sexta-feira, 13 de agosto de 2021

MotoGP - A história se repete

 


John Kocinski é um piloto estadounidense de origem polonesa, conquistou os títulos mundiais de 250cc em 1990 e Superbike em 1997.


 Kocinski (19) na caça de Mick Doohan (3), Kevin Schwantz (34) e Wayne Rainey (1) no GP do Japão de 1991.
 

John sempre foi um piloto habilidoso, embora de comportamento peculiar e personalidade complicada. Participou de nove edições do mundial de velocidade, alternando as categorias de 250cc e 500cc entre 1988 e 1994 e fixando-se nas 500cc em 1998 e 1999. Sua melhor temporada foi em 1990 com o título da 250cc.

Em 1996 e 1997 Kocinski disputou o mundial de Superbike, conseguindo o título em 1997 pilotando uma RC45, o único título da Honda na categoria. Seu currículo inclui 99 participações no mundial de motovelocidade com 35 pódios e 13 vitórias, e 48 participações no mundial de Superbike, com 29 pódios e 14 vitórias.

Como reconhecimento de suas conquistas Kocinski foi incluido no Hall da Fama da American Motorcyclist Association (AMA ) em 2015.



 

Em 1993, após um brilhante início de temporada na Suzuki 250, conquistou o primeiro pódio do fabricante na categoria no GP da Austrália. Entretanto, na sétima etapa do mundial, incomodado com o baixo desempenho de seu equipamento que resultou no terceiro lugar da prova, Kocinscki parou a moto na lateral da pista e acelerou em ponto morto até a alta rotação destruir o motor. Foi demitido ainda na pista. Mudou para a Cagiva no meio da temporada e conseguiu a primeira vitória do fabricante nas 500cc em Laguna Seca.

John Kocinski era um sujeito estranho, tinha diversas manias, além fobia de higiene. Passava horas limpando seus equipamentos e sofria bulling de Wayne Rainey e Eddie Lawson ,que propositamente sujavam seus pertences.

 
John Kocinski com uma Cagiva
 

As esquisitices de John na pista eram imprevisíveis. Após ter o título garantido na Superbike em 1997, na última etapa da temporada em Sentul, Indonésia, John estava liderando com seu companheiro de equipe, Aaron Slight, na segunda posição. Uma vitória do indonésio resultaria em seu vice-campeonato, colocando dois equipamentos da equipe Castrol-Honda nas primeiras posições.  Slight conseguiu uma ultrapassagem no início da última volta, porém o americano em seguida recuperou a posição em uma manobra arriscada, que por detalhes não tirou os dois companheiros da prova. Como resultado da imprudência e procedimento de risco de Kocinski, Slight ficou com a terceira posição no mundial. A total ausência de lealdade e espírito de companheirismo do americano inviabilizaram  a sua permanência na equipe para as temporadas seguintes.
 
 
Maverick Vinales no GP da Estíria 2021
 
Maverick Vinales sofreu um desequilibrio emocional no GP da Estíria e a Yamaha decidiu unilateralmente o afastar do GP da Áustria. O comporamento do espanhol guarda alguma semelhança com o episódio entre Kocinski e a Suzuki. A algum tempo o piloto não estava em uma situação confortável, a ponto de anunciar um divórcio amigável com a equipe em meio à temporada, abrindo mão de um ano de contrato. A decisão da Yamaha de afastar o espanhol já na próxima prova é complicada.

Depois de uma largada forte na primeira corrida do Red Bull Ring de domingo, houve uma bandeira vermelha e Vinales parou antes da relargada. Foi obrigado a partir dos boxes.

Foi um dia ruim para Vinales, a moto tinha diversos comportamentos estranhos, apresentava uma mensagem persistente de “pit lane” em seu painel, no transcorrer da prova foi penalizado por um long lap por exceder aos limites da pista e terminou na última colocação.

A fábrica divulgou uma nota oficializando que o piloto não disputaria o próximo GP. Em uma acusação nem um pouco velada, alegou que ele intencionalmente fez algo que poderia ter danificado o motor da M1, colocando em risco não apenas sua segurança, mas também a dos outros competidores.

Uma acusação muito séria.

A decisão de afastar o piloto deve ter sido muito bem avaliada porque existem diversos fatores que devem ser equacionados, esportivos e legais como por exemplo, o compartilhamento de patrocínios. O divórcio deixou de ser amigável, a equipe optou por um processo litigioso. Vinales está sendo acusado de ser um mau profissional e ter uma conduta antiética, que pode ter desdobramentos muito prejudiciais ao piloto sob os pontos de vista econômico e em sua carreira.

A declaração oficial completa da Yamaha sobre a suspensão de Vinales, que tem uma vitória nesta temporada na obtida na prova de abertura do Catar e ocupa a sexta posição no campeonato com 95 pontos, 77 atrás de seu colega de equipe Fábio Quartararo, é a seguinte:

“A administração lamenta anunciar que a participação de Maverick Vinales no evento austríaco de MotoGP programado deste fim de semana foi retirada por decisão da equipe Monster Energy Yamaha MotoGP.

A causa da suspensão de Vinales é devido à inexplicável operação irregular da motocicleta pelo piloto durante o GP da Styria do último fim de semana.

A decisão da Yamaha está fundamentada em uma análise detalhada da telemetria e dos dados coletados nos últimos dias.

A conclusão da Yamaha é que as ações do piloto poderiam ter causado danos significativos ao motor de sua moto YZR-M1, que por extensão poderia tresultar em sérios riscos ao próprio piloto e possivelmente representando um perigo para todos os outros competidores,

O piloto não será substituído no GP da Áustria.

As decisões sobre as próximas corridas serão tomadas após uma análise mais detalhada da situação e novas discussões entre a Yamaha e o piloto.”

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