Valentino Rossi
Nelly furtado é uma compositora e
cantora luso-canadense que em 2006 emplacou um sucesso que pode ser portado na
íntegra para o estágio atual da MotoGP. Embora em um contexto diferente, o
ensinamento da letra da música é didático: Todas as coisas boas um dia acabam
(All good things come to the end).
Em uma época do ano em que as notícias da MotoGP costumavam ser apenas em torno da apresentação dos novos modelos dos protótipos que participarão da próxima temporada, os aficionados da categoria tiveram diversas novidades. Uma notícia importante para os tupiniquins foi que a emissora do Jardim Botânico cancelou as transmissões ao vivo das provas pela TV, inclusive demitindo seus profissionais que eram uma referência na cobertura do esporte.
A equipe oficial da Yamaha radicalizou, em um intervalo de poucos dias noticiou a permanência de Maverick Vinalles para o biênio 2021/2022, a contratação de Fabio Quartararo para ser seu companheiro e emitiu uma declaração de amor indicando que, se o decano das pistas Valentino Rossi optar por continuar competindo, disponibilizaria para ele um equipamento no estado da arte, com todas as atualizações disponíveis. Em outras palavras, a Yamaha admira e respeita o velho campeão, porém quer atrelar seu futuro em talentos mais jovens. Há inúmeros indícios que esta solução tenha sido negociada com Rossi, poucas semanas atrás ele fez diversos elogios à satélite SIC Petronas e não descartou a hipótese de pilotar para a equipe. Uma outra opção, a inclusão da Sky VR46 no grid da MotoGP está, por hora, descartada.
Valentino Rossi venceu o último mundial de 500cc (motores 2 tempos) em 2001 e os dois primeiros da era 4 tempos com equipamentos Honda em 2002 e 2003. Migrou para a Yamaha conquistando na sequência os títulos de 2004 e 2005. Em 2006 perdeu a temporada para Nicky Hayden (Honda) por uma queda na última prova em Valência. Em 2007 foi atropelado pela estrela ascendente de Casey Stoner (Ducati) e conquistou seus dois últimos títulos em 2008 e 2009.
O ponto de inflexão na carreira vitoriosa de Valentino Rossi aconteceu em julho de 2010 na pista de Mugello, no 3º treino livre antes do GP da Itália. O piloto sofreu um acidente grave que resultou em uma fratura exposta na perna direita. A infelicidade de Rossi coincidiu com a melhor fase de seu companheiro de equipe, Jorge Lorenzo, que fora contratado em 2008 como segundo piloto. Em 2010, o espanhol de 23 anos fez uma temporada perfeita. Terminou todas as corridas, conquistou 9 vitórias, 7 pódios e marcou um recorde de pontos (383) que só foi batido por Marc Márquez em 2019.
Quando Lorenzo conquistou o título mundial em 2010, a Yamaha condicionou a permanência de Rossi na equipe se aceitasse um corte no salário e o status de número dois. Depois de uma década como um dos desportistas mais bem pagos do mundo, uma renumeração menor não era problema, mas Rossi sempre fora o número um. Casey Stoner ficou com a melhor moto disponível em 2011, deixou a Ducati pela Repsol Honda, a equipe do seu herói de infância, Mick Doohan. Rossi tomou a atitude que todos esperavam, despediu-se da sua amada Yamaha e foi para a Ducati compondo a equipe dos sonhos dos italianos. Na época alguém escreveu que uma vitória de Rossi com uma Ducati seria equivalente ao Papa vencer o GP de Monza pilotando uma Ferrari. Tinha tudo para ser uma história fantástica, foi um desastre completo.
Depois de dois anos horrorosos para um piloto vencedor, o ídolo italiano voltou para a Yamaha em 2013, porém o contexto havia mudado. Lorenzo conquistou o título de 2012 e Casey Stoner anunciou a sua aposentadoria, abrindo espaço para o talento de Marc Márquez. A carreira de Valentino ainda apresentou algum brilho em 2015, com 4 vitórias em 18 provas, desde então subiu no degrau mais alto do pódio apenas 3 vezes, 2 em 2016 e uma em 2017.
Em seus 24 anos competindo nas diversas categorias do mundial de motociclismo até o acidente em 2010 Rossi nunca passou uma temporada inteira sem vitórias, que aconteceu em seus anos de Ducati (2011/2012) e repetiu agora nos dois últimos anos. Os resultados de Marc Márquez estão mudando os padrões de referência para o esporte das duas rodas. Desde 2013 o espanhol conquistou 56 vitórias contra apenas 10 de Rossi. O recorde de vitórias por temporada, que desde a introdução do regulamento da MotoGP em 2002 foi estabelecido por Rossi em 2005 (11 vitórias em 17 etapas), foi batido por Márquez em 2014 (13 em 18) e 2019 (12 em 19).
A importância de Valentino Rossi para a MotoGP excede aos resultados nas pistas. Seu carisma, paixão pelo motociclismo e tino comercial fizeram dele mais que um simples líder, sua participação em qualquer evento arrecada uma multidão de torcedores com bandeiras amarelas e o número 46. Rossi administra o complexo comercial VR46, que inclui uma divisão de marketing com um faturamento que excedeu a 20 milhões de Euros no último ano, além de controlar a VR46 Riders Academy para formação de pilotos e as equipes Sky VR46 que disputam Moto2 & Moto3. Quase com certeza o piloto, depois que se aposentar das pistas, deve assumir a função de Embaixador da Yamaha no esporte.
Não existe na MotoGP um protótipo que seja nitidamente superior aos demais em todos os circuitos. A linha de desenvolvimento de um equipamento impõe alguns compromissos, veículo com excelente poder de aceleração tem dificuldades no contorno de curvas, motores V4 desenvolvem maior potência, com cilindros em linha são mais equilibrados. Franco Morbidelli, que chegou na MotoGP com uma Honda da Marc VDS e migrou para uma Yamaha da SIG Petronas, declarou que são duas motos completamente diferentes, a RC213V exige ser dominada pelo piloto, a YRZ M1 é mais amigável, requer carinho. Neste contexto fica estranho as constantes reclamações dos pilotos Yamaha por maior velocidade final em retas, assim como as exigências dos pilotos Ducati por maior desempenho em curvas. O conceito que orientou o desenvolvimento dos equipamentos endereçava estas restrições.
A carreira de Valentino Rossi só não foi perfeita por ele não ter conseguido bater os recordes de Giacomo Agostini de número de mundiais e de vitórias em GPs, mesmo considerando que esses números foram obtidos em outras circunstâncias. Muitos nunca entenderam a razão pela qual em 2015, depois de uma corrida onde Marc Márquez ultrapassou Jorge Lorenzo na disputa pela liderança na última volta e onde ele perdeu a 3ª colocação para Andrea Iannone a poucos metros da bandeira quadriculada (Phillip Island), Rossi denunciou uma conspiração espanhola para evitar seu nono título mundial. Esta acusação elevou as tensões entre os pilotos e resultou no chamado Incidente em Sepang, que causou a sua punição para largar na última posição do grid na prova de Valência, que decidiu o campeonato em favor de Jorge Lorenzo.
Conta a lenda que a picada da mosca azul inocula nas pessoas doses concentradas de ambição e poder. De certa forma todos os pilotos que experimentaram algum sucesso na MotoGP foram picados e procuram de alguma forma manter a proximidade com o esporte. Giacomo Agostini e Mick Doohan, que brilharam em suas respectivas épocas, até hoje são presenças frequentes em todos os GPs. Aqui em Pindorama existe o exemplo de Alex Barros que depois de uma carreira brilhante abandonou a MotoGP em 2006. Próximo aos 50 anos de idade (tem 49) ainda brilha nas pistas. Seja qual for o futuro de Valentino Rossi, até um retorno à Aprilia onde conquistou seus primeiros títulos mundiais já foi especulado, vai manter “The Doctor” próximo das pistas. O seu nome é, e vai ser durante muito tempo, sinônimo de motovelocidade.
Assim como ensina o sucesso de Nelly Furtado, todas as coisas boas um dia acabam. A equipe oficial da Yamaha decidiu que a partir de 2021 vai centrar seus esforços em Maverick Vinales (25 anos) e Fábio Quartararo (20). Valentino (41) terá, se quiser, o total apoio da fábrica em qualquer equipe que queira competir.
Em uma época do ano em que as notícias da MotoGP costumavam ser apenas em torno da apresentação dos novos modelos dos protótipos que participarão da próxima temporada, os aficionados da categoria tiveram diversas novidades. Uma notícia importante para os tupiniquins foi que a emissora do Jardim Botânico cancelou as transmissões ao vivo das provas pela TV, inclusive demitindo seus profissionais que eram uma referência na cobertura do esporte.
A equipe oficial da Yamaha radicalizou, em um intervalo de poucos dias noticiou a permanência de Maverick Vinalles para o biênio 2021/2022, a contratação de Fabio Quartararo para ser seu companheiro e emitiu uma declaração de amor indicando que, se o decano das pistas Valentino Rossi optar por continuar competindo, disponibilizaria para ele um equipamento no estado da arte, com todas as atualizações disponíveis. Em outras palavras, a Yamaha admira e respeita o velho campeão, porém quer atrelar seu futuro em talentos mais jovens. Há inúmeros indícios que esta solução tenha sido negociada com Rossi, poucas semanas atrás ele fez diversos elogios à satélite SIC Petronas e não descartou a hipótese de pilotar para a equipe. Uma outra opção, a inclusão da Sky VR46 no grid da MotoGP está, por hora, descartada.
Valentino Rossi venceu o último mundial de 500cc (motores 2 tempos) em 2001 e os dois primeiros da era 4 tempos com equipamentos Honda em 2002 e 2003. Migrou para a Yamaha conquistando na sequência os títulos de 2004 e 2005. Em 2006 perdeu a temporada para Nicky Hayden (Honda) por uma queda na última prova em Valência. Em 2007 foi atropelado pela estrela ascendente de Casey Stoner (Ducati) e conquistou seus dois últimos títulos em 2008 e 2009.
O ponto de inflexão na carreira vitoriosa de Valentino Rossi aconteceu em julho de 2010 na pista de Mugello, no 3º treino livre antes do GP da Itália. O piloto sofreu um acidente grave que resultou em uma fratura exposta na perna direita. A infelicidade de Rossi coincidiu com a melhor fase de seu companheiro de equipe, Jorge Lorenzo, que fora contratado em 2008 como segundo piloto. Em 2010, o espanhol de 23 anos fez uma temporada perfeita. Terminou todas as corridas, conquistou 9 vitórias, 7 pódios e marcou um recorde de pontos (383) que só foi batido por Marc Márquez em 2019.
Quando Lorenzo conquistou o título mundial em 2010, a Yamaha condicionou a permanência de Rossi na equipe se aceitasse um corte no salário e o status de número dois. Depois de uma década como um dos desportistas mais bem pagos do mundo, uma renumeração menor não era problema, mas Rossi sempre fora o número um. Casey Stoner ficou com a melhor moto disponível em 2011, deixou a Ducati pela Repsol Honda, a equipe do seu herói de infância, Mick Doohan. Rossi tomou a atitude que todos esperavam, despediu-se da sua amada Yamaha e foi para a Ducati compondo a equipe dos sonhos dos italianos. Na época alguém escreveu que uma vitória de Rossi com uma Ducati seria equivalente ao Papa vencer o GP de Monza pilotando uma Ferrari. Tinha tudo para ser uma história fantástica, foi um desastre completo.
Depois de dois anos horrorosos para um piloto vencedor, o ídolo italiano voltou para a Yamaha em 2013, porém o contexto havia mudado. Lorenzo conquistou o título de 2012 e Casey Stoner anunciou a sua aposentadoria, abrindo espaço para o talento de Marc Márquez. A carreira de Valentino ainda apresentou algum brilho em 2015, com 4 vitórias em 18 provas, desde então subiu no degrau mais alto do pódio apenas 3 vezes, 2 em 2016 e uma em 2017.
Em seus 24 anos competindo nas diversas categorias do mundial de motociclismo até o acidente em 2010 Rossi nunca passou uma temporada inteira sem vitórias, que aconteceu em seus anos de Ducati (2011/2012) e repetiu agora nos dois últimos anos. Os resultados de Marc Márquez estão mudando os padrões de referência para o esporte das duas rodas. Desde 2013 o espanhol conquistou 56 vitórias contra apenas 10 de Rossi. O recorde de vitórias por temporada, que desde a introdução do regulamento da MotoGP em 2002 foi estabelecido por Rossi em 2005 (11 vitórias em 17 etapas), foi batido por Márquez em 2014 (13 em 18) e 2019 (12 em 19).
A importância de Valentino Rossi para a MotoGP excede aos resultados nas pistas. Seu carisma, paixão pelo motociclismo e tino comercial fizeram dele mais que um simples líder, sua participação em qualquer evento arrecada uma multidão de torcedores com bandeiras amarelas e o número 46. Rossi administra o complexo comercial VR46, que inclui uma divisão de marketing com um faturamento que excedeu a 20 milhões de Euros no último ano, além de controlar a VR46 Riders Academy para formação de pilotos e as equipes Sky VR46 que disputam Moto2 & Moto3. Quase com certeza o piloto, depois que se aposentar das pistas, deve assumir a função de Embaixador da Yamaha no esporte.
Não existe na MotoGP um protótipo que seja nitidamente superior aos demais em todos os circuitos. A linha de desenvolvimento de um equipamento impõe alguns compromissos, veículo com excelente poder de aceleração tem dificuldades no contorno de curvas, motores V4 desenvolvem maior potência, com cilindros em linha são mais equilibrados. Franco Morbidelli, que chegou na MotoGP com uma Honda da Marc VDS e migrou para uma Yamaha da SIG Petronas, declarou que são duas motos completamente diferentes, a RC213V exige ser dominada pelo piloto, a YRZ M1 é mais amigável, requer carinho. Neste contexto fica estranho as constantes reclamações dos pilotos Yamaha por maior velocidade final em retas, assim como as exigências dos pilotos Ducati por maior desempenho em curvas. O conceito que orientou o desenvolvimento dos equipamentos endereçava estas restrições.
A carreira de Valentino Rossi só não foi perfeita por ele não ter conseguido bater os recordes de Giacomo Agostini de número de mundiais e de vitórias em GPs, mesmo considerando que esses números foram obtidos em outras circunstâncias. Muitos nunca entenderam a razão pela qual em 2015, depois de uma corrida onde Marc Márquez ultrapassou Jorge Lorenzo na disputa pela liderança na última volta e onde ele perdeu a 3ª colocação para Andrea Iannone a poucos metros da bandeira quadriculada (Phillip Island), Rossi denunciou uma conspiração espanhola para evitar seu nono título mundial. Esta acusação elevou as tensões entre os pilotos e resultou no chamado Incidente em Sepang, que causou a sua punição para largar na última posição do grid na prova de Valência, que decidiu o campeonato em favor de Jorge Lorenzo.
Conta a lenda que a picada da mosca azul inocula nas pessoas doses concentradas de ambição e poder. De certa forma todos os pilotos que experimentaram algum sucesso na MotoGP foram picados e procuram de alguma forma manter a proximidade com o esporte. Giacomo Agostini e Mick Doohan, que brilharam em suas respectivas épocas, até hoje são presenças frequentes em todos os GPs. Aqui em Pindorama existe o exemplo de Alex Barros que depois de uma carreira brilhante abandonou a MotoGP em 2006. Próximo aos 50 anos de idade (tem 49) ainda brilha nas pistas. Seja qual for o futuro de Valentino Rossi, até um retorno à Aprilia onde conquistou seus primeiros títulos mundiais já foi especulado, vai manter “The Doctor” próximo das pistas. O seu nome é, e vai ser durante muito tempo, sinônimo de motovelocidade.
Assim como ensina o sucesso de Nelly Furtado, todas as coisas boas um dia acabam. A equipe oficial da Yamaha decidiu que a partir de 2021 vai centrar seus esforços em Maverick Vinales (25 anos) e Fábio Quartararo (20). Valentino (41) terá, se quiser, o total apoio da fábrica em qualquer equipe que queira competir.
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