O campeonato mundial de motociclismo é disputado na principal categoria por equipamentos de 6 fabricantes, 3 nipônicos (Yamaha, Suzuki e Honda), 2 italianos (Ducati e Aprilia) e 1 austríaco (KTM). Desde que a categoria assumiu a configuração de motores 4 tempos em 2002 somente em uma oportunidade, em 2007, o campeão não pilotava uma máquina não japonesa (Casey Stoner com uma Ducati italiana). Entre 2002 e 2019 pilotos da Honda e Yamaha dividiram todos os títulos.
Casey Stoner - Campeão de 2007 com uma Ducati
Então sobreveio a pandemia e trouxe com ela a imprevisibilidade.
A evolução dos regulamentos limita as diferenças entre máquinas, o medo da expansão do Covid obriga a uma condensação do calendário e restringe o número de circuitos. Depois de 4 etapas o mundial já contou com 4 líderes diferentes (Vinales, Zarco, Quartararo e Bagnaia), a Yamaha venceu as 3 primeiras etapas da temporada, a Ducati conseguiu as 2 primeiras posições em Jerez e um de seus pilotos lidera a competição, a Suzuki foi campeã em 2020 e está bem posicionada com Joan Mir e a Aprilia finalmente coloca Aleix Espargaró nas disputas. Honda e KTM são as decepções da temporada até o presente momento. A KTM ainda obteve bons resultados em temporadas recentes, enquanto a Honda depois de uma temporada épica em 2019 parece ter ingressado em um túnel sem fim.
No início de 2019 a equipe da Asa dourada montou o que muitos (incluindo este escriba) chamaram de “Equipe dos Sonhos” com os multicampeões Marc Márquez e Jorge Lorenzo. Embora a participação de Lorenzo tenha sido, por diversas razões, decepcionante, Marc Márquez conquistou praticamente sozinho a Tríplice Coroa: o título de pilotos, de equipes para a Repsol Honda e de construtores para a HRC.
A Equipe dos Sonhos – Márquez e Lorenzo na Repsol Honda 2019
O acidente de Marc Márquez em Jerez na primeira etapa do ano passado resultou em zero vitórias durante a temporada, algo que não acontecia desde 1982. Os únicos resultados significativos foram os pódios de Alex Márquez em Le Mans e Aragon. Mesmo com o retorno tardio do octacampeão, o suplício da Honda não foi atenuado, a fábrica ocupa a 5ª posição entre os construtores, na frente por uma margem escassa de pontos da KTM.
O GP da Espanha igualou o pior desempenho da fábrica desde o início da atual fase da MotoGP em 2002, 18 provas sem vencer. A última vez que isto aconteceu foi entre o GP da a Grã-Bretanha em 2008 e o da Holanda em 2009.
Marc não está satisfeito com o atual desempenho do equipamento. Sem contar com o talento do campeão, a máquina foi ajustada para ser mais amigável ao piloto, o resultado foi que a moto perdeu velocidade no durante a viragem nos cantos e não compensa na saída das curvas, onde residiam seus pontos fortes. O problema de Márquez é tentar entender tudo o que mudou na sua ausência e, em última instância, não descarta voltar ao equipamento que tinha no início de 2020 na Andaluzia, que aliás é o responsável pelo melhor resultado da equipe na atual temporada, o 4º lugar de Nakagami em Jerez.
Takaaki Nakagami – 4º em Jerez
Pol Espargaró está decepcionado com seu primeiro ano na equipe: “Meus sentimentos são ruins, não consigo ser veloz nas curvas e, se tento compensar na frenagem, não consigo parar a moto. Ele está surpreso com o método de trabalho da equipe, que privilegia a individualidade. Não falta trabalho, mas como ele ainda não tem milhagem com a moto, fica dependendo do que os engenheiros e mecânicos colocam à sua disposição. Ao contrário do que acontecia na KTM, cada piloto da HRC sai com um chassi ou configurações muito diferentes.
Pol Espargaro e Marc Márquez – A atual formação da Repsol - Honda
A luz no fim do túnel ainda não está aparecendo, assim a esperança pode estar no equipamento que foi utilizado por Takaaki Nakagami, que na última prova obteve o melhor resultado de um equipamento Honda nesta temporada. Óbvio, a maiores esperanças da volta aos bons resultados dependem da melhora física do Marc.
A atual situação do campeonato Mundial
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