Paddock
da MotoGP
Evitar
aglomerações é um dos comportamentos recomendados para reduzir a velocidade de
contágio do Corona Vírus. Cedo ou tarde todos vão ser contaminados, a
velocidade de propagação é que necessita ser controlada para equipar os
hospitais com recursos para enfrentar a agressividade da doença, que pode ser
letal para os que tem sistema imunológico debilitado. A infraestrutura atual não
está preparada para enfrentar esta adversidade, por isto é importante retardar
ao máximo o contágio.
A
MotoGP é um esporte inerentemente gregário. Nos fins de semana de GPs os paddocks
estão entulhados de gente, bem pouco pode ser feito para ser diferente. Se não
houver outros eventos programados, como provas por campeonatos locais, uma
etapa do Mundial leva para a pista 88 pilotos, 22 da MotoGP, 32 da Moto2 e 34
da Moto3, mais o pessoal de apoio das equipes.
Porque
tanta gente é necessária em um fim de semana de para realizar uma etapa da
MotoGP? Como diria Jack, o estripador, vamos por partes. Uma equipe consiste de
pessoal administrativo, apoio logístico, encarregados dos equipamentos e
pilotos. Para efeitos de exemplo, a Monster Energy Yamaha havia requisitado
para a prova do Catar (que acabou não sendo realizada) credenciais de acesso ao
paddock para 27 pessoas. O quadro abaixo resume a solicitação da equipe de
fábrica:
Administração
|
APOIO
|
Mavecick Vinales
|
Valentino Rossi
|
Kouishi
Tsuji
Presidente Yamaha Motor Racing
|
Marc
Canela
Coordenador da Equipe
|
Steban
Garcia Amoedo
Chefe da tripulação
|
Silvano
Galbusera
Chefe da tripulação
|
Lin
Jarvis
Dir. Administrativo
Chefe de Equipe
|
Takehiro
Suzuki
Coordenador de partes e peças
|
Davide
Marelli
Engenheiro de Dados
|
Hitoshi
Hoshino
Engenheiro YMC
|
Hiroshi
Itou
Gerente Geral
Desenvolvimento
|
Paolo
Gianota
Supervisor da Garage
Motorista
|
Julian
Simon
Analista de performance
|
Idalio
Manuel Gavira
Analisa de performance
|
Tashiro
Sumi
Líder Grupo MotoGP
|
Leonardo
Gena
Motorista
|
Yoichi
Nakayama
Engenheiro YMC
|
Matteo
Flamigni
Engenheiro de Dados
|
Massimo
Meregalli
Diretor da Equipe
|
Jurij
Pellegrini
João
Madurga
Revilla
Javier Ullate
Ian
Gilpin
Mecânicos
|
Alex Briggs
Mark Robert Elder
Bernard Ansiau
Brent Stephens
Mecânicos
|
Uma análise superficial indica que a
relação não inclui a infraestrutura de apoio, cozinheiros, garçons, estafetas,
grid-girls, assessores comerciais e os responsáveis pela hospitalidade. Este
pessoal não necessariamente acompanha a equipe no translado entre os circuitos
que hospedam o campeonato e pode ser suprido por recursos locais. A estrutura
da Yamaha quase com certeza não é replicada em todas as equipes, algumas da
Moto2 e Moto3 são muito mais enxutas, porém a maioria das que disputam a classe
principal opera com uma composição semelhante. Cada equipe também tem pilotos que
estão sempre à disposição caso um dos pilotos principais não possa competir. Sylvain Guintoli (Suzuki), Stefan Bradl
(Honda), Michele Pirro (Ducati), Mika Kallio (KTM) e Jorge Lorenzo (Yamaha)
normalmente acompanham as equipes. Bradley Smith é um caso à parte, só consta
no line up porque a situação de
Andrea Iannone está sub judice, a
Aprilia está em um processo acelerado de desenvolvimento de uma máquina
radicalmente nova e conta com 6 pilotos de testes.
Além dos recursos próprios das equipes,
ainda trabalham no paddock técnicos de fornecedores de componentes essenciais para
as motos que são produzidos por empresas terceirizadas. Engenheiros da Brembo
(Freios), Michelin (pneus), Ohlins (garfos e suspensão) ou provedores de
transmissão Zero Shift Performance (Aprilia), são requisitados para monitorar e
sugerir o melhor desempenho possível das partes sob sua responsabilidade no dia
da corrida. Cada pista requer ajustes e configurações diferentes, ninguém pode ser
onisciente em um GP. Também é necessário um especialista em telecomunicações
para transmitir os dados captados pela telemetria e receber análises diretas
dos responsáveis pelo desenvolvimento nas fábricas.
O paddock de um GP opera com uma
linha tênue que separa a organização e o caos.
Também transitam pelo paddock
especialistas dos mais diversos matizes como, por exemplo, da Accenture Applied
Intelligence (Irlanda) que é o parceiro digital oficial da Ducati Team. Especialistas
analíticos da empresa auxiliaram a desenvolver os sistemas de freios da
Desmosedici GP20. A Accenture também desenvolveu o aplicativo de Otimização de
Estoque de Peças Sobressalentes, que rastreia todos os itens da empresa em
Borgo Panigale.
Existem outras empresas que são
importantes para a MotoGP. A MRK1 Consulting (Bahrain) trabalha na área de negócios
e instalações e é reconhecida por sua atividade em projetos e gestão de
instalações de esporte motorizado. Os resultados obtidos pela MRK1 podem ser
verificados na Tailândia, que entrou no calendário em 2018 e na Indonésia que,
se não houver a intervenção de medidas sanitárias, pode ser incluída este ano.
Em ambas as pistas a empresa é responsável por todos os aspectos das operações,
incluindo a gestão do pessoal local e requisitos promocionais contínuos para o
evento apresentar os melhores resultados.
Outra organização que contribui com o
brilho da MotoGP é a Dromo, que administra o projeto e superfície de pistas. A
Dromo (Itália) tem o foco centrado na segurança e, recentemente, trabalhou com
a Tarmac (UK) para corrigir o desastre que resultou do recapeamento de
Silverstone em 2018.
A Tarmac é uma empresa sediada no
Reino Unido especializada em materiais de construção sustentáveis e que não
agridem ao meio ambiente. O composto desenvolvido para o piso de Silverstone
foi elogiado pelos pilotos de F-1 em julho e pelos pilotos da MotoGP em agosto
de 2019. Alex Rins deve dividir com a Tarmac os créditos da brilhante vitória
no GP da Inglaterra, com as condições incríveis da superfície e pelo fato da
nova pista oferecer uma aderência diferente de qualquer outra do calendário. A
Dromo está trabalhando, entre outros, no recapeamento de pistas em Ímola,
Misano, Sepang e o projeto do Rio de Hondo apenas para citar alguns.
Recapeamento de Silverstone
A BMW também participa do sucesso da
MotoGP pelo fornecimento dos carros de segurança. BMW M5 podem ser vistos
circulando pelo circuito no período que antecede as provas ou se houver um acidente.
Há dois veículos fornecidos pela BMW chamado Ômega 1 e Ômega 2, esses carros
são parte integrante dos procedimentos de segurança quando as coisas dão
errado, um carro pode fornecer assistência médica rápida, incluindo
desfibriladores, enquanto o outro mantém os pilotos em um ritmo seguro, durante
o tempo que for necessário até que seja considerado seguro voltar às condições
normais da prova. Há também equipe médica dedicada que viaja com o paddock da
MotoGP, incluindo médicos especializados em traumatismos e enfermeiros.
Carros de Segurança |
Uma prova não é possível sem a
presença dos comissários de pista, que tem a função de garantir a segurança dos
espectadores e profissionais que viabilizam uma etapa da MotoGP. Embora
requeira algum tipo de conhecimento, usualmente os comissários são voluntários,
qualquer pessoa com paixão por corridas de motocicleta pode se candidatar e
acompanhar as corridas muito próximo dos pilotos.
A MotoGP requer um contingente
razoável de pessoas para a realização de um vento. É complicado convencer
autoridades sanitárias dos locais onde tem autódromos que todo este grupo pode
ser controlado e não servir de veículo para aumentar o contágio. Profissionais
de diversas modalidades contribuem para tornar possível que os pilotos
exercitem o seu talento e os espectadores tenham acesso a grandes espetáculos.
Comissários em Phillip Island
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