sábado, 15 de maio de 2021

Spoiler do GP da França

 



O GP da França é disputado no circuito Bugatti, um autódromo permanente construído junto ao complexo La Sarthe, onde são disputadas as 24 de Le Mans. É um traçado curto, 4,185 km (2.600 milhas) com 14 curvas e vai hospedar a única prova realizada em solo gaulês em 2021.

Em Le Mans será realizada a 5ª etapa de temporada de 2021 e de acordo com os engenheiros e técnicos da Brembo, empresa italiana que fornece sistemas de frenagens para todos os fabricantes que disputam o mundial de motociclismo, o circuito se enquadra para as exigências de freios na categoria de médio porte. Na escala de 1 a 5 utilizada pelo fabricante dos componentes é avaliada com índice de dificuldade 3, o mesmo de 8 outros traçados que hospedaram ou devem hospedar a categoria este ano.

Apesar de ter a maior reta com apenas 674 metros de comprimento, o circuito contempla trechos de alta velocidade, em 2020 o piloto Pol Espargaro com uma KTM alcançou a marca de 311,6 km/h. O percurso inclui áreas que garantem a refrigeração adequada dos discos de carbono. Para evitar o risco de não atingir a temperatura ideal para o funcionamento do disco de freio, muitos pilotos podem optar por discos com área reduzida. A recomendação é que o componente de carbono deve ser utilizado independente do clima (chuva).  

 
Layout do Circuito Bugatti em Le Mans


O material utilizado pela Brembo nas pastilhas de freio da MotoGP é o carbono, pelo excepcional coeficiente de atrito e a constância do desempenho em temperaturas operacionais, que garante uma frenagem potente, uniforme e estável, sem fenômenos colaterais como, por exemplo, alongamento do curso da alavanca. As provas de GPs exigem massa e durabilidade específicas. O peso das pastilhas para a MotoGP é de apenas 50 gramas, menos da metade da variante utilizada em motos comerciais, a duração não ultrapassa os 900 km e a temperatura máxima suportada é de 800°C.

Durante uma volta completa no circuito os pilotos acionam os freios 9 vezes, totalizando 31 segundos, equivale aproximadamente a um terço do tempo de volta, a pista é a terceira mais curta do Campeonato Mundial de 2021. O sistema de frenagem está ativo em 34% da corrida, semelhante ao que acontece nos circuitos de Jerez (4.428 m) e Valencia (5,419 m) na Espanha e em Misano (4.180 m) na Itália.

 
Sistema dianteiro de freios da Aprilia


Quando utilizam os freios durante as voltas no Circuito Bugatti os pilotos sofrem uma desaceleração de pelo menos 1 g em 5 ocasiões, em 2 o valor não é inferior a 1,2 g e há 3 curvas em que a pressão no fluido do freio excede a 10 bar. Considerando o somatório de todos os acionamentos durante um GP, a pressão na alavanca de freio exercida piloto é da ordem de 975 kg.

Um equipamento da MotoGP deve ter um peso mínimo de 157 kg, incluindo óleo, água, dispositivos de cronometragem, câmera e equipamentos de registro de dados (regulamento). Os pilotos têm em média 67 kg, a vestimenta de proteção pesa 11 kg e 22 litros de combustível contribuem com mais 17 kg, na largada de uma prova o conjunto máquina-piloto desloca 260 kg. Ao acelerar esta massa a mais de 300 km/h e aplicar uma frenagem absoluta, os engenheiros da Brembo já constataram até 2 g de força negativa, o que equivale a cerca de 1,2 megajoules, energia cinética que precisa ser dissipada através do sistema de freios.

Esta magnitude de valor surgiu em algumas etapas da temporada passada e em provas iniciais em 2021 e embora atuem por breves períodos, o fato inegável é que as forças de frenagem estão atingindo limites inconcebíveis em temporadas recentes.

Se a moto e o piloto atingirem cerca de 2g de desaceleração, eles efetivamente pesam em torno de 500 kg durante a frenagem máxima. A maior parte dessa força passa pelo pneu dianteiro, o que é útil porque expande a área de contato de com o piso e aumenta a aderência. 

Quando um piloto de MotoGP freia, a maior parte de seu peso (incluindo o equipamento pessoal) é suportado por seus antebraços e pulsos, o que talvez explique a ocorrência cada vez mais comum de síndromes compartimentais (Arm Pump). Nesta temporada os pilotos Jack Miller, Iker Lecuona e Fábio Quartararo já passaram por cirurgias, Aleix Espargaro está programado para a próxima semana e Alex Márquez sinalizou que talvez seja o próximo (5 pilotos do total de 23 que já estiveram no grid este ano).


 
Iker Lecuona convalescendo de uma cirurgia de Arm Pump

O circuito Bugatti tem 9 zonas de frenagem, 2 exigem atenção especial dos pilotos porque são consideradas complicadas para os freios, 5 são de dificuldade média e as 2 restantes não são muito exigentes. O trecho mais difícil para os protótipos da MotoGP é a curva 9, os equipamentos sofrem uma redução de 295 km/h para 108 km/h em 4,5 segundos de frenagem, a pressão do fluído de freio atinge 13,6 bar. Os pilotos exercem uma carga de 6,4 kg na alavanca do freio, sofrem uma desaceleração de 1,5 g e no processo percorrem 239 metros.

 

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