Estima-se que cerca de 5% das fraturas de ossos longos, como o úmero, evoluam para pseudoartrose, termo aplicado para indicar uma situação singular em que a fratura não mostra evidências de progresso no processo de consolidação.
Marc
Márquez é um atleta valioso, representa muitos interesses comerciais e, quando
ficou evidente pela avaliação sequencial das radiografias, que não havia
evolução na solidificação de sua fratura, houve a suspeita de uma situação
clínica chamada de pseudoartrose, possibilidade mínima (ou mesmo
impossibilidade) de consolidação da uma fratura ou osteomia. A situação exigiu
uma providência gerencial para reverter o processo.
Como
não existe uma informação oficial, uma das hipóteses aventadas foi a estabilização
inadequada da fratura com aparelhos externos ou osteossíntese, que pode
permitir movimentação excessiva no foco da fratura, dificultando ou impedindo a
consolidação. A presença de espaço entre as extremidades da fratura pode
ocorrer devido à interposição de tecidos moles, perda óssea ou má posição
causada por fragmentos da própria fratura.
Espaços
excessivos entre fragmentos não podem ser preenchidos por tecido ósseo. Se uma
placa com parafusos mantém um espaço entre os fragmentos ósseos, o osteoblasto
é incapaz de se desenvolver, cedendo lugar a tecido cartilaginoso que,
preenchendo o espaço, melhora a condição de estabilidade, mas não apresentam a
resistência de um osso. Osteoblastos exigem estabilidade perfeita para que os
capilares de revascularização possam cruzar as linhas de fratura e facilitar a
formação de tecido ósseo. A fixação correta elimina espaços pela redução
anatômica e a resulta na compressão adequada dos fragmentos da fratura, ela
também elimina a possibilidade de movimento, permitindo a consolidação. Esta é
a justificativa para trocar, pela terceira vez, a placa no braço de Márquez. Se
a estabilidade for alcançada naturalmente ou for produzida por fixação externa
ou interna apropriada, a calcificação da cartilagem será iniciada e possibilita
a sua substituição por osso.
Diversos
métodos podem ser utilizados como auxiliares no tratamento de uma pseudoartrose
como o enxerto ósseo vascularizado nas perdas ósseas (as áreas doadoras mais
utilizadas são a crista ilíaca), os materiais de estabilização interna, os
estabilizadores externos, além do ultrassom, ondas de choque e campos
eletromagnéticos.
Importante,
pseudoartrose não é o esgotamento da capacidade biológica do organismo para
curar a lesão, deve ser entendida como uma limitação do processo natural de
consolidação. As causas possíveis são à instabilidade maior que a capacidade
natural do organismo de superar para alcançar a consolidação, ou osso com
vascularização insuficiente para a produção de tecido.
O
perfil psicológico do paciente é fator importante na decisão sobre as diversas
linhas de tratamento das fraturas. O paciente e o médico devem trabalhar juntos
para garantir o resultado.
Marc Márquez,
recém-operado pela terceira vez, indicou em uma entrevista para o DAZN (serviço de streaming de esportes ao vivo e sob
demanda), que reconhece sua parcela de culpa no processo, “Como todo piloto, quando saio da sala
de operações operação, a primeira coisa que pergunto é quando posso voltar a
pilotar. É aí que o médico tem que ser realista. Fui para a segunda prova de
Jerez com a paz de espírito confiando na placa. Sou corajoso, mas não
inconsequente”. Márquez não entendeu ou não foi alertado que a função da placa
é imobilizar a fratura, não substituir o osso. “Aprendi, que os pilotos têm uma
virtude que que pode ser interpretada como uma falha, de não avaliar totalmente
os riscos envolvidos em todas as situações. Os médicos indicam que, no pior
caso, devo estar curado antes do início da temporada. Uma coisa é certa,
voltarei quando estiver pronto para correr os mesmos riscos, caso contrário,
não faz sentido eu voltar."
Ruber
International Hospital em Madrid
Marc
Márquez levou a mala de Madri apenas no caso de ele ter que ficar, como acabou
acontecendo. Entrou no Ruber International Hospital, que não consta no circuito
habitual das casas de saúde da MotoGP, mas tem um prestígio inquestionável
reconhecido pela comunidade médica. Depois de consultar diversos especialistas,
incluindo americanos, franceses, britânicos e italianos, escolheu o melhor meio
de resolver um problema que persiste a quase meio ano e o impediu-o de treinar
(perdeu quatro quilos de massa muscular, está com apenas 61 kg). A colocação de
uma nova placa e auto enxerto ósseo (responsável pela longa duração da
cirurgia), utilizando seu próprio quadril como doador. Marc está otimista em
breve deve voltar para casa (Cervera, ES) e iniciar a sua nova recuperação
junto com seu fisioterapeuta particular. A equipe médica garantiu que sua
carreira não será comprometida. Marc não quer repetir ou ser encorajado a
repetir os erros do passado (retornar em uma semana para a pista, fazer
flexões, etc.). Ele vai ter calma, sem pressão, sem pressa, não quer voltar
encurtando prazos ou marcando datas.
Não
há data de retorno de Marc agendada, mas a Honda tem várias ideias sobre como
suprir a sua ausencia. E nenhum cenário Alex Marquez está incluído, ele deve
participar da pré-temporada com sua nova equipe LCR. O normal seria manter
Stefan Bradl, que renovou como piloto de teste. Há uma pequena chance de chamar
Andrea Dovizioso, que agora está disponível no mercado. A possibilidade de
contar com Cal Crutchlow e Takaaki Nakagami está descartada, o britânico é
contratado pela Yamaha e o japonês patrocinado pela companhia petrolífera
Idemitsu, que colide com o patrocinador principal patrocinador da Honda, a Repsol.
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