A pista de Barcelona, na Catalunha, hospeda uma etapa da MotoGP desde 1996 e é reputada como um circuito técnico e seletivo. Este ano a prova coincidiu com o 70º aniversário do Mundial de Motovelocidade, porém a prova que prometia ser uma festa resultou em um muito trabalho para os auxiliares de pista, foi muito acidentada. Em um fato não inédito, mas muito raro nos últimos anos, só 13 pilotos pontuaram. Em 2016 na pista de Barcelona foi registrado o último óbito resultante de um acidente no mundial de motovelocidade, que vitimou o piloto espanhol Luis Salon de 24 anos, ocorrido durante segunda sessão de treinos livres da Moto2.
O traçado da Catalunha está relacionado pela Brembo, fabricante dos sistemas de freios que equipam todos os protótipos da MotoGP, entre os 4 mais exigentes em termos de frenagem da temporada. Dois pontos neste circuito são críticos, a curva 1 no final da grande reta e a curva 10, uma variante utilizada para forçar a redução de velocidade no local onde Luis Salon se acidentou, ambas exigem a aplicação de força no comando do freio e resultam em uma desaceleração próxima de 1,5 g.
Jorge Lorenzo, piloto que protagonizou o incidente que praticamente decidiu a vitória de Marc Márquez no GP deste ano, tem uma história vitoriosa na pista de Barcelona. Venceu em 2007 na 250cc e repetiu o feito em 2010, 2012, 2013 e 2015 na MotoGP, todas pilotando para a Yamaha. No ano passado conquistou a sua 6ª vitória no circuito, a sua 2ª com uma Ducati. Em 2016 foi envolvido em um incidente quando estava disputando um lugar no pódio, foi atropelado pela Ducati de Andrea Iannone na mesma curva 10.
A curva 10 é complicada, principalmente nas primeiras voltas onde todos andam muito juntos. É um contorno de baixa velocidade que permite poucas variações de linha de aproximação. Algumas das inovações que foram instaladas nas Desmosedici GP19 da Ducati este ano, principalmente o Holeshot, resultaram em um ambiente diferente nas largadas, em Barcelona a moto de Dovizioso disparou da 5ª posição para contornar a curva 1 na frente. Esta esperteza, porém, não garante nenhuma vantagem adicional depois da primeira curva, atrás do líder alinharam diversos pilotos com desempenho ligeiramente melhor, como Márquez, Vinales, Rossi e a surpreendente Honda de Jorge Lorenzo, que realizou uma excelente largada partindo da 10ª posição. Na segunda volta um grupo compacto de motos chegou na aproximação da curva 10, Márquez utilizou a força do motor Honda, atrasou a frenagem, colocou-se na linha interna forçando Dovizioso a abrir ligeiramente e permitir a ultrapassagem. Lorenzo tentou aproveitar a oportunidade, perdeu o ponto de freio e sua moto descontrolada derrubou Dovizioso e Vinales. Rossi que estava seguindo o grupo de perto ainda tentou uma manobra evasiva, mas foi atingido já na área de escape. Qualquer dúvida sobre o possível vencedor do GP da Catalunha de 2018 acabou com esta manobra desastrada, Marc Márquez ficou isolado na disputa.
Com o vencedor praticamente decidido, o roteiro da prova não apresentou grandes novidades. Talvez a segunda posição de Fábio Quartararo tenha sido uma surpresa, porém as atuações do francês já vinham sugerindo que um pódio já estava próximo. Com alguns dos principais protagonistas alijados da prova, todo o interesse mudou para as posições secundárias onde houve alguma disputa entre Quartararo, Petrucci e Rins, que chegaram nesta ordem. Com 11 motos ficando pelo caminho e apenas 13 classificadas, pela primeira vez na temporada as duas KTM oficiais ficaram entre os top ten, ainda com Pol Espargaró na frente de Johann Zarco.
As CNTP (condições normais de temperatura e pressão) parecem ter sido projetadas para a festa de comemoração dos 70 anos de provas do mundial de motovelocidade, clima seco, 26° graus de temperatura ambiente, 51° na pista, humidade relativa do ar em 47% e ventos de 5 km/h, nada que justificasse o número absurdo de acidentes durante o evento. Na verdade, o público presente ao circuito de Montmeló foi presenteado com três vitórias de espanhóis, Marcos Ramirez obteve sua primeira vitória na Moto3 e a família Márquez (Alex com uma Kalex e Marc com a Honda) monopolizaram a Moto2 e MotoGP.
A amostra foi mínima, só uma volta e meia, mas o desempenho do #99 neste intervalo sugere que a recente visita de Jorge Lorenzo à fábrica da Honda no Japão deve apresentar resultados.
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