sábado, 13 de junho de 2020

MotoGP – Não são só os pilotos






Paddock da MotoGP


Evitar aglomerações é um dos comportamentos recomendados para reduzir a velocidade de contágio do Corona Vírus. Cedo ou tarde todos vão ser contaminados, a velocidade de propagação é que necessita ser controlada para equipar os hospitais com recursos para enfrentar a agressividade da doença, que pode ser letal para os que tem sistema imunológico debilitado. A infraestrutura atual não está preparada para enfrentar esta adversidade, por isto é importante retardar ao máximo o contágio.

A MotoGP é um esporte inerentemente gregário. Nos fins de semana de GPs os paddocks estão entulhados de gente, bem pouco pode ser feito para ser diferente. Se não houver outros eventos programados, como provas por campeonatos locais, uma etapa do Mundial leva para a pista 88 pilotos, 22 da MotoGP, 32 da Moto2 e 34 da Moto3, mais o pessoal de apoio das equipes.

Porque tanta gente é necessária em um fim de semana de para realizar uma etapa da MotoGP? Como diria Jack, o estripador, vamos por partes. Uma equipe consiste de pessoal administrativo, apoio logístico, encarregados dos equipamentos e pilotos. Para efeitos de exemplo, a Monster Energy Yamaha havia requisitado para a prova do Catar (que acabou não sendo realizada) credenciais de acesso ao paddock para 27 pessoas. O quadro abaixo resume a solicitação da equipe de fábrica:



Administração
APOIO
Mavecick Vinales
Valentino Rossi
Kouishi Tsuji
Presidente Yamaha Motor Racing
Marc Canela
Coordenador da Equipe
Steban Garcia Amoedo
Chefe da tripulação
Silvano Galbusera
Chefe da tripulação
Lin Jarvis
Dir. Administrativo
Chefe de Equipe
Takehiro Suzuki
Coordenador de partes e peças
Davide Marelli
Engenheiro de Dados
Hitoshi Hoshino
Engenheiro YMC
Hiroshi Itou
Gerente Geral
Desenvolvimento
Paolo Gianota
Supervisor da Garage
Motorista
Julian Simon
Analista de performance
Idalio Manuel Gavira
Analisa de performance
Tashiro Sumi
Líder Grupo MotoGP
Leonardo Gena
Motorista
Yoichi Nakayama
Engenheiro YMC
Matteo Flamigni
Engenheiro de Dados
Massimo Meregalli
Diretor da Equipe

Jurij Pellegrini
João Madurga
Revilla Javier Ullate
Ian Gilpin
Mecânicos
Alex Briggs
Mark Robert Elder
Bernard Ansiau
Brent Stephens
Mecânicos

Uma análise superficial indica que a relação não inclui a infraestrutura de apoio, cozinheiros, garçons, estafetas, grid-girls, assessores comerciais e os responsáveis pela hospitalidade. Este pessoal não necessariamente acompanha a equipe no translado entre os circuitos que hospedam o campeonato e pode ser suprido por recursos locais. A estrutura da Yamaha quase com certeza não é replicada em todas as equipes, algumas da Moto2 e Moto3 são muito mais enxutas, porém a maioria das que disputam a classe principal opera com uma composição semelhante. Cada equipe também tem pilotos que estão sempre à disposição caso um dos pilotos principais não possa competir. Sylvain Guintoli (Suzuki), Stefan Bradl (Honda), Michele Pirro (Ducati), Mika Kallio (KTM) e Jorge Lorenzo (Yamaha) normalmente acompanham as equipes. Bradley Smith é um caso à parte, só consta no line up porque a situação de Andrea Iannone está sub judice, a Aprilia está em um processo acelerado de desenvolvimento de uma máquina radicalmente nova e conta com 6 pilotos de testes.

Além dos recursos próprios das equipes, ainda trabalham no paddock técnicos de fornecedores de componentes essenciais para as motos que são produzidos por empresas terceirizadas. Engenheiros da Brembo (Freios), Michelin (pneus), Ohlins (garfos e suspensão) ou provedores de transmissão Zero Shift Performance (Aprilia), são requisitados para monitorar e sugerir o melhor desempenho possível das partes sob sua responsabilidade no dia da corrida. Cada pista requer ajustes e configurações diferentes, ninguém pode ser onisciente em um GP. Também é necessário um especialista em telecomunicações para transmitir os dados captados pela telemetria e receber análises diretas dos responsáveis pelo desenvolvimento nas fábricas.

O paddock de um GP opera com uma linha tênue que separa a organização e o caos.



Também transitam pelo paddock especialistas dos mais diversos matizes como, por exemplo, da Accenture Applied Intelligence (Irlanda) que é o parceiro digital oficial da Ducati Team. Especialistas analíticos da empresa auxiliaram a desenvolver os sistemas de freios da Desmosedici GP20. A Accenture também desenvolveu o aplicativo de Otimização de Estoque de Peças Sobressalentes, que rastreia todos os itens da empresa em Borgo Panigale.

Existem outras empresas que são importantes para a MotoGP. A MRK1 Consulting (Bahrain) trabalha na área de negócios e instalações e é reconhecida por sua atividade em projetos e gestão de instalações de esporte motorizado. Os resultados obtidos pela MRK1 podem ser verificados na Tailândia, que entrou no calendário em 2018 e na Indonésia que, se não houver a intervenção de medidas sanitárias, pode ser incluída este ano. Em ambas as pistas a empresa é responsável por todos os aspectos das operações, incluindo a gestão do pessoal local e requisitos promocionais contínuos para o evento apresentar os melhores resultados.

Outra organização que contribui com o brilho da MotoGP é a Dromo, que administra o projeto e superfície de pistas. A Dromo (Itália) tem o foco centrado na segurança e, recentemente, trabalhou com a Tarmac (UK) para corrigir o desastre que resultou do recapeamento de Silverstone em 2018.  

A Tarmac é uma empresa sediada no Reino Unido especializada em materiais de construção sustentáveis e que não agridem ao meio ambiente. O composto desenvolvido para o piso de Silverstone foi elogiado pelos pilotos de F-1 em julho e pelos pilotos da MotoGP em agosto de 2019. Alex Rins deve dividir com a Tarmac os créditos da brilhante vitória no GP da Inglaterra, com as condições incríveis da superfície e pelo fato da nova pista oferecer uma aderência diferente de qualquer outra do calendário. A Dromo está trabalhando, entre outros, no recapeamento de pistas em Ímola, Misano, Sepang e o projeto do Rio de Hondo apenas para citar alguns.



Recapeamento de Silverstone



A BMW também participa do sucesso da MotoGP pelo fornecimento dos carros de segurança. BMW M5 podem ser vistos circulando pelo circuito no período que antecede as provas ou se houver um acidente. Há dois veículos fornecidos pela BMW chamado Ômega 1 e Ômega 2, esses carros são parte integrante dos procedimentos de segurança quando as coisas dão errado, um carro pode fornecer assistência médica rápida, incluindo desfibriladores, enquanto o outro mantém os pilotos em um ritmo seguro, durante o tempo que for necessário até que seja considerado seguro voltar às condições normais da prova. Há também equipe médica dedicada que viaja com o paddock da MotoGP, incluindo médicos especializados em traumatismos e enfermeiros.

Carros de Segurança


Uma prova não é possível sem a presença dos comissários de pista, que tem a função de garantir a segurança dos espectadores e profissionais que viabilizam uma etapa da MotoGP. Embora requeira algum tipo de conhecimento, usualmente os comissários são voluntários, qualquer pessoa com paixão por corridas de motocicleta pode se candidatar e acompanhar as corridas muito próximo dos pilotos.

A MotoGP requer um contingente razoável de pessoas para a realização de um vento. É complicado convencer autoridades sanitárias dos locais onde tem autódromos que todo este grupo pode ser controlado e não servir de veículo para aumentar o contágio. Profissionais de diversas modalidades contribuem para tornar possível que os pilotos exercitem o seu talento e os espectadores tenham acesso a grandes espetáculos.



Comissários em Phillip Island

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