Como bom tupiniquim
detesto admitir, mas em se tratando do mundial de motovelocidade da Federação
Internacional de Motociclismo, os “hermanos” argentinos estão em vantagem. A
primeira prova válida pelo mundial realizada fora da Europa aconteceu no
circuito Juan & Oscar Gálvez, próximo a
Buenos Aires, em 1961. O Brasil hospedou a sua primeira disputa 26 anos depois,
no autódromo de Goiânia. Três pilotos argentinos estão listados na relação dos vencedores
dos 3.045 GPs oficiais realizados desde 1949, somando 9 vitórias nas categorias
500cc e 250cc. Só dois brasileiros figuram nesta lista, totalizando 8 primeiras
posições, 1 com Adu Celso (350cc) e 7 com Alex Barros (500cc & MotoGP). Nos
anos de 1961 e 1962 o GP da Argentina coroou na principal categoria, 500cc,
Jorge Kissling e Benedicto Caldarella respectivamente, dois pilotos argentinos.
Nos GPs disputados em território nacional – Goiânia, São Paulo e Rio - nunca
houve a possibilidade de comemorar a vitória de um piloto brasileiro. Este ano um
argentino e um brasileiro disputam as categorias de acesso à MotoGP, o
argentino Gabriel Rodrigo disputa a Moto3 (5° lugar no Catar) e o brasileiro
Eric Granado está inscrito na moto2 (30° em Losail).
Início de Temporada
Uma
análise mais abrangente da primeira prova da temporada em Losail indica que os
resultados estiveram de certa forma alinhados com os obtidos nos testes de pré-temporada.
Os protótipos da Ducati e Honda estão em um nível técnico muito semelhante, portanto
o traçado e topologia dos circuitos deve desempenhar um papel relevante na
atual temporada. Na próxima etapa em Rio Hondo o desempenho das motos deve ser
equivalente, as Honda em tese terão mais facilidades em Austin (Circuito da
Américas) e a primeira prova da temporada europeia em Jerez.
A
divulgação dos tempos por volta de todos os pilotos na prova de Losail
evidencia que Johann Zarco, da Yamaha Tech3, liderou as 17 primeiras voltas e não
reduziu o seu ritmo, os demais pilotos que se mantinham próximos aceleraram mais
no último terço da prova. Enquanto Zarco manteve seus tempos consistentes por
volta de 1,56s, Dovizioso, Márquez e Rossi andaram 6 a 7 décimos mais rápidos.
Rio Hondo
O
próximo GP está programado para 08 de abril no circuito Termas do Rio Hondo, um
balneário termal situado na província de Santiago del Estero, Argentina. A
MotoGP repete pelo quinto ano consecutivo a sua visita anual à America do Sul, depois
de ficar ausente por dez anos, desde o último GP Brasil no Autódromo Nélson
Piquet em 2004. A história da associação da MotoGP com Rio Hondo está em
processo de construção.
Em
2014, quando o circuito foi integrado ao calendário da MotoGP, a Honda iniciou
a temporada com um equipamento muito superior aos demais, Marc Márquez venceu
os 10 primeiros GPs da temporada, no resumo final do ano as motos Honda venceram
14 etapas, Rossi e Lorenzo com Yamaha dividiram as outras 4.
O GP
de 2015 ficou marcado pelo conflito na pista entre Valentino Rossi e Marc
Márquez. Em uma disputa pela liderança houve um toque entre a roda traseira do
italiano com a roda dianteira do espanhol. Como sempre acontece nestas
ocasiões, houve análises controversas. Os oficiais da prova e muitos comentaristas
consideraram um incidente normal de corrida, simpatizantes de Rossi culpam a
impetuosidade e imprudência de Márquez, alguns críticos principalmente da
Espanha entenderam que houve má fé do italiano e citam, como apoio a esta
conclusão, um episódio muito semelhante que aconteceu em Laguna Seca em 2008 entre
Rossi e Stoner.
Em
sua segunda prova como fornecedora exclusiva de pneus para a MotoGP, a Michelin
foi traída pelo piso abrasivo da pista de Rio Hondo em 2016. Os pneus originalmente
disponibilizados para a prova desgastaram muito rápido nos testes que antecedem
ao GP. Como solução emergencial foi necessário a empresa francesa embarcar da
fábrica, com urgência, um lote de construção mais robusta e ainda não
suficientemente testado. Para o GP não ser cancelado, os organizadores
decidiram programar uma seção extra para os pilotos testarem os novos pneus, encurtar
o percurso para 20 voltas e exigir uma troca compulsória de equipamentos (flag-to-flag)
entre as voltas 9 e 11. Na primeira metade da prova Márquez e Rossi disputaram a
liderança em cada metro da pista. Depois da troca de motos, o equipamento de
Rossi não apresentou o mesmo rendimento e Márquez venceu com facilidade.
Maverick
Vinales foi o nome em evidência no GP de 2017. Depois de liderar com facilidade
os testes pré-temporada e vencer o GP de abertura no Catar, Vinales se
apresentou como forte candidato ao título ao dominar sem contestação a prova da
Argentina. O restante da temporada, entretanto foi uma sequência de horrores
para o espanhol.
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