"Like a Rolling Stone" é uma canção do músico e compositor norte-americano Bob Dylan. Sua letra de confronto surgiu de uma versão estendida de um verso que escreveu em junho de 1965, quando estava exausto de uma cansativa turnê pela Inglaterra. A canção de Dylan foi gravada também pelos Roling Stones e Beatles. Um dos trechos da letra, “Quem não tem nada, não tem nada a perder (When you ain't got nothing, you got nothing to lose)” aparenta ter sido a inspiração de Marc Márquez no GP da França.
Márquez & Bagnaia no GP da França 2021
Valentino Rossi dominou a MotoGP na década de 2000 e venceu com facilidade seu último mundial em 2009, com uma diferença de 45 pontos sobre seu companheiro Jorge Lorenzo, ambos defendendo a equipe oficial da Yamaha. Durante os reinos do GP da Itália em Mugello, em 2010, o The Doctor sofreu um grave acidente que resultou em uma fratura exposta, ficou em recuperação e perdeu 4 etapas, abrindo a oportunidade para a ascensão do colega de equipe. Depois deste acidente Rossi nunca mais conquistou um mundial, o mais próximo que conseguiu foi em 2015 quando sustentou a disputa até a última etapa da temporada em Valência, quando foi vencido por Jorge Lorenzo.
Valentino é atendido em Mugello 2010
Marc Márquez se acidentou em Jerez na abertura da temporada de 2020 e ficou afastado até o 3º GP desta temporada. A Honda, equipe com maior número de vitórias nos mundiais de MotoGP, perdeu a sua referência. Há muito todos os pilotos de equipamentos Honda da classe principal indicam que os protótipos japoneses são complicados para pilotar. Dani Pedrosa, que dividiu os boxes da equipe com Marc por diversas temporadas, justifica que os engenheiros da fábrica japonesa produzem protótipos visando o estilo de pilotagem de Márquez, centrando o desempenho no domínio absurdo que ele tem sobre a roda dianteira. Sem o seu campeão na disputa, a fábrica trabalhou para tornar a moto mais amigável para os outros pilotos e perdeu o foco.
Desde 2013, ano em que Márquez estreou na classe principal da MotoGP, a Honda contabilizou 68 vitórias, 56 do octacampeão, 9 de Pedrosa e 3 com Cal Crutchlow. Nos GPs disputados desde o acidente de Marc no início da temporada passada um véu negro cobriu a equipe e seus melhores resultados foram 2 pódios de Alex Márquez em 2020. Fazem 19 provas que um piloto Honda não pisa no degrau mais alto do pódio. Os números são muito eloquentes para indicar a clara dependência do fabricante japonês em relação ao piloto.
Marc Márquez voltou a participar do mundial de MotoGP nesta temporada e não disputou as duas primeiras etapas no Catar, voltou no GP de Portugal ainda sem as condições físicas ideais. Apesar de não apresentar a sua melhor forma, pilotou a melhor das 4 Honda classificadas. Além de não ter participado do desenvolvimento do protótipo, Marc encontrou um ambiente diferente no box. Uma das principais características do piloto é a lealdade com a sua equipe de apoio, dificilmente são vistos rostos novos em seu entorno. Nesta temporada a engenheira Jenny Anderson, que respondeu pela eletrônica da KTM de Pol Espargaró em 2020, se juntou à equipe. Ela substitui Gerold Bucher, o técnico de telemetria que acompanhou Marc Márquez em toda a sua carreira desde a equipe Repsol CX Moto2. Hugo, como era conhecido o veterano no paddock, fazia parte da unidade mais restrita do piloto e era o mais experiente do staff do campeonato mundial, onde estava integrado deste em 1994.
Alex Rins sofreu 2 quedas no GP
O circuito Bugatti em Le Mans que tem 4,1 km, sentido horário com 9 curvas para a direita e apenas 5 para a esquerda, tem a reputação de ser um dos que patrocinam maior número de acidentes. A prova da França foi atípica devido as condições do clima, a chuva intermitente foi responsável pela primeira prova flag-to-flag (onde a troca de equipamento é permitida) da temporada. Choveu durante a manhã, porém a largada foi autorizada com a pista seca e todos os pilotos equiparam seus equipamentos com pneus slick. As primeiras voltas foram conservadoras e não houve confusão, com exceção de uma saída de pista e queda da Yamaha de Franco Morbidelli no cascalho. Porém o clima insistia em ser o protagonista e faltando 23 voltas caiu um temporal. Os narradores oficiais da MotoGP utilizaram uma figuração da língua inglesa dizendo que estava chovendo gatos e cachorros (cats and dogs). Todos foram obrigados a trocar de moto (para uma com pneus de chuva) e houve um festival de erros no pitlane, Miller e Bagnaia excederam o limite permitido de velocidade na via de acesso, Quartararo errou a localização de seu equipamento reserva e, no final das contas, Márquez surgiu como o novo líder. O piloto espanhol é conhecido por sua adaptabilidade a condições adversas e logo adotou um ritmo quase 1 segundo mais rápido que os demais.
A convalescência de Marc Márquez deixou sequelas, a sua musculatura ainda não foi recuperada, que para o piloto é um problema enorme, seu físico está assimétrico, as reações em curvas para a direita não podem ser replicadas em curvas para a esquerda, e isto causou a sua primeira queda nas voltas seguintes. Recuperando a moto Márquez continuou, com muito atraso em relação aos líderes, a rodar entre 1 e 2 segundos mais rápido que os primeiros colocados, sua estratégia era ousada, como a chuva havia passado e a pista estava secando, queria mudar de novo para os pneus slick e recuperar um atraso de mais de 50 segundos. Não houve tempo, uma 2ª queda o tirou da competição.
A Ducati ainda não aceita favoritismo na temporada
A temporada está muito disputada, A vantagem do líder atual sobre Marc é de 64 pontos, foram realizadas 5 provas das 17 que hoje estão no calendário. É prematuro excluir o octacampeão dos candidatos ao título, embora as dificuldades sejam imensas. Ele precisa recuperar o físico, a confiança e provavelmente ajustar uma combinação de muitas coisas: configuração de suspensão, equilíbrio da moto, centro de gravidade, software de frenagem do motor e assim por diante para obter o melhor desempenho. Nem as dobradinhas (1º e 2º) em 2 provas consecutivas foram suficientes para a Ducati assumir seu favoritismo no mundial. Segundo o gerente da esquadra de Borgo Panigale, Davide Tardozzi, Marc não precisa de mais de meia temporada em suas condições físicas perfeitas para disputar o título.
O GP da França foi estranho em muitos aspectos, houve 117 acidentes no final de semana, o vencedor Jack Miller passeou pelo cascalho e foi penalizado com 2 voltas longas, dos 4 primeiros, apenas Johann Zarco não sofreu penalizações.
Primeira queda de Márquez
Desalento da equipe Honda pela queda de Márquez
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