sexta-feira, 23 de março de 2018

MotoGP - Atores Coadjuvantes


Todos os filmes têm seus personagens principais, os atores em torno dos quais a principal trama do roteiro é desenvolvida. Entretanto, para a história ficar menos árida e mais verossímil, o diretor dilui as atenções com histórias paralelas montando cenários com vários atores coadjuvantes, que contribuem para o desenrolar da história principal.
Uma prova da MotoGP é semelhante, as atenções naturalmente ficam concentradas nas principais equipes, as que dispõem de maior orçamento, e nos pilotos que disputam a liderança. Entretanto, um GP não despertaria interesse se fosse disputado apenas por quatro ou cinco participantes. Em anos recentes a organizadora do mundial utilizou subterfúgios como as classes Open e CRT, com custos reduzidos, para incluir mais equipamentos no grid. A obrigatoriedade do uso da eletrônica padronizada e outras medidas endereçaram custos menores e maior competitividade, criando um produto mais emocionante para espectadores e mais atrativo para a TV.
A competição hoje inclui 6 marcas, quatro com grandes orçamentos e possibilidades reais de vitórias e duas, por enquanto, coadjuvantes. O início da temporada do Catar foi promissor, as três primeiras colocações foram obtidas por três equipamentos diferentes, Ducati Honda & Yamaha, separados por menos de 1 segundo. A Suzuki estava apresentando um bom desempenho e foi penalizada por uma queda de Alex Rins.
Dois fabricantes ficaram aquém das expectativas, KTM e Aprilia.
O novo motor da RS-GP da Aprilia mostrou um bom desenvolvimento na geração de potência, mas apresentou um defeito grave, em uma pista que não é muito exigente em relação ao consumo de combustível, Aleix Espargaró acabou parando com uma pane seca. O piloto italiano ficou surpreso porque sua estratégia era economizar nas primeiras voltas para ter reservas para poder gastar no final da prova, entretanto o seu alarme de consumo excessivo sinalizou já na terceira volta. Espargaró e Scott Redding compartilharam o sentimento de que a aderência traseira é deficiente. Espargaró penou nas primeiras voltas, Redding só identificou alguma melhora nas voltas finais, quando já não tinha mais o que fazer.
A etapa do Catar foi ainda pior para a KTM. O início da fábrica austríaca em 2017 foi claudicante, mas a partir da etapa da Holanda a equipe brigou por uma classificação entre os “top ten”, sugerindo a possibilidade de almejar nesta temporada uma colocação entre os cinco primeiros. Em Losail a RC16 esteva em dificuldades para marcar pontos. Pol Espargaró, o melhor dos dois pilotos KTM, apesar de descontado por lesão nas costas resultado de um acidente nos testes em Sepang, ele estava envolvido em uma disputa pela 15ª colocação quando foi abatido por um problema de eletrônica. Seu companheiro de equipe Bradley Smith terminou na 20ª colocação, 37,64 segundos atrás do vencedor.
O grande problema é que obter bons resultados é vital para a KTM, especialmente em uma época onde está os pilotos estão considerando suas opções para o próximo ano. Em tese a KTM devia estar no topo da lista para os que buscam um lugar ao sol no ultra disputado mercado de pilotos. Maus resultados como este bem podem dissuadir exatamente o tipo de piloto que eles precisam atrair.
A rádio paddock está fervilhando nesta época. Johann Zarco já explicitou que quer ser um piloto de fábrica e é considerado um forte candidato para a KTM, mas esbarra em uma exigência do francês que quer uma equipe de fábrica onde possa ser competitivo e lutar pelo título. Comenta-se que a Repsol Honda teria mostrado interesse em Zarco e, se isso for verdade, a KTM tem que ser muito melhor para atrair o francês.
O nome de Johann Zarco não é o único que está sendo comentado à boca pequena. Comenta-se que Andrea Dovizioso analisa propostas da Repsol Honda, fato que muitos interpretam como um fake criado por seus negociadores para melhorar a sua posição de na mesa de negociações com a Ducati. O até então fracasso de Jorge Lorenzo também é explorado com diversas possibilidades. Alguns vão mais longe, imaginam que a carreira de Dani Pedrosa na Honda esteja nos estertores, não faltam candidatos para a sua vaga.
Em termos de negociação entre equipes, a única certeza é que a Tech3 abandona a Yamaha para adotar a KTM. Até poucas semanas atrás era considerado seguro que a Marc VDS, desgostosa com a decisão da HRC em privilegiar a satélite LCRL, estaria fechando com a Yamaha, agora já se comenta que há negociações também com a Suzuki.
A tabela abaixo descreve a posição atual dos contratos entre pilotos e equipes. O piloto Francesco Bagnaia embora já com contrato assinado com a Pramac Ducati para o biênio 2019/2020 disputa a Moto2 nesta temporada:

Equipe Piloto Contrato até Temporada
Repsol Honda Marc Márquez 2020
  Dani Pedrosa 2018
Movistar Yamaha Maverick Vinales 2020
  Valentino Rossi 2020
Ducati Corse Jorge Lorenzo 2018
  Andrea Dovizioso 2018
Suzuki Andrea Iannone 2018
  Alex Rins 2018
KTM Bradley Smith 2018
  Pol Espargaró 2018
Aprilia Gresini Aleix Espargaro 2018
  Scott Redding 2018
Yamaha Tech3 Johann Zarco 2018
  Hafizh Syahrin 2018
LCR Honda Cal Crutchlow 2019 (Contrato HRC)
  Takaaki Nakagami 2018 (Contrato HRC)
Marc VDS Honda Franco Morbidelli 2018 [Opção 2020]
  Thomas Luthi 2018
Pramac Ducati Danilo Petrucci 2018 (Contrato Ducati)
  Jack Miller 2018 (Contrato Ducati)
  Francesco Bagnaia 2019/2020 (Contrato Ducati)
Avintia Ducati Xavier Simeon 2019
  Tito Rabat 2018
Aspar Ducati Alvaro Bautista 2018
  Karel Abraham 2018

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