quarta-feira, 13 de abril de 2016

MotoGP - A Invasão Espanhola

 Rins, Oliveira, Herrera & Márquez
 
 
Recentemente a Autoracing acolheu e publicou um texto de um colaborador assíduo sobre a ocorrência de vaias para os pilotos espanhóis na premiação da MotoGP. Depois de citar a carreira brilhante e vitoriosa do ídolo italiano Valentino Rossi, o autor expôs dados e resultados recentes da principal classe do motociclismo mundial onde nos últimos anos o desempenho dos pilotos espanhóis supera com folga os números do italiano, gerando descontentamento entre seus seguidores. Houve quem justificasse estes números como um conflito de gerações, – Valentino é mais velho que os concorrentes, em um esporte que requer muito vigor físico – outros viram na origem da Dorna, organizadora e detentora dos direitos comerciais da MotoGP, mais que uma mera coincidência, a empresa espanhola estaria protegendo pilotos espanhóis.
Na relação de pilotos inscritos - Entry List - para a atual temporada do mundial de MotoGP constam 9 espanhóis, 4 italianos, 3 britânicos e mais 6 representantes de outras nacionalidades, dos protótipos que alinham para a largada 10 são de fabricantes italianos e 11 de japoneses. Quatro entidades assinam o Regulamento Geral de 2016, FIM com sede na Suíça, Dorna na Espanha, IRTA (equipes, fornecedores e patrocinadores) na Inglaterra e MSMA (fabricantes) no Japão, ou seja, mais internacional é impossível e é insano considerar que os resultados das competições possam ser manipulados.
Embora duas das melhores equipes de futebol do mundo, Barcelona e Real Madrid, tenham sede na Espanha, o país carece de heróis no esporte. O trio de craques do Barcelona é formado por um argentino (Messi), um uruguaio (Suarez) e um brasileiro (Neymar), os astros do Real são um português (Cristiano Ronaldo), um galês (Bale) e um francês (Benzema), a estrela da Fórmula 1 (Fernando Alonzo) está passando por mais uma temporada sabática, no tênis Rafael Nadal perde o brilho e é apenas o quinto no ranking da ATP. Fora da motovelocidade não existe nenhum esportista espanhol com destaque mundial.
A Espanha é um país com uma área um pouco menor que o estado de Minas Gerais, onde existem diversos circuitos adequados para a motovelocidade, 4 estão programados para sediar etapas da atual temporada. As condições de segurança para provas da MotoGP são draconianas, não existem corridas em circuitos de rua (Fórmula 1 já correu nas avenidas de Barcelona), a exigência de amplas áreas de escape é mandatória e aquele adagio compartilhado pela F1 e IndyCar, “Win or Wall”, não é concebível para corridas de motos. O país é a meca do motociclismo esportivo mundial pela infraestrutura existente e pela paixão do seu povo. O principal patrocinador da Yamaha é a Movistar, empresa espanhola, o da Honda é a Repsol, outra empresa espanhola e a mais completa estrutura para desenvolvimento de pilotos de motos desde a mais tenra idade é a Estrela Galicia, também espanhola. No Brasil quando um pai quer orientar o futuro do filho para o esporte o matricula em uma escolinha de futebol, na Espanha compra uma minimoto, Marc Márquez ganhou a sua com 3 anos de idade, Jorge Lorenzo com 7. 
Os astros do motociclismo espanhol recebem tratamento de celebridades, são reconhecidos pelo público, frequentam manchetes de jornais e revistas, mantém contratos de publicidade e também são rigidamente controlados pelo fisco. Dani Pedrosa, um dos 4 "Top Riders" da atualidade responde a processos semelhantes aos que já enquadraram Messi e Neymar por suspeita de sonegação de impostos.
Desde a aposentadoria precoce de Casey Stoner em 2012, a elite de pilotos da MotoGP está restrita a três espanhóis e um italiano. Para o futuro imediato a maior promessa é outro espanhol, Maverick Vinales, e nada disso é obra do acaso ou resultado de privilégios devido à nacionalidade
 
Colaboração de Christina Gouveia Lima

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