quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

MotoGP - Factory-Spec & A-Spec


Franco Morbidelli tem sido a origem de um clima de desconforto na Yamaha. É complicado explicar para investidores e patrocinadores que o menor salário entre os pilotos, tripulando um equipamento desatualizado e de uma equipe independente (Petronas) obtém o vice-campeonato mundial enquanto astros consagrados como Valentino Rossi, Maverick Vinales e Fábio Quartararo ficam para trás. A Yamaha tem duas especificações de equipamentos inscritas na temporada de 2021, a chamada Factory-Spec com todos os avanços da engenharia implementados e A-Spec, que basicamente corresponde a máquina que foi desenvolvida para ser utilizada por Valentino Rossi na temporada de 2019.
 
 
Franco Morbidelli lidera Stefan Bradl & Fábio Quartararo
 
Em 2021 Franco Morbidelli será o único piloto Yamaha a não dispor de uma Factory-Spec. É uma situação estranha, Jack Miller, piloto oficial da Ducati que elegeu a si próprio como favorito na disputa de título da temporada se Marc Márquez não tiver condições de correr, indicou Morbidelli como seu mais forte concorrente. Aparentemente todos, à exceção da Yamaha, acreditam no piloto ítalo-brasileiro.
 
O diretor executivo da Yamaha Racing, Lin Jarvis, explica que a especificação das motos para a próxima temporada é opção compartilhada entre fábrica e equipe, e que há consequências financeira envolvidas. Por se tratar de protótipos, existem problemas com prazo de entrega de peças terceirizadas e a pandemia que insiste em não ser erradicada cria um ambiente econômico desfavorável.
 
A decisão sobre a especificação da moto de Morbidelli foi tomada no meio do ano passado. Não há tempo hábil para uma mudança em poucos meses. Não existem dúvidas que Franco merece uma Factory-Spec, o problema é que isto simplesmente não é possível agora.
 
Na temporada passada a moto A-Spec obteve performances muito semelhantes às Factory-Specs, em alguns circuitos até melhores. Talvez não haja grande prejuízo para o companheiro de Valentino Rossi na Petronas. Seu antigo colega de equipe, o agora piloto da Yamaha oficial Fábio Quartararo sugere que a escolha pode ter sido do próprio Morbidelli ficar com o A-Spec para 2021, depois de acompanhar os problemas para os pilotos da Factory-Spec nas corridas finais do ano passado.
 
Muitos consideram uma aposta porque o equipamento de Franco Morbidelli era consistente e o piloto estava fazendo um ótimo trabalho, os resultados do mundial do ano passado foram significativos. Em um campeonato curto (14 GPs), o equipamento A-Spec de Morbidelli obteve a segunda colocação somando (158 pontos), as Factory-Spec obtiveram a 6ª colocação com Vinales (132 pontos), 8ª com Quartararo (127 pontos) e apenas a 15ª com Rossi (66 pontos). Um dado significativo nesta estranha temporada foi o número de provas com pilotos sem pontuação, a moto 2019 de Morbidelli não contabilizou pontos em 3 provas, as 2020 passaram em branco em 11 etapas, o que comprova que o campeonato foi uma exceção.
 
O diretor Lin Jarvis lembra que, embora o motor esteja congelado, a Factory-Spec da "nova geração" deve ter um pacote muito mais refinado de implementações em 2021. As máquinas devem ser muito mais consistentes e ter um desempenho melhor este ano. Um dos principais desenvolvimentos inclui mover o chassi Factory-Spec para mais perto das características da A-Spec de Morbidelli, em 2021 as diferenças entre os dois tipos de M1 provavelmente serão menores. O diretor da equipe Massimo Meregalli vê vantagens em duas especificações distintas, permite ao corpo técnico da fábrica ter acesso a uma variedade maior de dados. A Yamaha pode ver o que funciona e o que não funciona comparando as duas especificações, e fazer as escolhas corretas para fornecer a seus pilotos equipamentos competitivos.


Valentino Rossi

 
Uma palavra sobre Valentino Rossi

O decano dos pilotos está a 21 anos disputando a principal categoria do motociclismo esportivo mundial e seu último título foi conquistado em 2009, 11 anos atrás. Desde então o italiano tem sido batido nas temporadas por desafiantes mais jovens, Jorge Lorenzo 2 vezes em 2010 e 2015 (com um equipamento igual ao dele), o fenômeno Marc Márquez em 2013, 2014, 2016, 2017, 2018 & 2019, Joan Mir no ano passado e o australiano Casey Stoner em 2011.
 
Rossi obteve suas melhores performances na última década entre 2014 e 2016 quando conquistou o vice-campeonato, sendo que apenas em 2015 conseguiu levar a decisão para o GP final da temporada. Sua última vitória foi em 2017 na Holanda (Assen), desde então participou d 59 GPs sem galgar o degrau mais alto do pódio. Seus números atuais não condizem com seu histórico de verdadeira lenda no esporte.

 
Arte fotográfica mostrando Valentino Rossi na Sepang-Petronas
 
Para a temporada de 2021 foi afastado da equipe oficial da Yamaha e recolocado pela fábrica na satélite Sepang-Petronas, onde tentou manter suas regalias dos tempos áureos e esbarrou na intransigência de Razlan Razalia, o gestor da equipe da Malásia. Embora a sabedoria popular reconheça que “panela velha é que faz comida boa”, a comparação culinária não tem funcionado muito com ele. Desde sua última vitória a Yamaha conquistou 10 GPs, 4 com Vinales, 3 com Quartararo e 3 com Morbidelli. Em 2020 a fábrica venceu a metade das etapas na temporada curta, 7 em 14 GPs, o que de certa forma esvazia o argumento que é problema da moto.
 
Seus jogos mentais não impressionam mais e nos últimos tempos Rossi tem frequentado a mídia mais para justificar maus resultados e reclamar sobre o próprio equipamento que comentar as suas performances. Respeitando tudo que Valentino já fez e conquistou com o motociclismo, os sintomas são claros e o diagnóstico aparentemente está contido no dito popular, “A fila andou”.
 
Embora em 2021 Valentino irá dispor de uma M1 Factory-Spec e todo o apoio da fábrica Yamaha, lembrando que seu colega de equipe ex-aluno de sua academia Franco Morbidelli vai utilizar uma A-Spec, ao contrário deste Rossi nunca é citado como um dos favoritos para vencer o mundial. Os objetivos do italiano em bater os recordes vitórias e campeonatos na principal categoria que atualmente pertencem a Giacomo Agostini estão longe demais para serem alcançados.

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