Andrea Dovizioso & Marc Márquez |
Sui generis, único, original,
singular, peculiar.
São diversos os adjetivos que podem
caracterizar o circuito de Losail em Doha, Catar, cenário a primeira das
dezenove etapas do Mundial de MotoGP de 2018. O Circuito Internacional de
Losail é uma das melhores pistas do Oriente Médio, a único da região homologada
pela FIA e FIM. Pode ser utilizada 24hs por dia, com iluminação planejada
para evitar reflexos inclusive com a pista molhada. O circuito não foi
construído para fazer bilheteria, é um dos GPs com menor afluência de público
em todas as temporadas, até porque está localizado no meio de um deserto e tem
uma única arquibancada para espectadores. Foi construído para divulgar o
emirado e privilegiar o espetáculo pela TV.
Losail é um circuito curioso para
começar a temporada da MotoGP, além de ser a única prova realizada de noite, a
Dorna ainda encontrou uma maneira para tornar o evento ainda mais bizarro. Para
evitar as gotas de orvalho que se formam após as 21 horas e deixam a pista
traiçoeira, redistribuiu o horário das provas. A MotoGP foi a única classe que
correu na noite, FP2 e qualificação e prova foram realizadas com iluminação
artificial. Moto2 e Moto3 realizaram práticas e disputaram qualificação e
corrida durante o dia.
O efeito colateral foi que o novo
horário obrigou dois conjuntos de testes em condições radicalmente diferentes.
FP1, FP3 e “Warm Up” foram realizadas
a durante o dia, com sol, FP2, FP4, qualificação e corrida aconteceram depois
de escurecer, com temperaturas significativamente diferentes.
Se o GP de Losail servir como
amostra, a temporada de 2018 nos reserva grandes emoções. Os analistas
exclusivos de resultados dirão que quase nada mudou. Johann Zarco repetiu a sua
tática suicida de configurar o equipamento, uma satélite Yamaha com chassi
2016, para o máximo rendimento nas primeiras voltas e manteve a liderança
enquanto teve pneus. A Ducati confirmou que, se fosse um campeonato de pista
reta, a temporada já tinha um campeão. As Honda além de apresentaram um
progresso enorme sobre a máquina da temporada passada ainda contam com um
recurso extra, Marc Márquez. Valentino Rossi, de contrato renovado, mostrou que
continua extremamente motivado e competitivo.
Concentração de Valentino Rossi |
As últimas voltas do GP foram
frenéticas. Andréa Dovizioso defendendo a liderança só tinha sossego na grande
reta onde fazia valer a potência de seu motor. Na parte sinuosa do circuito
Marc Márquez grudava na sua rabeta e, fiel ao seu estilo, procurava
desestabilizar o italiano tentando ultrapassagens onde era impossível. Na
última volta o espanhol atacou pelo lado interno da pista e ultrapassou na
freada da última curva, mas foi obrigado a alargar o contorno e sofreu o Xis na
aceleração para a entrada da reta.
A vitória de Dovizioso sobre
Márquez por 0,027seg comprovou quase que integralmente as observações
realizadas nos teste pré-temporada, o progresso da Honda é evidente e a disputa
pela liderança até a bandeira final em uma pista complicada para a arquitetura
de sua moto não foi gratuita. A Ducati ainda é soberana na aceleração. O
resultado das Suzuki foi comprometido pela queda prematura de Alex Rins, que
fazia boa prova e chegou a ocupar a 6ª colocação. O terceiro lugar de Rossi a 8
centésimos do líder e a recuperação de Vinales durante a prova foram um alento
para a Yamaha, que aparentemente reencontrou o seu caminho.
Os dez primeiros contemplaram três
Ducati (1°, 5° e 10°), três Honda (2°, 4° e 7°), três Yamaha (3°, 6° e 8°) e
uma Suzuki (9°), mostrando equilíbrio na disputa entre os fabricantes. A Honda
de Cal Crutchlow (4°) foi a equipe independente mais bem colocada.
Tito Rabat começou bem 2018, 11ª
colocação com a Avintia, à frente do rookie Franco Morbidelli da Marc VDS
Honda. As decepções da prova ficaram por conta da KTM que estreou a temporada
sem marcar pontos e Jorge Lorenzo, que sofreu uma queda e continua a não
justificar o salário que recebe.
A próxima etapa é em Rio Hondo, na
Argentina, onde as Ducati e Honda oficiais não se classificaram na temporada
passada. O traçado do circuito não penaliza o projeto das Honda e não tem
grandes retas para a Ducati fazer a diferença. Um detalhe, no Catar este ano as
Ducati falaram mais alto na reta, porém o resultado só era evidente quase no
final, ao contrário do ano passado onde a diferença de motor era visível antes
da primeira metade.
A MotoGP deste ano vai complicar a
vida dos videntes e adivinhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário