Algumas ações e decisões administrativas demandam muito tempo
antes de apresentarem resultados.
A migração da Tech3 da Yamaha para a KTM pode ter sido negociada
durante poucos meses, mas a gênese deste processo, a criação das condições que
habilitaram esta mudança é bem mais antiga. Talvez se a MotoGP não tivesse
trocado de 990cc para 800cc para a temporada de 2007, se em 2005 não houvesse a
decisão de banir o patrocínio pela indústria do tabaco, se não tivesse
acontecido a crise financeira mundial com o colapso das hipotecas nos EUA, se
diversas coisas tivessem acontecido de modo diferente talvez o futuro da Tech3
como satélite da Yamaha pudesse ter sido mais previsível.
Evolução histórica
Nos últimos anos da década 90 as provas de protótipos perdiam espaço
para a Superbike. A produção de motos de estrada com motores de dois tempos
estava sendo substituída por unidades de quatro tempos, reduzindo sensivelmente
o interesse dos fabricantes investir para desenvolver esta tecnologia. A Dorna,
que tem um compromisso de longo prazo com a FIM para administrar o Mundial de Motociclismo,
preocupada com a redução de investimentos na categoria, esboçou um draft de contrato
com a MSMA (Motorcycle Sports Manufacturers Association), a organização que
representa os fabricantes. Foi a certidão de nascimento da MotoGP.
O ano de 2002 foi de transição e
os motores 500cc de dois tempos compartilharam as pistas com os 990cc quatro
tempos. A capacidade volumétrica de 990cc foi escolhida para não coincidir com
1000cc utilizados no Mundial de Superbike. Um registro histórico desta
temporada para nós, tupiniquins, é relacionado com o piloto Alex Barros. Ele
disputou as primeiras doze etapas utilizando uma NSR500 dois tempos e sua
melhor colocação foi um segundo lugar na Catalunha. Nas quatro provas
restantes, com uma RC211V quatro tempos, Barros venceu duas vezes, Japão e
Valência, e foi o segundo na Austrália e terceiro em Sepang. Para 2003 os
motores dois tempos foram banidos, a Dorna fechou com os fabricantes um acordo
de manter as regras estáveis por cinco anos, para possibilitar o retorno dos investimentos
necessários para o desenvolvimento da nova especificação.
Os motores 4 tempos disputaram o primeiro GP em 2002 e provaram
a superioridade, vencendo todas as provas do ano. Valentino Rossi iniciou a sua
carreira de multicampeão com oito vitórias nas primeiras nove provas. As novas
regras atraíram para a categoria o interesse de novos fabricantes como a
Aprilia, Kawasaki e Ducati. A competição foi nivelada pelo farto financiamento de
publicidade da indústria de tabaco, que reagiu às táticas de intimidação de
Bernie Ecclestone na Fórmula 1 e elegeu a MotoGP como veículo alternativo para
a divulgação de seus produtos.
O aumento da capacidade cúbica e o desenvolvimento da tecnologia
resultaram em um ganho enorme de velocidade, em 2002 as motos chegaram a 320km/h
na reta de Mugello, dois anos depois Loris Capirossi com uma Ducati alcançou
341km/h durante a prova. A velocidade dos protótipos evoluiu, porém não foi
acompanhada por características de segurança dos circuitos, como por exemplo
maiores áreas de escape. A Comissão de Grandes Prémios, que reúne a Dorna, (gestão
e direitos comerciais), IRTA (equipes), MSMA (fabricantes) e FIM (regulamentações)
buscaram maneiras de reduzir a velocidade.
Em 2007 optaram por, simultaneamente, reduzir a capacidade de
990cc para 800cc e limitar o volume máximo de combustível, congelando as
especificações por um período mínimo de cinco anos. Quando os protótipos com o
novo regulamento foram para as pistas a velocidade máxima foi efetivamente
controlada, entretanto os tempos por volta não diminuíram. As motos 800cc
exigiam uma nova técnica de pilotagem e possibilitavam maior velocidade nas
curvas. A limitação do combustível em 21 litros forçou as fabricas a investir
no gerenciamento eletrônico, controlando ainda mais a liberação de potência. O
arrojo e a coragem dos pilotos que até então era fundamental para vitórias foram
substituídos pela disciplina e precisão.
O foco do desenvolvimento na eletrônica e na evolução do número
de rotações para obter vantagens competitivas provocaram uma escalada de
custos. As limitações para união europeia em relação à propaganda de cigarros
reduziram os patrocínios e as equipes começaram a enfrentar problemas
financeiros.
Vinte e uma motos alinharam no grid da primeira corrida das
800cc no Catar. A equipe Ilmor, que devia ser uma das novidades da temporada,
desistiu depois da primeira prova quando percebeu a escala do investimento
financeiro necessário. No final de 2007 haviam 19 motos competindo, outra
equipe abandonou o campeonato e a largada da primeira prova de 2008 foi com
apenas 18 equipamentos na pista.
Foi um ano complicado em termos financeiros, diversas equipes
ameaçaram abandonar o campeonato se não houvesse algum tipo de auxílio da
Dorna. Havia também a preocupação da FIM, a entidade tinha assinado um contrato
de longo prazo com a Dorna para organizar a MotoGP e a classe definhava com
poucos equipamentos no grid, apesar da qualidade inconteste dos pilotos,
caracterizado pelo amadurecimento de um dos maiores ídolos do esporte, o
italiano Valentino Rossi.
Em 2008 a crise das hipotecas nos EUA abalou ainda mais o quadro
financeiro mundial (aquela mesma que o ex-presidente Lula classificou de marolinha),
o Lehman Brothers, um grande banco de investimento de Wall Street, faliu. Com o
mercado em pânico, todas as empresas congelaram projetos sem retorno financeiro
imediato. Houve a falência de várias empresas, principalmente no setor de
construção civil. A Espanha foi particularmente atingida, as empresas do país
eram a principal fonte de financiamento para muitas equipes da MotoGP.
Sem dinheiro e sem patrocínio a Kawasaki anunciou que se
retiraria da MotoGP em 2009, houve uma longa negociação para obrigar os
japoneses a honrar o acordo de 5 anos que haviam assinado até 2011. A Honda também
considerou seriamente abandonar a categoria, e só cedeu sob os argumentos do
compromisso histórico e da paixão dos nipônicos pelo esporte.
No início de 2010 o quadro geral era desolador. Aproveitando uma
brecha no compromisso assumido em 2007 a Suzuki reduziu a sua equipe para uma única
moto, apenas dezessete pilotos foram inscritos no campeonato evidenciando que o
Mundial de MotoGP não era sustentável na forma em que se encontrava.
O Império reage
A Dorna (organização & comercial) estava extremamente
preocupada com o futuro do esporte e decidiu, em conjunto com a IRTA (equipes
& patrocinadores) investir em uma correção do rumo, as provas tinham de ser
mais competitivas e os custos menores. A eletrônica e o número de rotações por
minuto deviam ser limitados.
Estes dois itens, acreditavam, seriam suficientes para suprimir
o gap entre concorrentes nas pistas.
Havia, porém, um problema, a MSMA (fabricantes) tinha o poder de
veto para alterações nos regulamentos técnicos e não aceitou estas mudanças. Sem
qualquer alteração, o baile seguiu até a nova rodada de negociações para o
período de 2012 a 2017, onde as condições das fábricas de vetar regulamentos
técnicos foram sensivelmente reduzidas. Não foi uma transição tranquila, a MSMA
posicionou-se contra as limitações na eletrônica que, se implementadas,
afastariam as fábricas do esporte. A Suzuki argumentou que sua participação não
faria sentido se não tivesse condições de desenvolver eletrônica. A Honda
seguiu na mesma linha, o chefe da HRC Shuhei Nakamoto afirmou textualmente “A Honda
não teria nenhum interesse no MotoGP sem desenvolvimento eletrônica”. A razão
era simples, os fabricantes utilizam a competição como laboratório para desenvolver
tecnologias para serem portadas para as máquinas comerciais. “Eletrônica
proprietária e limites de combustível fornecem dados valiosos para a engenharia
de motos de estrada da Honda”, explicou Nakamoto, “especialmente na economia de
combustível e na resposta ao acelerador. Este é o ambiente natural das Scooters”.
As negociações não foram fáceis. Na ausência de registros
oficiais das reuniões, vazaram uns poucos relatos, não confirmados pelas
partes. A HRC ameaçou retirar-se se a Dorna insistisse em impor uma
especificação de ECU. Uma fonte presente nas discussões confirmou que a posição
da Dorna foi inflexível, teriam dito a Nakamoto que ele poderia, neste caso,
acompanhar a próxima temporada pela TV. Entretanto um acordo foi oficializado
com concessões de ambas as partes.
A Recuperação
A partir de 2012 os motores teriam 1000cc, mais próximos dos
projetos desenvolvidos para equipamentos de estrada, seriam limitados a 4
cilindros com diâmetro máximo de 81mm, especificação dedicada a limitar as RPMs
que foi bem-sucedida durante algum tempo. Ainda era necessário conter os custos
das equipes e a Dorna criou a classe CRT (Claiming Rule Teams) para permitir a
participação de equipes independentes com orçamentos mais baixos, utilizando
motores de produção em chassis de protótipo. A novidade atraiu diversas
equipes, aumentando o número de equipamentos no grid. Os resultados apareceram,
em 2011 apenas 17 motos alinharam para a largada na primeira prova no Catar, em
2012, havia 21 equipamentos na pista.
As motos CRT com excesso de peso e potência limitada não tinham condição
para competir com equipamentos de fábrica, foram consistentemente mais de 2
segundos mais lentos nas pistas, mas em parte cumpriram a sua missão, reduziram
consideravelmente o custo de entrada na MotoGP. Em nenhum momento a Dorna
imaginou que um equipamento CRT pudesse vencer uma corrida, o seu proposito foi
pressionar os fabricantes, Honda, Yamaha e Ducati, mostrando que a categoria
tinha condições de sobreviver sem elas. Lógico,
não teria o mesmo appeal, mas a ideia trabalhada foi que os espectadores eram atraídos
para assistir a disputa entre os melhores pilotos do mundo, muitos estavam menos
preocupados com os detalhes das máquinas.
Este movimento, interpretado como um blefe nos fabricantes,
provou para ser incrivelmente eficaz. As fábricas prometeram disponibilizar motos
a preços razoáveis, porém exigiram algumas concessões em troca. A CRT evoluiu
para a Open Class e em 2014 as fábricas aceitaram especificações do hardware
ECU (não o software), em troca exigiram um corte no subsídio de combustível e
uma redução no número de motores permitidos por temporada, para criar um
desafio para seus departamentos de engenharia. As motos da Open Class poderiam
utilizar o pacote eletrônico padronizado (hardware e software) e, como
compensação, teriam mais combustível em cada prova.
Foi uma evolução, mas assim como já havia acontecido com a
classe CRT, a diferença de desempenho entre equipamentos das fábricas e da Open
Class continuava a ser significativa. Com um produto (MotoGP) melhor para
vender, a Dorna aumentou o seu poder de barganha e conseguiu convencer os
principais fabricantes a ceder, a popularidade do esporte estava em alta. O dinheiro
da TV contribuiu para manter o campeonato financeiramente saudável.
2015 foi um marco no motociclismo esportivo, as fabricas finalmente
aceitaram utilizar o pacote eletrônico completo e a partir de 2016 todos
usariam o hardware e software padronizados. Com especificação eletrônica vieram
novos fabricantes, a Suzuki voltou a participar e a Aprilia, que fornecia uma
versão turbinada da RSV4 para o WorldSBK, montou uma associação com a Gressini
e inscreveu uma equipe própria. Davide Brivio, o chefe da equipe Suzuki foi
específico ao indicar que as novas regras aumentavam as condições de
competitividade, “não era mais necessário um orçamento ilimitado para sonhar
com vitórias". A KTM iniciou o seu projeto de retornar para a MotoGP,
aproveitando as experiências na Moto2 e Moto3, investindo na construção de um
protótipo competitivo. As RC16 fizeram sua estreia em 2016 na última prova em Valência,
e disputaram 2017 com uma equipe com duas máquinas no grid.
O esforço realizado na elaboração dos regulamentos técnicos contribuiu
para melhorar o espetáculo e recuperar o brilho da MotoGP. Simultaneamente a
Dorna trabalhou para estabilizar economicamente as equipes privadas e houve uma
remodelação radical nos contratos com as fábricas. A contribuição da Dorna para
as equipes foi ampliada de 800.000 € para 2.800.000 € por piloto.
O subsídio direto para as fábricas foi cortado e a organizadora contribui
com 1 milhão de euros por moto no grid. Os fabricantes concordam em fornecer
equipamentos para as equipes a um preço máximo de 2,1 milhões de libras por
piloto. Mais importante, concordaram em fornecer para qualquer equipe satélite.
Várias coisas aconteceram, as equipes tiveram, além da liberdade
de escolha, a tranquilidade de um fluxo financeiro previsível. A introdução da
especificação eletrônica, juntamente com o congelamento do desenvolvimento do
motor durante a temporada para as equipes que conseguiram pelo menos um pódio no
ano anterior, com concessões para todos as demais, reduziu o gap entre
equipamentos na pista. A troca de fornecedor exclusivo de pneus também
introduziu uma variável a mais, porque todos partiram de uma base comum, sem
históricos anteriores para balizar o ajuste da moto. A Ducati, por ter
fornecido equipamentos para a Open Class, conseguiu explorar os segredos da
eletrônica padronizada com mais facilidade.
A aproximação do desempenho dos equipamentos potencializou a
importância de dois fatores que contribuem para o sucesso de uma equipe, o
talento do piloto e a quantidade de dados coletados para ajustar o equipamento
na forma ideal. A importância do piloto é inquestionável, a gestão adequada do
consumo de combustível e do desgaste dos pneus durante a prova fazem diferença.
Ter dois pilotos competentes coletando dados na mesma moto passou a ser insuficiente.
A busca de um ajuste perfeito para uma corrida só pode ser obtida através de
testes na pista, detalhes coletados e impressões dos pilotos.
Todos estes fatores juntos tiveram um efeito profundo não só nas
corridas, mas na maneira como a prova é planejada, na estratégia do piloto e no
equilíbrio de responsabilidades dentro do paddock. Hoje em dia não é apenas um
piloto que vence uma prova, é fundamentalmente um trabalho de equipe.
Nada como foi será, de novo, do jeito que já foi um dia
As equipes satélite foram durante muito tempo apenas uma fonte
de renda para as fábricas. No final da última prova em Valência, as fábricas
repassavam as motos utilizadas na temporada para as satélite e iniciavam o trabalho
com os seus novos modelos. A Tech3 literalmente patrocinava a Yamaha. A decisão
de migrar para a KTM em 2019 deve representar um déficit anual no orçamento
entre 5 € e € 6 milhões para a fábrica nipônica. Na última década uma equipe privada
que sonhava em ser competitiva tinha poucas opões, Yamaha ou Honda, além disso
o desempenho dos equipamentos era dependente da boa vontade da fábrica.
A Tech3 administrava um sentimento de ansiedade que não era
recente, já havia sido sinalizado em temporadas anteriores. Nunca seriam
competitivos se não houvesse um apoio decisivo da Yamaha. Essa tensão raramente
veio à público, mas podia ser percebida. O chefe da equipe, o francês Hervé
Poncharal, era infalivelmente educado quando o assunto era a Yamaha, sempre
expressou sua gratidão por seu apoio, mas por vezes deixava extravasar a sua
frustração. Nos últimos tempos ele citava frequentemente o apoio oferecido pela
Honda para a LCR e pela Ducati para Pramac como exemplos para melhorar o relacionamento
entre satélite e fábrica. O silêncio da Yamaha era eloquente, Poncharal sabia
que não tinha opções.
Felizmente para Tech3 os planos de longo prazo da Dorna
começaram a dar frutos. Com quatro fábricas disputando vitórias na MotoGP, Honda,
Yamaha, Ducati, e talvez a Suzuki, as equipes privadas tem um leque maior de
escolhas. Fábricas querem mais dados coletados por suas equipes satélites, e
incluem este fornecimento no pacote do fornecimento do equipamento. A Honda tem
Cal Crutchlow, com uma moto idêntica à utilizada por seus pilotos oficiais,
competindo pela LCR, caso similar ao de Danilo Petrucci com a Ducati na equipe
Pramac. Engenheiros da Honda e Ducati fornecem total apoio às equipes
satélites.
As novas fábricas perceberam que mais pilotos e mais informações
coletadas podem ser um diferencial. A Suzuki está garimpando uma equipe
satélite, a ideia é ter pelo menos um terceiro equipamento igual ao utilizado
pelos pilotos oficiais. Para a próxima temporada a KTM vai contar com a
colaboração da Tech3 como equipe sunsidiária, uma extensão da equipe de fábrica
com suporte completo. A KTM RC16 pode ainda não ser uma moto candidata ao
pódio, mas com o orçamento de € 250 milhões em cinco anos bancado pela Red Bull
não deve ter falta de recursos para impulsionar o seu desenvolvimento.
Muitas coisas mudaram na MotoGP nos últimos tempos. O
relacionamento entre fábrica e satélite mudou de fornecedor & cliente para
parceria. Nesta nova realidade a rádio paddock, o noticiário informal que corre
nos bastidores da MotoGP, indica que "A Yamaha está sofrendo as
consequências de sua arrogância". Não existe mais uma relação hegemônica. As
fábricas precisam das equipes privadas na mesma proporção que as privadas
precisam delas. As fabricantes ainda estão no comando, mas é necessário maior
esforço para manter um bom relacionamento com as suas equipes satélite.
A mudança do relacionamento entre fabricantes e satélites pode
ser identificado em muitas outras equipes. É dado como certo que Marc VDS deve
se desligar da Honda em 2019, há indícios que estejam negociando uma futura
parceria com Yamaha ou Suzuki, pesando os prós e contras de cada fábrica. A
Angel Nieto (nova identificação da Aspar) tem mantido contatos com a Ducati,
também existe a possibilidade de herdar as Yamaha da Tech3. Eles também consideram a possibilidade da
Suzuki e nesse caso admitem que suas chances são remotas. A equipe Avintia
avalia a possibilidade de trocar a Ducati pela Yamaha, as negociações, se
existirem, ainda não saíram dos contatos iniciais. Fontes da Aprilia indicam
que há o interesse em fornecer equipamentos para uma equipe satélite em um
futuro próximo.
A MotoGP desenvolveu um jargão próprio e identifica a dança das
cadeiras dos pilotos ao fim dos contratos como “Temporada Maluca” (Silly Season).
Este termo já não se aplica só para os pilotos, está sendo ampliado para
descrever equipes que podem escolher fornecedores e fábricas podem optar por satélites,
tornando mais flexíveis as condições para alcançar o sucesso. Equipes satélite
não entram mais nas discussões como como suplicantes, evoluíram para parceiros de
negociação, a HRC inclusive assumiu os salários de Cal Crutchlow que pilota
para a LCR.
Estas mudanças comportamentais têm repercussões no mercado de
pilotos. Ainda faltando um ano para o término dos contratos atuais nenhuma
mudança de vulto é esperada para o biênio 2020/2021 nas equipes candidatas ao
título, com exceção talvez da aposentadoria de Valentino Rossi. A coisa muda de
figura nas equipes privadas, com a possibilidade de troca de fornecedores e a farta
oferta de jovens talentos vindos da Moto2.
A Dorna, sob a condução de Carmelo Ezpeleta, está voando em céu
de brigadeiro. Os dois últimos campeonatos tiraram da MotoGP do duopólio
Honda/Yamaha e acrescentaram brilho à competição. O risco agora é a
complacência que pode fazer o mundial voltar aos seus velhos hábitos.
Ao contrário do que pode parecer, os fabricantes não encontram
vantagem significativa em um campeonato competitivo. Trabalhando com orçamentos
milionários, os chefes de equipes têm que mostrar serviço, e vitorias muito
diluídas não contribuem para o humor dos responsáveis pela alocação de
recursos. Apenas um piloto pode ser campeão do mundo, e apenas uma fábrica pode
obter o título de vencedora da temporada. Escolhas erradas e pequenas falhas
podem caracterizar uma fábrica como não competitiva e, comercialmente, esta
qualificação é um desastre. A KTM tem um projeto de cinco anos, se ao longo
deste período os resultados não aparecerem, a Red Bull pode reconsiderar manter
o fluxo de fartos recursos.
Existe um consenso que a MotoGP vive os seus melhores dias, o
plano de longo prazo estabelecido na década passada está apresentando
resultados. O problema de atingir o ápice é que é a única maneira seguir em
frente é para baixo. Manter-se no topo é o desafio atual a MotoGP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário