Marc Márquez & Valentino Rossi no Circuito das Américas - 2019 |
O Mundial de MotoGP de 2019 começou estranho para a Honda. O fabricante
não pôde contar integralmente com seus principais pilotos nos testes
pré-temporada realizados em Jerez, Sepang e Losail. Márquez atuou com
limitações pela operação no ombro, Lorenzo com uma fratura no escafoide (mão)
sofrida quando praticava Motocross e Crutchlow consolidando um tornozelo
reconstruído por causa de um acidente em Philip Island no ano passado. Os
testes com novos componentes e ensaios de corrida foram realizados por Takaaki
Nakagami e Stefan Bradl, profissionais competentes, porém sem o “algo mais” dos
hóspedes do que a mídia batizou de “Enfermaria da Honda”.
O aparente atraso no desenvolvimento da RC213V não foi confirmado por
resultados no início do mundial. Na abertura em Losail, em uma pista que
historicamente não é favorável aos equipamentos nipônicos, duas Honda figuraram
no pódio e as outras duas na zona de pontuação. Em Rio Hondo Marc Márquez
sobrou na pista, Carl sofreu uma penalização que resultou na perda de mais de
30seg, mesmo assim as quatro máquinas pontuaram. Então aconteceu o desastre de
Austin, Marc e Cal caíram, Lorenzo abandonou por um problema mecânico e
Nakagami classificou-se em 10º, a fábrica conseguiu só 6 dos 74 pontos
possíveis.
A Honda está convivendo com uma dificuldade inédita, para uma fábrica
caracterizada pela confiabilidade dos equipamentos e resiliência da equipe de
apoio o início de temporada foi atípico. Nas três primeiras etapas as motos da
equipe oficial tiveram múltiplos problemas técnicos, duas ocorrências foram relacionadas
com a correia de transmissão, um tipo de defeito que só costumava acontecer nos
primórdios do motociclismo esportivo. A equipe ainda não confirmou o que
aconteceu com a moto de Lorenzo em Austin, o próprio piloto apressou-se em
esclarecer que não foi a correia e tudo aponta para um problema
eletrônico.
Se não foi exatamente o início de temporada dos sonhos para Marc
Márquez, está longe de um desastre irrecuperável. Valentino Rossi, que ocupa a
2ª colocação na corrida pelo mundial, em uma entrevista declarou que ele
(óbvio), Alex Rins atualmente em 3º e o atual campeão são, entre outros,
candidatos ao título. Estranhamente ele não mencionou o atual líder Andrea Dovizioso
e seu colega de equipe Maverick Vinales.
Os jornalistas especializados em MotoGP já estão acostumados a ampliarem
o leque de possibilidades sempre que Marc Márquez está envolvido, para eles o
fato dele estar apenas na quarta posição não é muito significativo. Examinando
no detalhe, depois de três etapas Marc está exatamente com a mesma pontuação
que tinha em 2018, 45 pontos, e ele venceu a temporada com três etapas de
antecedência. Historicamente nas três primeiras provas o atual campeão do mundo
acumulou 61 pontos em sua primeira participação no mundial de 2013, 75 pontos,
o máximo possível em 2014 e apenas 36 em 2015, único ano que participou e não
foi campeão. Nos anos seguintes contabilizou 66 em 2016, 38 em 2017 e 45 em
2018, mesmo número deste ano. A única diferença é que no ano passado estava em
2º e agora está em 4º, em 2019 seus concorrentes estão errando menos e são mais
competitivos, o campeonato está mais disputado.
Pelo apresentado até agora, a Honda conseguiu melhorar o desempenho do motor
e está com um chassi mais equilibrado, o equipamento conservou a sua agilidade
e ganhou maior velocidade final. Uma má notícia para seus adversários, Marc
Márquez em duas ocasiões já mencionou que esta é a melhor moto que já pilotou.
Em Losail, uma pista onde a Ducati utiliza a grande reta para obter uma
vantagem expressiva, as Honda andaram junto. Em Rio Hondo um fato curioso,
alertado pelas placas de sinalização que poderia administrar a vantagem obtida,
Marc mudou para modo conservador e ainda assim, poupando o equipamento,
pilotava o protótipo mais rápido da pista. Na prova de Austin já tinha aberto
3,5seg de vantagem quando cometeu o erro que causou a sua queda.
Os resultados obtidos por Márquez não são acompanhados por seu colega de
equipe Jorge Lorenzo, que ainda não está em processo de adaptação com a moto,
mas Cal Crutchlow do satélite LCR anda muito perto. Nos boxes da MotoGP existe
a convicção de que o bom piloto necessita de um bom equipamento para obter
vitórias, na Honda esta premissa é mais elástica, a capacidade de Marc Márquez
continua uma certeza, o desenvolvimento da tecnologia da Honda é que precisa
acompanhar o piloto.
No primeiro domingo de maio começa a temporada europeia da MotoGP, para
muitos o início real da competição. Entre 05/05 e 07/07 serão realizadas provas
em Jerez, Le Mans, Mugello, Barcelona, Assen e Sachsenring antes da parada de
meio de ano. A sequência de provas em circuitos conhecidos e tradicionais
costuma ser uma orientação sobre os destinos no mundial. Em 2018 Márquez venceu
na Espanha, França, Holanda e Alemanha, Lorenzo obteve as suas duas vitórias
com a Ducati na Itália e Catalunha. No início das férias de verão (europeu) do
ano passado Márquez tinha uma vantagem de 46 pontos sobre o segundo colocado
(Rossi) e o título do ano encaminhado.
A prova de Jerez é também uma oportunidade para o atual campeão do mundo
igualar o número de poles na categoria principal com Valentino Rossi. Lembrando
que o atual sistema de determinar as posições de largada foi introduzido em
1974, os registros oficiais indicam que o espanhol é o recordista de poles em
todas as classes, largou na primeira posição em 82 oportunidades, seguido de Lorenzo
em 69 vezes e Rossi em 65. Considerando apenas a principal categoria, 500cc &
MotoGP, o recorde é de Mick Doohan com 58 poles, seguido por Valentino Rossi
com 55 e Marc Márquez com 54. Ao analisar estes números é importante considerar
que Valentino Rossi está em sua 24 temporada e já participou de 386 GPs, 326 na
classe principal, Marc Márquez está em sua 11ª temporada, tem 189 largadas, 111
na MotoGP.
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