domingo, 5 de setembro de 2021

MotoGP - Maverick

 


 
A definição original do termo Maverick indica gado selvagem, bezerros (ou vacas) que nunca receberam uma marca e nunca foram confinados. Os vaqueiros entendiam que eram animais sem dono, que podiam ser capturados para serem domesticados e formar rebanhos. Mais recentemente o adjetivo Maverick passou a qualificar indivíduos que se recusam a seguir regras estabelecidas por um grupo, pessoas que pensam de modo diferente dos demais, que se comportam com autonomia e não se deixam influenciar por alguém ou algo.
 
 Maverick Vinales Ruiz, 26 anos, é um piloto espanhol natural da Catalunha, que foi campeão mundial da Moto3 em 2013. A apresentação de Vinales ao motociclismo esportivo aconteceu em 2010 quando venceu o Campeonato Espanhol de Velocidade (VEC). Em 2011 estreou no Campeonato Mundial de 125cc alcançando 4 vitórias em seu primeiro ano, que o habilitou a ser eleito o novato do ano. Conquistou o mundial de 125cc em 2013 quando conseguiu 15 pódios em17 etapas. Migrou na temporada seguinte para a Moto2, onde repetiu o desempenho com 4 vitórias durante o ano. Em 2015 subiu para a MotoGP como piloto oficial da Suzuki Ecstar, dividindo o box com Aleix Espargaro por duas temporadas. Maverick Vinales conquistou a primeira vitória da Suzuki desde o seu retorno como equipe oficial em 2014 com a vitória no GP da Inglaterra em 2016.

A derrota de Valentino Rossi para Jorge Lorenzo em 2015, quando tentava o 10º mundial, desestabilizou o box da Yamaha em 2016 e criou um clima de animosidade ente as duas tripulações que, em tese, deveriam trabalhar juntas. A permanência de Lorenzo na equipe foi inviabilizada e abriu a possibilidade de Vinales mudar para a Movistar Yamaha para fazer parceria com Valentino Rossi em 2017. Vinales venceu as duas primeiras corridas da temporada, então a fábrica alterou o quadro do equipamento para atender uma solicitação de Rossi por mais aderência, dificultando a conquista de bons resultados. Vinales ainda conseguiu uma vitória no GP da França e Rossi venceu o TT de Assen, mas a Yamaha não foi páreo para as Honda de Marc Márquez e a Ducati de Andrea Dovizioso
 

Marc Márquez e Andrea Dovizioso ignoram as Yamaha em 2017
 

Durante o tempo que dividiu a equipe com Valentino Rossi, Vinales conseguiu vencer o colega em 2017 e 2019, e obteve a vitória no GP da Austrália em 2018, encerrando um grande jejum da Yamaha. 

 A temporada de 2019 foi eclipsada pela performance excepcional de Marc Márquez, Maverick Vinales foi o responsável pelas duas únicas vitórias das motos Yamaha, embora Fábio Quartararo com um modelo antigo tenha sido figura assídua no pódio.

O ano de 2020, embora atípico por causa da pandemia, revelou um início promissor para o piloto espanhol, porém a sua inconsistência em transformar bons tempos nos treinos classificatórios em resultados durante as provas minou as suas esperanças em uma boa pontuação na temporada. Uma única vitória no campeonato foi decepcionante quando comparadas com as 3 de Quartararo e igual número de Morbidelli, este com um equipamento não atualizado.
 

Valentino Rossi & Maverick Vinales companheiros na Yamaha

Embora com resultados mais significativos que os de Valentino Rossi o piloto catalão nunca conseguiu liderar a Yamaha, a opinião do veterano piloto italiano sempre foi mais ouvida pela equipe. Quando Rossi trocou o lugar com Quartararo da equipe Petronas, a personalidade e os resultados do piloto francês relegaram Vinales a um segundo plano.
 
 
Vinales e Esteban García
 
O piloto a algum tempo demonstrava contrariedade com as decisões da equipe. Por exemplo, a troca de Esteban García por Silvano Galbusera no posto de chefe da sua equipe pessoal foi uma opção da Yamaha. O piloto declarou que foi uma mudança dolorosa, já que havia desenvolvido uma relação de amizade com o espanhol. Falando à imprensa na Catalunha, Maverick explicou que já há algumas corridas sentia que não conseguia extrair o máximo desempenho da YZR-M1 e, ao comentar o assunto com a Yamaha, viu a fábrica optar por um caminho diferente.

Vinales destacou que tem uma relação próxima com García e considerou que a mudança representa uma “história completamente diferente” do divórcio com Ramón Forcada, no fim da temporada 2018. Na época, Maverick tinha uma relação tumultuada com o experiente espanhol e foi ele próprio quem optou pela separação.

Meses atrás Vinales e a Yamaha haviam decidido que o piloto espanhol não cumpriria o contrato de 2 anos, e esta temporada seria a sua última no comando da M1. O caldo entornou na primeira prova realizada em Red Bull Ring. Foi um fim de semana horrível para Vinales, onde nada deu certo. Obrigado a partir do pitlane, o piloto nunca se sentiu confortável durante a corrida e a acabou surtando nas voltas finais, obrigando a o motor a trabalhar em um regime excessivo de rotações. Considerando que o número de motores por equipe é limitado por temporada, a fábrica decidiu suspender a sua participação na segunda prova no mesmo circuito. Após alguns dias, tempo suficiente para baixar os ânimos, uma reunião dos dirigentes da Yamaha com o piloto espanhol definiu o seu desligamento da equipe com efeito imediato.
  
O divórcio antecipado entre Maverick Vinales e a Yamaha abre as portas para novos cenários em relação à atual temporada, tanto para o piloto espanhol quanto para o fabricante nipônico, que devem encontrar uma solução para os compromissos que restam para o campeonato mundial.

Com 7 corridas ainda a serem realizadas, a equipe oficial da Yamaha parece determinada a confiar a segunda M1 ao piloto de testes Cal Crutchlow, já de volta à pista nos dois eventos austríacos para substituir o lesionado Franco Morbidelli dentro da equipe Petronas.

Morbidelli, ainda convalescente após a operação no joelho, também perderá o próximo Grande Prêmio de Silverstone, marcado para 29 de agosto. Com Crutchlow se mudando para a equipe de fábrica, de acordo com o site The-Race. deveria caber a Jake Dixon se juntar a Valentino Rossi na Sepang Racing Team para a corrida britânica. Dixon teria, assim, a oportunidade de competir em seu GP caseiro na primeira classe, um fim de semana que assumiria mais os contornos de um teste, tendo em vista uma possível promoção para a primeira classe para a temporada de 2022.

A rápida evolução da situação também permite que Vinales avalie novos horizontes potenciais: o rompimento do contrato com a Yamaha entra em vigor imediatamente, liberando em todos os aspectos o #12 de qualquer restrição para a atual temporada. Isso foi confirmado pelas palavras de Lin Jarvis: "A separação antecipada libertará o piloto para seguir a direção futura que ele escolheu e também permitirá que a equipe concentre seus esforços nas corridas restantes da temporada de 2021 com um piloto substituto ainda a ser determinado".

Este fato permite ao espanhol comandar a RS-GP da Aprilia ainda nesta temporada, reeditando a parceria com Aleix Espargaro na Suzuki em 2016, sem ter que esperar por 2022.

Vinales e Espargaro devem reeditar na Aprilia a a parceria da Suzuki de 2016

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