As esperanças italianas no mundial de MotoGP giram
em torno de 3 D, a moto Ducati, o piloto Dovizioso e o gestor da equipe
Dall’Igna. As dificuldades, e são muitas, estão confinadas geograficamente na
Espanha, terra do também postulante Marc Márquez e onde está localizado o
circuito que vai hospedar a última prova da temporada, em Valência. A Ducati,
desde foi revitalizada com o aporte de capital gerencial e financeiro do Grupo
Audi, hoje representa a excelência italiana em duas rodas e pode emplacar o novo campeão do mundo.
A incursão da Ducati no mundo da motovelocidade
iniciou em 1985 quando a empresa foi comprada pelo Grupo Cagiva. O espírito
entusiasta dos dois herdeiros do proprietário Giovanni Castiglioni (o nome do
grupo é o acrônimo de Castiglioni, Giovani e Varese, sua cidade natal) foi
responsável pela inserção da fábrica de Borgo Panigale nas competições de
motos. A Ducati equipou mitos da Superbike como Troy Bayliss e Carl Fogarty,
chegou na MotoGP em 2003 com Loris Capirossi e alcançou o ápice na temporada de
2007 com a vitória do lendário Casey Stoner.
Gigi Dall'Igna é um projetista que foi apresentado
às provas de velocidade em duas rodas na Aprilia em 1992. Cedo despontou como
um raro talento, associando conhecimento técnico com uma sólida disciplina de
trabalho. Dall’Igna aprendeu com motos 125cc/250cc e comandou os boxes que
conquistaram dois títulos mundiais da Superbike com Max Biaggi. No final de
2013 aceitou o convite da fábrica de Bolonha e assumiu como diretor de esportes
da divisão Ducati Course Racing. A Desmosedici GP15, evolução das GP 14.1, GP
14.2 e GP 14.3, foi a primeira moto desenvolvida sob sua responsabilidade. No
final de 2016 Dall’Igna comandou um lance ousado com a mega contratação do
multicampeão Jorge Lorenzo.
Os tempos de glória da carreira de Andrea Dovizioso
pareciam estar limitados aos primeiros anos de sua carreira, quando conquistou
o mundial de 125cc em 2004 e nos dois anos seguintes foi vice na classe 250cc.
O italiano chegou na MotoGP em 2008 pilotando uma moto Honda. Em 2009 foi
contratado como piloto oficial da fábrica em parceria com Dani Pedrosa, neste
ano conseguiu sua primeira vitória no GP da Inglaterra, disputado abaixo de
chuva em Donington Park. Em 2011 a Honda disputou a temporada com três pilotos,
mantendo a dupla Pedrosa/Dovizioso e contratando o australiano Casey Stoner,
que conquistou o título. Dovizioso mudou para a Tech3 com equipamento Yamaha em
2012, depois que a Honda reverteu a decisão anterior e concentrou as atenções
em Stoner & Pedrosa. Em 2013 Dovizioso substituiu Valentino Rossi na
Ducati, este ano está completando a quinta
temporada com a equipe. Nas temporadas de 2015 e 2016 a Desmosedici era
reconhecida como uma moto muito eficiente em trechos retos e extremamente
complicada em curvas, os pilotos completavam as provas completamente exaustos.
A evolução da GP 17 endereçou esta característica e o equipamento atual é um
dos melhores das pistas.
Andrea Dovizioso já praticava exercícios físicos
massivos para adquirir musculatura suficiente para controlar a potência das
Ducati, este ano ele também utilizou recursos profissionais para se preparar
psicologicamente, melhorando as suas habilidades de concentração para
administrar GPs estressantes. Os resultados apareceram.
No próximo domingo, em Valência, a Desmosedici GP 17
de Andrea Dovizioso vai alinhar no grid de largada com a responsabilidade de
representar as esperanças de conseguir
um título puro sangue, campeão e moto italianos. Não é uma tarefa fácil.
Marc Márquez tem uma quilométrica vantagem de 21 pontos e só não será campeão
se Dovizioso vencer e ele não conseguir 5 ou mais pontos. Parece uma tarefa
quase impossível, mas uma situação semelhante ocorreu em 2006 quando uma queda
de Valentino Rossi resultou em um título improvável para Nicky Hayden.
As chances de Dovizioso estão baseadas em uma frase
de Juan Manuel Fangio que já tem mais de sessenta anos: “Carreras son
carreras”.
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