Chegada no Photo Finish |
A Stock Car nasceu em
provas realizadas com carros de passeio adaptados para competições, basicamente
modelos disponíveis nas concessionárias aliviados de equipamentos sem utilidade
em uma pista. A profissionalização do esporte, com a consequente necessidade de
criar condições de competitividade para atrair espectadores, forçou a evolução para
equipamentos mais complexos, desvirtuando a ideia original. Nos dias atuais os campeonatos
mais badalados têm abrangência regional, o Stock Car Brasil, Nascar (EUA),
Corona Series (México) e diversas competições no Reino Unido, Canadá e
Austrália.
O correspondente ao
Stock Car em motovelocidade é representado pelo mundial de Superbike (WorldSBK),
disputado desde 1988 e reconhecido por eleger todos os anos a moto com melhor
desempenho que pode ser adquirida no mercado. A base para uma Superbike é obrigatoriamente
uma versão homologada de um equipamento produzido em série e com um número
mínimo de unidades comercializadas nos mercados dos Estados Unidos, União
Europeia e Japão. O chamado Motul FIM Superbike World
Championship é
dividido em várias classes, com o objetivo de incentivar a concorrência entre
fabricantes e proporcionar oportunidades para pilotos de várias faixas etárias.
A principal classe,
Superbike, utiliza máquinas baseadas em equipamentos de linha de produção com pequenas
modificações na gestão do motor, sistema de escape, suspensão, freios e umas
poucas peças do motor. A moto deve ter um peso mínimo de 168kg e um motor entre
750cc e 1200cc, dependendo do número de cilindros. Modificações técnicas
limitadas foram permitidas para a temporada de 2015 e mantidas desde então.
A Supersport contempla máquinas
mais leves e com menor potência, capacidade cubica limitada entre 400cc a 750cc
dependendo do número de cilindros. A classe é muito competitiva, produz algumas
incríveis batalhas na pista e é de vital importância para os fabricantes.
A Superstock 1000
apresenta motos com quase 100% de componentes de estoque e são o mais próximo
possível de motos encontradas nas estradas todos os dias. A classe é orientada
para corredores jovens e ambiciosos, a idade limite é de 28 anos e apenas um
tipo de pneu com ranhuras é permitido.
Supersport 300 é uma
nova classe criada em 2017, especifica motos leves e está aberta a condutores com
idade mínima de 15 anos, um campeonato facilmente acessível no cenário mundial
com muitos pilotos inscritos, tende a ser uma classe muito disputada. A
motivação dos organizadores foi facilitar o acesso para equipes e pilotos com
baixo orçamento. Todas as motos são homologadas pela FIM e estão sujeitas a
modificações nos limites de peso (lastro) e limitadores de rotações para garantir
a maior equalização de condições de competitividade.
O mundial de WorldSBK
realizou a primeira etapa da temporada 2017 no último fim de semana em Phillip
Island, Austrália. A pole cravou um tempo menor que a da MotoGP no mesmo
circuito em outubro de 2016, 1.29,573 de Jonathan Rea contra 1.30,189 de Marc Márquez
(com diferentes condições de clima). As duas provas, sábado e domingo, foram
eletrizantes. No sábado houve oito trocas de liderança e na bandeirada final a
diferença entre a Kawasaki ZX-10R de Rea para a Ducati Panigale R de Chaz
Davies foi de 0,042 seg. Os cinco primeiros colocados nesta prova são
britânicos, um contraponto com a armada espanhola da MotoGP. A Kawasaki ficou
com o primeiro, terceiro e décimo lugares, Ducati com segundo e sexto, Yamaha
com quarto e nono, Agusta com o quinto, BMW com o sétimo e Aprilia com o oitavo,
seis fabricantes diferentes entre os dez primeiros.
A prova de domingo
repetiu a disputa acirrada entre Rea e Davis, com o atual campeão do mundo
cruzando a linha final com uma diferença ainda menor, 0,025 segundos. Entre os
dez primeiros a Kawasaki colocou duas motos (primeiro e sexto), a Ducati três
(segundo, terceiro e quinto), a Yamaha duas (quarto e sétimo), Aprilia duas
(nono e décimo) e Agusta uma (oitavo), comprovando o grande equilíbrio da
prova.
O
ponto negativo da primeira etapa da temporada foi o péssimo desempenho das Honda
CBR1000RR de Nicky Hayden e Stefan Bradl.
Para os que
acompanham as categorias de acesso, na WorldSSP a vitória de Roberto Rolfo (MV
Agusta F3) sobre Lucas Mathias (Yamaha YZF R6) por inacreditáveis 0,001 segundos
valeu pelo espetáculo. A diferença tão exígua obrigou a equipe de cronometragem
da Tissot a realizar a confirmação pelo Photo Finish. Nesta mesma prova um grave
acidente de Jules Cluzel (Honda CBR600RR) resultou na suspeita (não confirmada
posteriormente) de fratura na pélvis do piloto, e uma jornada épica de Anthony
West (Yamaha YZF R6) que disputou como WildCard e, com um motor cedido por
amigos, conseguiu a terceira colocação.
Falta pouco mais de
um mês para o início da temporada da MotoGP, porém as emoções da motovelocidade
em 2017 já começaram, e bem.
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