Rins, Oliveira, Herrera & Márquez |
Recentemente a Autoracing acolheu e publicou um texto de
um colaborador assíduo sobre a ocorrência de vaias para os pilotos espanhóis na
premiação da MotoGP. Depois de citar a carreira brilhante e vitoriosa do ídolo italiano
Valentino Rossi, o autor expôs dados e resultados recentes da principal classe
do motociclismo mundial onde nos últimos anos o desempenho dos pilotos
espanhóis supera com folga os números do italiano, gerando descontentamento
entre seus seguidores. Houve quem justificasse estes números como um conflito
de gerações, – Valentino é mais velho que os concorrentes, em um esporte que
requer muito vigor físico – outros viram na origem da Dorna, organizadora e
detentora dos direitos comerciais da MotoGP, mais que uma mera coincidência, a
empresa espanhola estaria protegendo pilotos espanhóis.
Na relação de pilotos inscritos - Entry List - para a
atual temporada do mundial de MotoGP constam 9 espanhóis, 4 italianos, 3
britânicos e mais 6 representantes de outras nacionalidades, dos protótipos que
alinham para a largada 10 são de fabricantes italianos e 11 de japoneses.
Quatro entidades assinam o Regulamento Geral de 2016, FIM com sede na Suíça,
Dorna na Espanha, IRTA (equipes, fornecedores e patrocinadores) na Inglaterra e
MSMA (fabricantes) no Japão, ou seja, mais internacional é impossível e é
insano considerar que os resultados das competições possam ser manipulados.
Embora duas das melhores equipes de futebol do mundo,
Barcelona e Real Madrid, tenham sede na Espanha, o país carece de heróis no
esporte. O trio de craques do Barcelona é formado por um argentino (Messi), um
uruguaio (Suarez) e um brasileiro (Neymar), os astros do Real são um português
(Cristiano Ronaldo), um galês (Bale) e um francês (Benzema), a estrela da
Fórmula 1 (Fernando Alonzo) está passando por mais uma temporada sabática, no
tênis Rafael Nadal perde o brilho e é apenas o quinto no ranking da ATP. Fora
da motovelocidade não existe nenhum esportista espanhol com destaque mundial.
A Espanha é um país com uma área um pouco menor que o
estado de Minas Gerais, onde existem diversos circuitos adequados para a
motovelocidade, 4 estão programados para sediar etapas da atual temporada. As
condições de segurança para provas da MotoGP são draconianas, não existem
corridas em circuitos de rua (Fórmula 1 já correu nas avenidas de Barcelona), a
exigência de amplas áreas de escape é mandatória e aquele adagio
compartilhado pela F1 e IndyCar, “Win or Wall”, não é concebível para corridas
de motos. O país é a meca do motociclismo esportivo mundial pela infraestrutura
existente e pela paixão do seu povo. O principal patrocinador da Yamaha é a
Movistar, empresa espanhola, o da Honda é a Repsol, outra empresa espanhola e a
mais completa estrutura para desenvolvimento de pilotos de motos desde a mais
tenra idade é a Estrela Galicia, também espanhola. No Brasil quando um pai quer
orientar o futuro do filho para o esporte o matricula em uma escolinha de
futebol, na Espanha compra uma minimoto, Marc Márquez ganhou a sua com 3 anos
de idade, Jorge Lorenzo com 7.
Os astros do motociclismo espanhol recebem tratamento de
celebridades, são reconhecidos pelo público, frequentam manchetes de jornais e
revistas, mantém contratos de publicidade e também são rigidamente controlados
pelo fisco. Dani Pedrosa, um dos 4 "Top Riders" da atualidade
responde a processos semelhantes aos que já enquadraram Messi e Neymar por
suspeita de sonegação de impostos.
Desde a aposentadoria precoce de Casey Stoner em 2012, a
elite de pilotos da MotoGP está restrita a três espanhóis e um italiano. Para o
futuro imediato a maior promessa é outro espanhol, Maverick Vinales, e nada
disso é obra do acaso ou resultado de privilégios devido à nacionalidade
Colaboração de Christina Gouveia Lima
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