Ducati de Jorge Lorenzo abalroada por Valentino Rossi |
Todos os que acompanham o Mundial da MotoGP de forma
sistemática, assistindo todas as etapas mesmo nos horários mais impróprios,
elegem uma corrida que por seu desenvolvimento ou importância histórica foi
especial. Apesar de diversas provas antológicas que aconteceram nestes 69 anos
de mundiais, com disputas eletrizantes e finais decididos nos últimos metros,
na minha concepção pessoal a melhor de todas foi realizada em Phillip Island em
2015.
Lembrando, Valentino Rossi liderava o campeonato com uma vantagem
de 18 pontos sobre Jorge Lorenzo, seu então colega na equipe oficial da Yamaha,
e estava em busca de seu décimo mundial O terceiro colocado, Marc Márquez, com
cinco desistências na temporada já tinha dado adeus à disputa. A prova foi
caracterizada por uma disputa feroz pelas primeiras colocações entre Rossi
(Yamaha), Lorenzo (Yamaha), Iannone (Ducati) e Márquez (Honda). As últimas
voltas foram de tirar o folego, os quatro competidores se alternavam nas
primeiras posições e a classificação final só foi decidida nas últimas duas
curvas, Márquez ultrapassou Lorenzo assumindo a liderança e Rossi perdeu a
terceira colocação para Iannone. Depois desta corrida, embora o piloto da Honda
tenha tomado a primeira colocação do compatriota faltando poucos metros para o
final, Valentino Rossi acusou os espanhóis de conluio para impedir igualasse o
número de mundiais de Agostini. Os desdobramentos desta pressão psicológica do
italiano resultaram no incidente em Sepang entre Rossi e Márquez e no
tricampeonato conquistado por Lorenzo em Valência.
Em termos de emoção, o GP de Assen disputado no último domingo
só não foi melhor porque nas voltas finais o vencedor (Márquez) abriu uma
distância segura, embora a disputa atrás tenha permanecido acirrada e pouco
mais de meio segundo separou o segundo (Rins) do quinto (Rossi). O público que assistiu ao vivo ou pela TV
presenciou um espetáculo memorável, sete ou oito pilotos andando o tempo todo
juntos, disputando literalmente cada metro da pista.
Durante as 26 voltas da prova houve mais de 100 ultrapassagens
entre os competidores buscando melhores colocações, provavelmente mais que toda
a temporada atual da F1, sem contar com o auxílio de recursos extras como
pit-stops obrigatórios ou variações na aerodinâmica. Com pilotos muito rápidos
andando próximos uns aos outros contatos são inevitáveis. Alex Rins e Marc
Márquez disputaram uma curva ombro a ombro e foi possível acompanhar mais um
dos salvamentos miraculosos protagonizados pelo campeão do mundo. Em outro
incidente Jorge Lorenzo perdeu a frente e foi obrigado a desacelerar muito
rápido sua Ducati, Valentino Rossi vinha próximo e sua roda dianteira colidiu
com a traseira do espanhol, por sorte ou perícia dos pilotos, ambos conseguiram
controlar seus equipamentos e permanecer na prova.
Com a vitória na Holanda Marc Márquez somou mais 25 pontos na
corrida pelo campeonato e abriu uma diferença de 41 sobre Valentino Rossi, o
segundo colocado. Nas oito etapas já realizadas nesta temporada o #93 não
pontuou em duas, classificou-se em segundo em outras duas e venceu as quatro
restantes. Atendendo a imprensa depois da premiação ele falou que a prova foi
diferente em muitos sentidos, apesar de toda a incerteza e competitividade na
pista, não foi exigente em termos físicos. A proximidade entre os pilotos
exigiu muita concentração porque é complicado atacar e defender ao mesmo tempo.
Houveram duas situações de queda eminente, mas ele conseguiu manter o
equilíbrio.
O resultado final registrou equipamentos de quatro fabricantes
nas seis primeiras colocações, duas Honda (Márquez e Crutchlow), duas Yamaha
(Vinales e Rossi), uma Suzuki (Rins) e uma Ducati (Dovizioso), uma comprovação
que os esforços dos organizadores em criar um regulamento para favorecer
disputas apertadas e aproximar equipes de fábrica e satélites estão
apresentando resultados. As duas outras equipes oficiais participantes da
prova, KTM e a Aprilia não conseguiram classificar equipamentos no Top Ten, mas
marcaram pontos.
Assen foi a oitava etapa do mundial deste ano e, embora faltem
ainda onze provas para terminar a atual temporada, os contratos entre pilotos e
principais equipes para 2019 já estão fechados. A Repsol-Honda apostou alto, os
dois pilotos contratados conquistaram os seis últimos mundiais, Lorenzo em 2012
e 2015 e Márquez em 2013, 2014, 2016 e 2017. A dupla também venceu as últimas
seis provas desta temporada, Marc no Circuito das Américas, Jerez, Le Mans e
Assen, Jorge em Mugello e Barcelona.
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