Homenagem a Luis Salom
(Barcelona -2016)
Moto Grand Prix, também conhecido
como MotoGP, é o mais antigo campeonato do mundo de esportes motorizados,
o primeiro ano da competição foi 1949. Atualmente uma etapa do evento inclui
provas de três categorias, Moto3 (desde 2012 substitui a 125cc), Moto 2 (desde
2010 substituiu a classe intermediária 250cc) e a MotoGP, criada em 2002 para
substituir a categoria de 500cc. Até 2006 as motos eram equipadas com motores 4
tempos e limitadas a 990cc, a partir de 2007 foram restritas a 800cc e desde
2012 o máximo de capacidade cúbica admitida é 1000cc.
O primeiro campeonato foi
organizado pela Fédération Internationale de Motocyclisme e chamado de FIM
Road Racing World Championship Grand Prix. A organização atual inclui a Dorna
Sports que administra os direitos comerciais, a International Road Racing Teams
Association (IRTA) que representa equipes, fornecedores e patrocinadores e a
Motorcycle Sport Manufacturers Association (MSMA) integrada pelos fabricantes.
Os regulamentos são decididos pelas quatro entidades citadas (inclui a FIM) e a
Dorna detém o voto de minerva, as modificações técnicas são decididas pela
MSMA. A história do campeonato incluiu classes que foram suprimidas por falta
de interesse comercial, como SideCar, 50cc, 80cc, 250cc, etc.
No
mundo da motovelocidade não há tecnologia ou nível de investimento que façam o
esporte ser 100% seguro. Simplesmente não há como prever todo tipo de incidente
e todas as ocorrências que podem acontecer durante uma corrida e, embora
ninguém admita abertamente, os “lamentáveis” acontecimentos são parte do
espetáculo.
A
segurança tem sido endereçada pelos organizadores desde os prolegômenos da
competição, entretanto a necessidade de compatibilizar espetáculo e
competitividade contribuem para aproximar cada vez mais os competidores na
pista. Recompensas financeiras em contratos com equipes e bônus de
patrocinadores por resultados contribuem para estimular pilotos a correr
riscos.
Acidentes
e quedas são inerentes ao motociclismo. Nas 71 edições do mundial já
aconteceram 41 acidentes com óbitos, 28 durante os GPs e 13 durante as seções
de testes nos fins de semana dos eventos. Algumas pistas foram retiradas do
calendário de provas da competição por não oferecerem condições de segurança, a
Ilha de Man registrou um óbito em 1953 na 500cc tem o agravante da extensão
(mais de 60km), que não permite rapidez no socorro, o circuito de Opatija na
antiga Iuguslávia, atual Croácia, contribuiu com 3 acidentes fatais, um na
classe 50cc (1977) 2 na 250cc (1974 e 1977), e o circuito de Spa-Francorchamps
é o recordista com 4 fatalidades (1950 na 250cc, 1957 na 350cc e em 1971 &
1984 na 500cc). As três pistas tinham em comum o fato que nos dias normais eram
estradas abertas ao tráfego de veículos comuns, eram fechadas para os GPs, ou
seja, o traçado contempla retas longas e curvas adequadas o trâsito de carros,
sem contornos acentuados ou necessidade de frenagens fortes. Por esta razão o
antigo circuito de Spa ainda registra a ocorrência do GP mais rápido de todos
os tempos, aconteceu em 1977 e foi vencido por Barry Scheene com um recorde de
velocidade assustador, o melhor tempo por volta estabeleceu uma velocidade
média de 220,721km/h. O piloto britânico utilizou uma dois tempos com 120HPs.
Foi a última prova antes da pista de pouco mais
de 14 km ser substituída por um traçado mais curto e seguro.
O
último acidente fatal em eventos da MotoGP ocorreu no circuito espanhol de
Barcelona em 2016 (Luis Salom durante os treinos da Moto2), a última ocorrência
durante o GP foi em Sepang, Malásia, em 2011 (Marco Simoncelli). Embora os
protótipos tenham (forçados pelos regulamentos) desempenho muito semelhante e o
grande número de quedas (971 na temporada passada), os índices de segurança são
excelentes, apenas 4 fatalidades nos últimos 23 anos em etapas oficiais.
Infelizmente
estes números não são reproduzidos no Brasil. Com uma diferença de poucos
meses, o Autódromo Internacional de Goiânia registrou dois acidentes que
resultaram no óbito de pilotos na mesma curva do circuito. A chamada curva zero
é uma das mais rápidas do autódromo e fica na entrada da reta principal. Depois
do acidente que, na abertura do campeonato goiano de SuperBike, vitimou Indy
Muñhos (março de 2020), a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer de Goiás
(Seel) afirmou existir um projeto em curso para a implantação de caixas de
brita em pontos específicos do circuito, sobretudo nesse trecho. A previsão de
instalação é ainda em 2020. Esta estatística sinistra é acrescida de 4
fatalidades nos últimos três anos no autódromo de Interlagos, comprovando que o
país não tem pistas adequadas para a motovelocidade.
A
paixão pelo esporte faz que pilotos arrisquem a sua integridade física em
circuitos precários ou com falta de manutenção. O caso mais característico
aconteceu em 2013, Vanessa Daya sofreu um acidente em uma prova no Autódromo
Internacional de Brasília. Ela perdeu o controle de seu equipamento ao passar
por um trecho com terra após uma tentativa de ultrapassagem na chamada Curva da
Piscina e caiu em uma espécie de valão. A ocorrência de este tipo de escoamento
próximo da pista é inaceitável. A piloto foi imediatamente socorrida e faleceu
três dias depois no Hospital de Base do distrito federal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário