sexta-feira, 14 de junho de 2019

MotoGP – As tampas das rodas da Ducati






GP19 de Michelle Pirro em Mugello



Gigi Dall’Igna aprontou de novo. Em termos de aerodinâmica nos protótipos da MotoGP o administrador da Ducati já havia criado uma celeuma com o “sistema de refrigeração da roda traseira” no Catar, agora na primeira sessão de treinos em Mugello o equipamento do piloto convidado (“Wild Card”) Michelle Pirro apareceu com uma cobertura parcial da roda traseira fixada na balança oscilante. Ainda é prematuro julgar se a novidade está respaldada ou não nos regulamentos, mas com toda a certeza deve contribuir para aumentar o desempenho do equipamento.


A Ducati já utiliza uma proteção no pneu dianteiro, agora que despertou a curiosidade de todos com um dispositivo semelhante na roda motriz, aparentemente feito de carbono e com uma variedade de tamanhos. 


Estranho, se a versão da Ducati que a “colher” era utilizada apenas para canalizar ar frio para baixar a temperatura do pneu traseiro, sem produzir downforce, então porque criar um pacote completo incluindo uma capa parcial para a roda?


Uma realidade já conhecida da indústria de bicicletas é que existem diversos conceitos de rodas dependendo da utilização do veículo. Um modelo desenvolvido exclusivamente para competições em velódromos fechados utiliza uma ampla cobertura nas rodas para reduzir o arrasto, ser mais estável e resultar em maior velocidade.









A foto da direita mostra o tamanho de uma das proteções utilizadas na roda dianteira da Ducati GP19, enquanto na imagem da esquerda as dimensões são maiores, quase formando um ângulo de cobertura de 130°, gerando dúvidas sobre a sua funcionalidade.

Os adeptos das teorias de conspiração desconfiam que a Ducati esconda algum dispositivo ilegal atrás da capa, mas é praticamente impossível que isto aconteça.

Tudo indica que as peças têm funções aerodinâmicas para ordenar melhor o fluxo de ar sob o motor, é difícil responder ser vai resultar em algum ganho ou ter alguma influência no desempenho geral. Parece óbvio que o acessório foi desenvolvido com uma ferramenta de Dinâmica dos fluidos computacional (CFD) ou, melhor ainda, em um túnel de vento.


A Ducati utilizou um discurso evasivo nos treinos livres GP de Mugello para justificar a tampa da roda traseira na moto de Michele Pirro, há poucas dúvidas que deve ter função semelhante a instalada na roda dianteira. Em tese, a montada na traseira é mais focada em dirigir o fluxo de ar que é canalizado pela “colher”, que deve contribuir para um melhor equilíbrio em altas velocidades. Independentemente dos resultados obtidos nos testes, a novidade não estava presente nos protótipos que disputaram a prova. O circuito de Mugello é caracterizado por retas longas e estar localizado nas montanhas. Ducati parece buscar uma solução para aumentar a estabilidade da moto em alta velocidade quando na reta, sem sacrificar o desempenho da GP19 nas curvas. A cobertura parcial da roda traseira é mais uma ideia original de Gigi Dall’Igna, que  tem conceitos próprios da MotoGP e com certeza utilizando alguma lacuna nos regulamentos. Se é legal ou não ainda deve ser discutido.

Roda traseira da GP19 de Michelle Pirro nos testes em Mugello


A única certeza que existe é que a caixa de Pandora está definitivamente aberta. A decisão esdrúxula do tribunal de apelação na Suíça de julgar a legalidade de uma peça em função da descrição fornecida pelo fabricante e não da sua funcionalidade, criou espaço para as explicações mais absurdas possíveis. O “similar” da Honda à colher da Ducati foi licenciado como um dispositivo para enrijecer o braço oscilante. Mais fábricas devem investir no desenvolvimento de aerodinâmica para tornar seus produtos competitivos, com custos crescentes. Obrigatoriamente as empresas com mais recursos devem ser beneficiadas, que contraria frontalmente os conceitos da Dorna sobre a MotoGP.


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