quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

MotoGP – Pseudoartrose

 Estima-se que cerca de 5% das fraturas de ossos longos, como o úmero, evoluam para pseudoartrose, termo aplicado para indicar uma situação singular em que a fratura não mostra evidências de progresso no processo de consolidação.


Marc Márquez

Marc Márquez é um atleta valioso, representa muitos interesses comerciais e, quando ficou evidente pela avaliação sequencial das radiografias, que não havia evolução na solidificação de sua fratura, houve a suspeita de uma situação clínica chamada de pseudoartrose, possibilidade mínima (ou mesmo impossibilidade) de consolidação da uma fratura ou osteomia. A situação exigiu uma providência gerencial para reverter o processo.

Como não existe uma informação oficial, uma das hipóteses aventadas foi a estabilização inadequada da fratura com aparelhos externos ou osteossíntese, que pode permitir movimentação excessiva no foco da fratura, dificultando ou impedindo a consolidação. A presença de espaço entre as extremidades da fratura pode ocorrer devido à interposição de tecidos moles, perda óssea ou má posição causada por fragmentos da própria fratura.

Espaços excessivos entre fragmentos não podem ser preenchidos por tecido ósseo. Se uma placa com parafusos mantém um espaço entre os fragmentos ósseos, o osteoblasto é incapaz de se desenvolver, cedendo lugar a tecido cartilaginoso que, preenchendo o espaço, melhora a condição de estabilidade, mas não apresentam a resistência de um osso. Osteoblastos exigem estabilidade perfeita para que os capilares de revascularização possam cruzar as linhas de fratura e facilitar a formação de tecido ósseo. A fixação correta elimina espaços pela redução anatômica e a resulta na compressão adequada dos fragmentos da fratura, ela também elimina a possibilidade de movimento, permitindo a consolidação. Esta é a justificativa para trocar, pela terceira vez, a placa no braço de Márquez. Se a estabilidade for alcançada naturalmente ou for produzida por fixação externa ou interna apropriada, a calcificação da cartilagem será iniciada e possibilita a sua substituição por osso.

Diversos métodos podem ser utilizados como auxiliares no tratamento de uma pseudoartrose como o enxerto ósseo vascularizado nas perdas ósseas (as áreas doadoras mais utilizadas são a crista ilíaca), os materiais de estabilização interna, os estabilizadores externos, além do ultrassom, ondas de choque e campos eletromagnéticos.

Importante, pseudoartrose não é o esgotamento da capacidade biológica do organismo para curar a lesão, deve ser entendida como uma limitação do processo natural de consolidação. As causas possíveis são à instabilidade maior que a capacidade natural do organismo de superar para alcançar a consolidação, ou osso com vascularização insuficiente para a produção de tecido.

O perfil psicológico do paciente é fator importante na decisão sobre as diversas linhas de tratamento das fraturas. O paciente e o médico devem trabalhar juntos para garantir o resultado.

Marc Márquez, recém-operado pela terceira vez, indicou em uma entrevista para o DAZN (serviço de streaming de esportes ao vivo e sob demanda), que reconhece sua parcela de culpa no processo, Como todo piloto, quando saio da sala de operações operação, a primeira coisa que pergunto é quando posso voltar a pilotar. É aí que o médico tem que ser realista. Fui para a segunda prova de Jerez com a paz de espírito confiando na placa. Sou corajoso, mas não inconsequente”. Márquez não entendeu ou não foi alertado que a função da placa é imobilizar a fratura, não substituir o osso. “Aprendi, que os pilotos têm uma virtude que que pode ser interpretada como uma falha, de não avaliar totalmente os riscos envolvidos em todas as situações. Os médicos indicam que, no pior caso, devo estar curado antes do início da temporada. Uma coisa é certa, voltarei quando estiver pronto para correr os mesmos riscos, caso contrário, não faz sentido eu voltar."

 

Ruber International Hospital em Madrid

 

Marc Márquez levou a mala de Madri apenas no caso de ele ter que ficar, como acabou acontecendo. Entrou no Ruber International Hospital, que não consta no circuito habitual das casas de saúde da MotoGP, mas tem um prestígio inquestionável reconhecido pela comunidade médica. Depois de consultar diversos especialistas, incluindo americanos, franceses, britânicos e italianos, escolheu o melhor meio de resolver um problema que persiste a quase meio ano e o impediu-o de treinar (perdeu quatro quilos de massa muscular, está com apenas 61 kg). A colocação de uma nova placa e auto enxerto ósseo (responsável pela longa duração da cirurgia), utilizando seu próprio quadril como doador. Marc está otimista em breve deve voltar para casa (Cervera, ES) e iniciar a sua nova recuperação junto com seu fisioterapeuta particular. A equipe médica garantiu que sua carreira não será comprometida. Marc não quer repetir ou ser encorajado a repetir os erros do passado (retornar em uma semana para a pista, fazer flexões, etc.). Ele vai ter calma, sem pressão, sem pressa, não quer voltar encurtando prazos ou marcando datas.

 

 

Possíveis substitutos

Não há data de retorno de Marc agendada, mas a Honda tem várias ideias sobre como suprir a sua ausencia. E nenhum cenário Alex Marquez está incluído, ele deve participar da pré-temporada com sua nova equipe LCR. O normal seria manter Stefan Bradl, que renovou como piloto de teste. Há uma pequena chance de chamar Andrea Dovizioso, que agora está disponível no mercado. A possibilidade de contar com Cal Crutchlow e Takaaki Nakagami está descartada, o britânico é contratado pela Yamaha e o japonês patrocinado pela companhia petrolífera Idemitsu, que colide com o patrocinador principal patrocinador da Honda, a Repsol.

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário