terça-feira, 7 de novembro de 2017

MotoGP - Decisão em 3D



As esperanças italianas no mundial de MotoGP giram em torno de 3 D, a moto Ducati, o piloto Dovizioso e o gestor da equipe Dall’Igna. As dificuldades, e são muitas, estão confinadas geograficamente na Espanha, terra do também postulante Marc Márquez e onde está localizado o circuito que vai hospedar a última prova da temporada, em Valência. A Ducati, desde foi revitalizada com o aporte de capital gerencial e financeiro do Grupo Audi, hoje representa a excelência italiana em duas rodas e  pode emplacar o novo campeão do mundo.
A incursão da Ducati no mundo da motovelocidade iniciou em 1985 quando a empresa foi comprada pelo Grupo Cagiva. O espírito entusiasta dos dois herdeiros do proprietário Giovanni Castiglioni (o nome do grupo é o acrônimo de Castiglioni, Giovani e Varese, sua cidade natal) foi responsável pela inserção da fábrica de Borgo Panigale nas competições de motos. A Ducati equipou mitos da Superbike como Troy Bayliss e Carl Fogarty, chegou na MotoGP em 2003 com Loris Capirossi e alcançou o ápice na temporada de 2007 com a vitória do lendário Casey Stoner. 
Gigi Dall'Igna é um projetista que foi apresentado às provas de velocidade em duas rodas na Aprilia em 1992. Cedo despontou como um raro talento, associando conhecimento técnico com uma sólida disciplina de trabalho. Dall’Igna aprendeu com motos 125cc/250cc e comandou os boxes que conquistaram dois títulos mundiais da Superbike com Max Biaggi. No final de 2013 aceitou o convite da fábrica de Bolonha e assumiu como diretor de esportes da divisão Ducati Course Racing. A Desmosedici GP15, evolução das GP 14.1, GP 14.2 e GP 14.3, foi a primeira moto desenvolvida sob sua responsabilidade. No final de 2016 Dall’Igna comandou um lance ousado com a mega contratação do multicampeão Jorge Lorenzo. 
Os tempos de glória da carreira de Andrea Dovizioso pareciam estar limitados aos primeiros anos de sua carreira, quando conquistou o mundial de 125cc em 2004 e nos dois anos seguintes foi vice na classe 250cc. O italiano chegou na MotoGP em 2008 pilotando uma moto Honda. Em 2009 foi contratado como piloto oficial da fábrica em parceria com Dani Pedrosa, neste ano conseguiu sua primeira vitória no GP da Inglaterra, disputado abaixo de chuva em Donington Park. Em 2011 a Honda disputou a temporada com três pilotos, mantendo a dupla Pedrosa/Dovizioso e contratando o australiano Casey Stoner, que conquistou o título. Dovizioso mudou para a Tech3 com equipamento Yamaha em 2012, depois que a Honda reverteu a decisão anterior e concentrou as atenções em Stoner & Pedrosa. Em 2013 Dovizioso substituiu Valentino Rossi na Ducati, este ano está completando a quinta  temporada com a equipe. Nas temporadas de 2015 e 2016 a Desmosedici era reconhecida como uma moto muito eficiente em trechos retos e extremamente complicada em curvas, os pilotos completavam as provas completamente exaustos. A evolução da GP 17 endereçou esta característica e o equipamento atual é um dos melhores das pistas. 
Andrea Dovizioso já praticava exercícios físicos massivos para adquirir musculatura suficiente para controlar a potência das Ducati, este ano ele também utilizou recursos profissionais para se preparar psicologicamente, melhorando as suas habilidades de concentração para administrar GPs estressantes. Os resultados apareceram. 
No próximo domingo, em Valência, a Desmosedici GP 17 de Andrea Dovizioso vai alinhar no grid de largada com a responsabilidade de representar as esperanças de conseguir  um título puro sangue, campeão e moto italianos. Não é uma tarefa fácil. Marc Márquez tem uma quilométrica vantagem de 21 pontos e só não será campeão se Dovizioso vencer e ele não conseguir 5 ou mais pontos. Parece uma tarefa quase impossível, mas uma situação semelhante ocorreu em 2006 quando uma queda de Valentino Rossi resultou em um título improvável para Nicky Hayden. 
As chances de Dovizioso estão baseadas em uma frase de Juan Manuel Fangio que já tem mais de sessenta anos: “Carreras son carreras”.



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