terça-feira, 11 de abril de 2017

MotoGP – Ecos do GP da Argentina


Rossi, Vinales & Crutchlow no GP da Argentina

A Repsol Honda estava confiante antes da prova em Rio Hondo, os pilotos da fábrica estavam otimistas em relação ao desempenho de suas motos, que apresentaram sensíveis melhorias desde a abertura da temporada no Catar. A dupla da Movistar Yamaha largando na sexta e sétima posições não era motivo de preocupações, embora no warm-up Vinales tenha sido o mais veloz.
Quando as luzes que autorizam a largada foram apagadas, Marc Márquez pulou na frente e abriu uma distância considerável, entretanto sua liderança foi curta, depois de três voltas caiu na curva 2. A transmissão da TV mostrou com detalhes que o atual campeão estava furioso, não se sabe se por ter cometido um erro ou por alguma falha do equipamento.
Uma máxima das provas de Fórmula 1 pode ser portada para a MotoGP, uma prova não é ganha, mas pode ser perdida nas primeiras voltas. A mídia que cobriu o evento foi unânime em culpar o piloto pelo acidente, afinal ele estava em um ritmo alucinante, Márquez se insurgiu contra esta interpretação, quando a queda ocorreu ele não estava andando excepcionalmente rápido, seus tempos eram semelhantes aos dos três que o seguiam e no final subiram no pódio.  Como então explicar a perda de controle ao frear na curva 2 com a pista livre? Considerando que o piloto é exímio em controlar seu equipamento e insiste que estava confortável com a moto, as suposições recaem sobre os suspeitos de plantão, ainda mais depois que Dani Pedrosa caiu quase no mesmo lugar.
Márquez insinua que as investigações devem ser concentradas no pneu dianteiro, ele explicou que a escolha de compostos duros foi em função da necessidade de frear mais perto da curva para compensar a falta de retomada de velocidade da Honda, e que na etapa anterior do Catar suas chances de lutar pelo pódio acabaram junto com os pneus no terço final da prova. Tem um lado bom, a Honda esta endereçando todos os problemas e o equipamento está bem melhor, comparando com os testes pré-temporada e com a corrida no Catar.
Embora seja tentador terceirizar as responsabilidades, o staff técnico da Honda reconhece que por uma combinação de fatores o composto da Michelin simplesmente não é apropriado para as frenagens nada suaves que as RC213V necessitam, o que obriga a escolha do componente mais rígido, que é complicado para aquecer e rápido para esfriar. A frente mais dura implica em maior risco em curvas e menor estabilidade.
O atual equipamento Honda obriga os pilotos a buscarem o maior desempenho possível nas frenagens porque a aceleração ainda não é satisfatória, não é exatamente uma novidade, mas continua a ser verdade mesmo com o novo motor. O problema da fábrica não é a geração de potência, é o modo como ela é entregue para a roda motriz.
Sem poder utilizar software para domesticar a plena capacidade de geração de potência de seu motor, a Honda orientou seus esforços para explorar o seu ponto mais forte, a moto freia com muita eficiência e pode trocar de direção rapidamente em curtos espaços. Para obter este comportamento, a frente da moto é incrivelmente dura, condição necessária para suportar as pesadas cargas da frenagem, ou seja, sacrifica a estabilidade em favor da agilidade. O piso irregular do circuito de Rio Hondo não facilitou o trabalho dos pilotos.
 O GP da Argentina não foi um desastre total para a Honda, Cal Crutchlow, que desde a sua vitória em Phillip Island em 2016 ainda não havia terminado uma corrida, conseguiu um lugar no pódio. O britânico acomodou-se em terceiro e não buscou uma melhor colocação nas voltas finais para evitar surpresas. Os técnicos da HRC identificaram que o biótipo do britânico é mais adequado que o dos espanhóis da equipe de fábrica, enquanto as reações da suspensão em relação ao piso irregular faziam o peso leve Pedrosa pular na moto e incomodavam Márquez, Crutchlow, por ser mais pesado, aparentava maior conforto.
A Honda não foi a única fabricante a lamentar os resultados na Argentina, das doze motos oficiais no grid, só cinco cruzaram a linha de chegada, na zona de pontuação só as duas Yamaha e as duas KTM, a Ducati de Andrea Dovizioso ficou na décima sexta colocação. Os pilotos da Aprilia e Suzuki, assim como as Honda, não terminaram a prova.
A grande vencedora de Rio Hondo foi a Yamaha, que parece em lua de mel no início desta temporada, com 100% de eficiência. Duas vitórias de Vinales em duas corridas, dois pódios de Rossi e liderança no mundial de equipes com 59 pontos de vantagem sobre a segunda colocada, a satélite Monster Yamaha Tech 3. Se havia dúvidas sobre a maturidade de Vinales, a única que existe ainda é a sua capacidade em liderar a pontuação do campeonato participando de uma equipe onde seu colega de box é Valentino Rossi.
A capacidade de administração da equipe Yamaha vai ser colocada à prova nas próximas etapas do mundial, Valentino quer seu décimo título, oitavo na MotoGP, Vinales só tem um na Moto3 e busca seu primeiro na categoria. Valentino Rossi participou em Rio Hondo do seu GP número 350, e conquistou seu 223° pódio, comprovando que continua extremamente competitivo.

Pela amostragem destas duas primeiras provas, a Yamaha M1 é a moto mais completa das envolvidas na disputa, é eficiente em todos os detalhes, o motor de 2017 é mais potente que o anterior, bons freios, velocidade inigualável nas curvas, aderência mecânica excelente e boa retomada de velocidade. Entretanto faltam 16 provas e, embora os resultados não tenham surgido, Ducati e Honda aparentam não estar muito longe.

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