no
mundial (Stoner em 2007).
Falando para o programa “Checkered
Flag” da BT Sports depois do GP de Aragon Suppo fez algumas afirmações
interessantes, ao analisar a composição do pódio identificou que havia três
combinações distintas de pneus, Márquez utilizou os compostos mais duros,
Pedrosa os intermediários e Lorenzo os macios. Pelas suas observações, Pedrosa
tinha o conjunto mais eficiente nas últimas voltas e o resultado final teve
muito mais a ver com o crescimento das Honda durante a prova que pela perda de
desempenho da Ducati de Lorenzo. Embora a máquina seja importante no decorrer
de uma corrida, o comportamento das Honda (1º & 2º) e das Yamaha (4º &
5º) foi muito semelhante, a técnica de condução e a disposição dos pilotos fez
a diferença. Pedrosa só não venceu porque foi muito conservador no início e
perdeu muito tempo para ultrapassar Vinales.
A HRC foi a equipe que mais sofreu
com a imposição da eletrônica padronizada, a RC213V em 2015 era muito
dependente do seu software proprietário e seus engenheiros não se entenderam
com o pacote da Magneti-Marelli. Suppo endereçou este problema de forma
pragmática, contratou um dos principais engenheiros envolvidos no desenvolvimento
do projeto italiano para ajudar o seu pessoal a esmiuçar as linhas de código.
Suppo também mencionou que, a exemplo
do Circuito das Américas e de Sachsenring, a prova em Motorland é realizada no sentido
anti-horário da pista, que privilegia curvas para a esquerda, as preferidas de
Marc Márquez. Lembrou que o atual líder do campeonato não pontuou em 3 das 14
etapas realizadas este Ano, duas por quedas (Argentina e França) e uma por
problemas técnicos (Inglaterra). Nesta temporada o piloto já acumula outras 18
quedas nos fins de semana de GPs devido a sua obstinação e busca incessante
pelos limites das pistas.
Locutores ou Torcedores
Havia em anos passados no Brasil uma
organização financeira chamada Banco América do Sul, orientado para servir
preferencialmente imigrantes japoneses. Em uma ocasião tive a oportunidade de
conversar com um gestor da instituição e perguntei a razão pela qual todos os
funcionários graduados na organização eram nipônicos ou descendentes, ele
pacientemente explicou: “Um oriental fala as coisas como elas são, não como
gostaria que fossem”. Lembrei desta história ao rever o vídeo da prova em
Motorland, o locutor e o comentarista da emissora que transmitiu a prova para o
Brasil enumeravam todas as possíveis desculpas para justificar a queda de
Valentino Rossi na classificação geral. Seus tempos registrados nos relatórios
oficiais indicam que a diferença entre o mais rápido na 2ª volta, 1’49.334, e o
da volta 22. 1’49.978, não são muito significativos e podem ser atribuídos ao
desgaste do equipamento. A perda de posições foi porque ele não conseguiu
administrar as investidas de Márquez, Pedrosa e Vinales. Não há demérito nisso,
os três são pilotos talentosos e dispõem de máquinas com eficiência comprovada.
O que pode ter pesado para o italiano foi o tempo de convalescência, período em
que foi impossibilitado de cuidar da sua forma física.
Valentino merece ser admirado por sua
determinação e coragem, o modo como desceu da moto no final da prova e caminhou
em direção ao espaço reservado da Yamaha não evidenciou nenhum tipo de cansaço
excessivo ou convívio com dor. Rossi é um ícone, é importante para o sucesso da
MotoGP, leva legiões de torcedores aos circuitos, entretanto não existe uma
regra no regulamento da competição que o obrigue a ter sempre desempenhos
brilhantes ou ser superior aos concorrentes. Sua última temporada vitoriosa foi
em 2009, desde 2013 pilotando um dos melhores equipamentos das pistas ele
contabiliza apenas 10 vitórias, contra 34 de Marc Márquez da Honda e 21 de
Jorge Lorenzo com uma Yamaha igual a dele.
Direção Perigosa
Houve na etapa de Aragon dois fatos
distintos que, em essência, buscavam o mesmo objetivo, evitar a ultrapassagem. Na volta final da Moto3 o vencedor Joan Mir
(Leopard Racing) desceu a última reta serpenteando na pista, impedindo os
italianos Giannantonio (Gressini) e Bastianini (Estrella Galicia) de aproveitar
o seu vácuo para disputar a freada na última curva da prova (Video aqui). A manobra foi considerada genial pela imprensa
espanhola e irresponsável pela mídia italiana. As regras da MotoGP diferem da
Fórmula 1 e não limitam o número de mudanças de posicionamento na pista que um
piloto pode fazer para dificultar uma ultrapassagem, porém o procedimento do
vencedor da prova e líder inconteste do campeonato foi considerado pelos
comissários como direção perigosa, o piloto foi penalizado com 6 posições no
próximo grid de largada.
Na prova principal, Valentino Rossi
foi muito duro ao tentar defender a posição na ultrapassagem da Honda de Dani Pedrosa
na reta oposta, o italiano espremeu o espanhol até o limite da
irresponsabilidade a mais de 300 km/h. Pedrosa, normalmente um piloto muito
contido, reclamou acintosamente na entrevista do Parc Fermé e em declarações
depois da prova, Rossi considerou a manobra normal. O fato não foi registrado
como uma ocorrência para ser analisada pelos comissários da prova.
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