segunda-feira, 30 de julho de 2018

MotoGP – Volta das férias de verão




Valentino Rossi & Lin Jarvis



Analisar os resultados das tomadas de tempo para as provas da MotoGP é uma maneira de comprovar as reais condições de competitividade dos protótipos que disputam o mundial. As chamadas “voltas lançadas” que decidem o grid de largada são feitas com foco total, pouco combustível no tanque, pneus novos e sempre que possível sem tráfego, proporcionando condições ideais para o piloto extrair o máximo da capacidade de seu equipamento. 


Nas últimas provas realizadas, em Barcelona a diferença na classificação para a largada entre o pole e o segundo foi apenas 0,066 segundos. Na prova seguinte, em Assen, os dois primeiros foram separados por 0,041 segundos e cinco marcas classificaram suas motos no top ten. Na última prova realizada, em Sachsenring, o intervalo entre os mais rápidos foi ainda menor, 0,025 segundos. Este desempenho muito semelhante entre diferentes máquinas comprova o acerto da Dorna, a empresa que administra o mundial da FIM, na busca da competitividade equalizando as condições entre os fabricantes via os regulamentos da competição. 


Embora o esforço dos organizadores, há detalhes que não podem ser limitados por medidas administrativas, como por exemplo a eficiência dos pilotos e os interesses comerciais. A temporada atual chegou ao seu recesso de verão com uma liderança absurda de Marc Márquez, que em absoluto pode ser atribuída exclusivamente ao seu equipamento. A segunda Honda melhor classificada é conduzida por Cal Crutchlow da satélite LCR, na 8ª colocação com menos da metade dos pontos do líder. O total de pontos de todos os pilotos que utilizaram a RC213V nesta temporada equivale a menos da metade dos obtidos até agora pelo líder (165 de Márquez, 79 de Crutchlow, 49 de Pedrosa, 19 de Morbidelli e 10 de Nakagami, Thomas Luthi e Stefan Bradl não pontuaram).


Outro item que não é endereçado pelo rígido controle dos organizadores é chamado no jargão da MotoGP de “Temporada Maluca”, a época em que são realizadas as negociações dos pilotos com as equipes para a formação do grid da próxima temporada. Este ano, o processo que normalmente ocorria a cada dois anos no último terço da temporada, foi muito antecipado. Todos os assentos das equipes oficiais de fábrica já estão ocupados e existem suspeitas que algumas das mudanças podem já estar apresentando reflexos nos resultados nas pistas. É significativo o declínio dos resultados do francês Johan Zarco, que com uma Yamaha satélite brilhou na temporada passada e nas primeiras provas deste ano, depois de ter assinado um contrato com a KTM. Informações vazadas pela Ducati indicam que não faz sentido compartilhar com Jorge Lorenzo tecnologias e desenvolvimentos que ele possa transferir para a sua nova equipe em 2019. Andrea Iannone, que perdeu a vaga na Suzuki e tem contrato assinado com a Aprilia para o biênio 2019/2020, já não tem um ambiente saudável em seu box e cortou toda a colaboração com o atual colega de equipe Alex Rins.  


Os contratos antecipados dos pilotos também influenciam a comercialização de patrocínios e eventos para a captação de recursos para as equipes. A dupla de pilotos Márquez/Lorenzo, os únicos campeões mundiais dos últimos seis anos, acumulam juntos 113 vitórias nos mundiais, venceram 7 dos últimos 9 GPs e deve agregar valor para a HRC no próximo biênio. A equipe que apresenta o melhor prospecto histórico, a Yamaha de Rossi/Vinales renovou com seus pilotos, porém não consegue uma primeira colocação a mais de ano, enquanto Dovizioso/Petrucci representam pela falta de resultados uma perda de substância para a Ducati, Danilo Petrucci  está na MotoGP desde 2012 e ainda não conseguiu uma única vitória.  


Com o reinicio das disputas da MotoGP no próximo fim de semana estarão em jogo 250 pontos, poucos consideram a possibilidade de uma reviravolta que prive o atual campeão de mais um título. A chave desta confiança é a confiabilidade do equipamento e o desempenho obtido até agora nas pistas. A boa fase do piloto da Honda iniciou no GP da Alemanha em 2017, desde então frequentou o pódio em 15 e venceu 10 das últimas 19 provas realizadas. Em 2018 Márquez não pontuou em duas oportunidades, conseguiu duas segundas colocações e venceu 5 vezes.  Seu mais próximo competidor, o multicampeão Valentino Rossi com um déficit de 46 pontos, está tendo uma temporada muito consistente, em 9 GPs disputados até agora Rossi só deixou de pontuar em uma oportunidade e já esteve no pódio em 5 provas, mas ele mesmo reconhece que nunca esteve realmente perto de uma vitória. 


Valentino Rossi está contrariado. Seus objetivos sempre foram igualar ou exceder os registros históricos de Giacomo Agostini nos mundiais da FIM, ainda faltam 7 vitorias e 1 título. Desde a saída de Jorge Lorenzo, talvez por causa disso, a Yamaha não consegue disponibilizar para seus pilotos um protótipo com desempenho superior aos demais. A marca está obtendo bons resultados, lidera o mundial por equipes e Rossi é o primeiro da relação dos que correm contra um piloto reconhecidamente excepcional. Recentemente o italiano provocou um desconforto à fábrica nipônica ao questionar publicamente se a empresa ainda estava comprometida com a MotoGP. Rossi não quer o divórcio com a Yamaha, que faz parte dos planos futuros para a sua equipe VR46, mas exige mais investimentos para tentar alcançar Márquez. Justifica a falta de melhores resultados por problemas de gestão interna e decidiu fazer o que sempre fez, apontar um culpado, no caso Lin Jarvis. O clima estabelecido entre o diretor da equipe e seu principal piloto é de divórcio eminente. Esta instabilidade interna nos boxes dos dois mais próximos perseguidores no campeonato pode facilitar a provável conquista sétimo mundial de Márquez, terceiro seguido e quinto na principal categoria.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

F1 - Fernando Alonso



Recentemente um conceituado jornalista, referência na Web sobre a Fórmula 1, comentando uma infelicidade de Sebastian Vettel no GP da Alemanha escreveu que só dois pilotos atualmente nas pistas podem ser considerados excepcionais, Lewis Hamilton e Fernando Alonso. Acompanho a F1 a mais de 40 anos, desde os tempos de Emerson Fittipaldi e, de certa forma, segui a evolução da carreira destes dois pilotos. Reconheço que ao volante de um fórmula estes dois são diferenciados, entretanto uma análise ampla do comportamento de ambos explica as razões porque um disputa o título mundial e o outro tem dificuldades para se classificar entre os “top ten” nos dias atuais. 


Fernando Alonso surgiu no cenário das competições da principal categoria do automobilismo esportivo em 2001 pela Minardi, tendo como colega de equipe o brasileiro Tarso Marquez, nenhum dos dois conseguiu um único ponto na temporada. Em 2002 o espanhol fez parte da equipe de testes da equipe Renault. Em 2003 assumiu como piloto oficial da equipe e iniciou a sua associação com Flavio Briatore, um dirigente com um histórico então crescente de recorrer a recursos não ortodoxos para vencer disputas. Alonso conquistou os seus títulos mundiais no biênio 2005/2006 e, surfando na onda de sucesso, assinou um contrato milionário com a McLaren para 2007. 


Assumiu na equipe britânica com o status de primeiro piloto e já nas primeiras etapas da temporada passou a ser questionado, graças ao bom desempenho do parceiro e piloto estreante Lewis Hamilton. Os dois colegas de equipe se engalfinharam em uma disputa feroz, que acabou favorecendo a vitória do mundial pelo finlandês Kimi Raikkonen da Ferrari, por um único ponto de diferença sobre a dupla da McLaren. Pelo critério de desempate, número de segundos lugares, Hamilton ficou com o vice e Alonso em terceiro. No folclore da F1 ficou registrado um desabafo de Ron Dennis no GP da China, quando o piloto da Ferrari ainda estava dezessete pontos atrás: “a McLaren não corria contra Kimi Raikkonen, mas sim contra o próprio Alonso". Houve ainda um obscuro caso de espionagem, detalhes técnicos confidenciais migraram da Ferrari para a McLaren, o piloto foi citado como envolvido e  depois inocentado.


Após romper com os britânicos Alonso voltou para a Renault e em 2008 participou de mais um episódio reprovável. No GP de Cingapura Flavio Briatore orientou Nelsinho Piquet para criar uma situação que obrigasse a entrada do Safety Car na volta catorze. Duas voltas antes Alonso fez uma parada antecipada e assumiu a liderança quando todos os outros fizeram o pit-stop. Em uma pista onde era quase impossível uma ultrapassagem, o espanhol venceu. O caso só veio a público no ano seguinte quando Nelsinho foi demitido e, por falta de provas, Alonso foi inocentado.


No final de 2009 Alonso foi contratado para pilotar para a Ferrari por três temporadas e conseguiu em 2010 vencer o seu primeiro GP pela nova equipe no Bahrein. Duas ocorrências neste ano indicaram que talento, espírito de equipe e respeito pelos colegas não andam juntos para Alonso. No GP da China houve um acidente que exigiu a entrada do Safety Car, os carros que estavam na pista foram chamados para os boxes.  Felipe estava na frente e foi ultrapassado pelo espanhol na entrada dos pits, fato que gerou diversas críticas e um clima tenso na equipe. Sua segunda vitória nesta temporada foi no GP da Alemanha, um dia particularmente sinistro para nós, tupiniquins. Foi a prova em que houve uma fatídica orientação da equipe para o então líder, Felipe Massa, que circulou por todo o planeta: “Fernando is faster than you”. A administração do GP fez questão de divulgar a ordem da equipe na transmissão pela TV e, depois da prova, a conversa do engenheiro elogiando a postura magnânima, leia-se subserviente, de Felipe. A ocorrência gerou muitas críticas porque o regulamento proibia "ordens de equipe que interfiram no resultado da corrida". A Ferrari foi multada em cem mil dólares e o caso encaminhado para a FIA para ser julgado. 


Fernando Alonso ficou cinco anos na Ferrari, não conseguiu nenhum título mundial e foi vice três vezes. Em 2012 foi eleito pelo Revista AutoSport como o Piloto do Ano em uma consulta que envolveu 12 dirigentes de equipes da F1. No início de 2013 alimentou uma disputa desnecessária ironizando o colega Felipe Massa por obter melhores resultados no início da temporada.


Em 2015 o piloto voltou para a McLaren e acompanhou a derrocada da equipe, cujo projeto dos carros com os motores Honda não funcionou. Em 2018 no Canadá Alonso registrou o seu GP nº 300, quinto piloto com maior número de participações nas pistas. Desencantado com os resultados na F1 e com a falta de oportunidade para pilotar por uma equipe que proporcionasse a oportunidade de brilhar, Alonso partiu em busca de novos desafios participando das 500 milhas de Indianópolis em 2017, não conseguiu chegar ao final, mas ganhou o prêmio de Calouro do Ano. Foi um dos pilotos da equipe Toyota Gazoo Racing que venceu a edição de 2018 das Horas de Le Mans, uma prova tradicional e apontada como o maior evento a esportivo sobre rodas do planeta.


Fernando Alonso é um piloto reconhecidamente talentoso e com muitos recursos, entretanto, minha opinião pessoal, tem temperamento difícil e não tolera competição interna. Ele só é feliz em uma equipe extremamente competitiva que possa chamar de sua, característica complicada nos dias atuais pela crescente profissionalização da F1.






terça-feira, 17 de julho de 2018

MotoGP – Duas Notas


Dani Pedrosa

A decisão de Dani Pedrosa


Segundo um antigo ditado chinês, toda a história tem três versões, a de quem ganha, a de quem perde e a que realmente aconteceu. Os admiradores da MotoGP acompanharam com sentimentos ambíguos a decisão de Dani Pedrosa em se afastar das pistas no final desta temporada, poucos buscaram reconstruir os motivos que conduziram a este desenlace. Pedrosa é um dos participantes mais antigos e respeitados do atual grid da MotoGP. Além de ser um profissional correto, tem o sétimo melhor histórico entre todos os pilotos em todas as classes do mundial da FIM. Seus resultados superam verdadeiras lendas do motociclismo esportivo como, por exemplo, Freddie Spencer, Barry Sheene, Kenny Roberts, Casey Stoner e Mick Doohan.


A aposentadoria de Dani Pedrosa foi cercada de versões e narrativas. As mais radicais indicam que desde o dia que Alberto Puig assumiu o lugar de Lívio Suppo como manager da HRC os seus dias na equipe estavam contados. Lembraram de uma declaração do novo chefe em 2016 que “Dani era uma das grandes desilusões da primeira metade da temporada. O piloto que recentemente renovou seu contrato com a marca nipônica tem sido uma sombra de si próprio, sendo sistematicamente batido pelo seu companheiro de equipe Marc Márquez”. 


No fim de semana do GP da Alemanha Tetsuhiro Kuwata, diretor-geral de operações da HRC, afirmou em uma conferência de imprensa que a decisão partiu do próprio piloto e que, embora lamentada, foi respeitada pela direção. Só então a HRC começou a garimpar um substituto. Confrontado com estas declarações numa entrevista ao jornal espanhol AS Pedrosa confirmou: “Dois anos atrás quando renovei pela última vez, já estava com algumas dúvidas se devia continuar a competir ou não. Agora tinha de encontrar uma motivação diferente e, na sua ausência, optei por não continuar”.


Não deve ser fácil viver à sombra de uma unanimidade. Além de ser muito complicado vencer Márquez nas pistas, competir com ele em termos de reconhecimento do público é uma atividade complexa. A Repsol-Honda costuma realizar campanhas publicitárias para se aproximar do público disfarçando seus pilotos em tarefas comuns, como por exemplo, atendentes de um posto combustíveis. Em uma das últimas ações caracterizou os dois como professores em uma escola infantil e, depois de uma atuação pouco convincente e removido o disfarce, ambos pediram um abraço, quase todas as crianças cercaram Marc e umas poucas foram em direção a Dani. Não que esta tenha sido a causa principal, mas com certeza colaborou para justificar sua decisão. (https://www.youtube.com/watch?v=OumqCfzdujc)


Alberto Puig abriu a possibilidade de o piloto continuar colaborando com a equipe, em uma função mista de embaixador, consultor e piloto de testes, semelhante a que Casey Stoner desempenha na Ducati. Dani Pedrosa ainda não respondeu.







Largada em Sachsenring - 2018

Sachsenring


A Dorna está colaborando com o SRM (Sachsenring Rennstrecken Management GmbH) para manter o circuito no calendario da MotoGP em 2019. A ADAC (Allgemeiner Deutscher Automobil-Club) descontinuou o contrato com a SRM em maio passado e, desde então, existe muita incerteza sobre se e onde será disputado o GP da Alemanha na próxima temporada.  Muito se tem falado do futuro da MotoGP na Alemanha, rumores indicam a possibilidade de mudança para os circuitos de Nurburgring ou Hockenheim, mas o webside internacional da Motorsports informa que Sachsenring vai continuar sendo o palco para os pilotos mais rápidos do mundo.


O ADAC, maior clube de automobilismo da Europa, tem um acordo com a Dorna para organizar o GP alemão de motovelocidade até à temporada de 2021. Carmelo Ezpeleta, o manager da promotora do campeonato está comprometido com a permanência do circuito atual.


A corrida será aqui em 2019, com 99% de certeza”, afirmou o CEO da Dorna para a Motorsport. (https://www.motorsport-magazin.com/motogp/news-248684-investor-will-motogp-rennen-auf-dem-sachsenring-retten/)


As negociações entre o ADAC e a SRM devem ser retomadas em breve, foi confirmado que existe um novo patrocinador que apoia a permanência de Sachsenring no calendário. Além disso a administração local diz contar com o apoio do presidente da região da Saxônia, Michael Kretschmer, para servir de intermediário entre as partes interessadas.


No fim de semana passado 193.000 espectadores passaram pelos controles de acesso ao circuito, a prova foi assistida por 89.000 pessoas no domingo. Estes números são superiores aos apurados em 2017.

MotoGP – Sachsenring 2018


Marc Márquez em Sachsenring

Em abril deste ano o Autoracing publicou um texto (MotoGP – Hábito Estranho) sobre um costume bizarro dos pilotos na etapa de Austin do mundial da FIM. Anualmente realizam um ritual para decidir quem deve ser o segundo colocado no GP disputado no Circuito das Américas, a primeira colocação está reservada para a RC213V #93 de Marc Márquez. A história se repete em Sachsenring, Márquez venceu as últimas nove provas disputadas no circuito saxão, em três classes diferentes, as últimas seis na MotoGP.


De certa forma o piloto espanhol está tornando previsível o roteiro das provas na Alemanha. No fim de semana programado 24 pilotos se apresentam na sexta-feira, assistem Márquez a conquistar a pole no sábado e vencer no domingo por uma margem segura. A exemplo do que aconteceu no GP dos EUA, a certeza de vitória do espanhol era tão grande que as raras casas de Londres que aceitaram apostas no #93 da Honda este ano praticamente devolveram o valor. O resultado esperado não implicou em um fim de semana com falta de emoções, a conquista da pole só foi obtida na última volta do Q2 com o tempo já zerado, com direito inclusive a uma recuperação fantástica de um princípio de perda da traseira em uma curva.


O transcorrer da prova são entusiasmou muito o público porque a partir da volta 14 (de 30) o vencedor já estava definido, nas voltas finais Rossi não ameaçou Márquez e sua segunda colocação não foi desafiada. Não houve na Alemanha o festival de ultrapassagens entre os líderes como aconteceu em Assen (Holanda), a única troca nas seis primeiras posições entre as voltas 13 e 22 aconteceu quando Rossi assumiu a vice-liderança que pertencia até então a Jorge Lorenzo. As últimas voltas foram um pouco mais agitadas, houve a escalada de Maverick Vinales que saiu da sétima posição para ocupar um lugar no pódio e Lorenzo caiu do terceiro para o sexto lugar. O resultado final registrou a quinta vitória de Márquez nas nove etapas realizadas antes das férias de verão (na Europa), uma inédita dobradinha da Yamaha no pódio este ano e um relativo fracasso para as Ducati, que não apresentaram na pista o mesmo desempenho dos testes livres e tomada de tempos. A quarta colocação de Danilo Petrucci foi amarga por ter perdido o pódio nas duas voltas finais, Alvaro Bautista vibrou com a sua quinta colocação com uma GP17, à frente das duas GP18 da equipe oficial de fábrica, Jorge Lorenzo fechou os seis primeiros penando com o equipamento, ainda assim na frente de Andrea Dovizioso.


A MotoGP entra em recesso por três semanas para uma curta temporada de férias. A próxima prova está prevista para 5 de agosto em Brno na República Checa na pista chamada oficialmente de Circuito Masaryk, que abre a segunda metade da temporada 2018. Em 2017 Marc Márquez venceu esta etapa e iniciou a escalada que o levou a conquistar o seu quarto título mundial.


O atual campeão tem uma vantagem cômoda de 46 pontos em relação ao seu mais próximo desafiante, o italiano Valentino Rossi. Nas nove etapas já realizadas o espanhol venceu 5, chegou em segundo em duas e não pontuou em outras duas. O italiano ainda não obteve vitórias e esteve no pódio em 5 oportunidades, só não marcou pontos ao se envolver com Márquez e cair na Argentina.


Este ano a chamada “Temporada Maluca”, a formação do grid para a próxima temporada foi antecipada. Praticamente todas as equipes já firmaram contratos com seus pilotos para 2019. Os fatos mais significativos foram o anúncio da aposentadoria de Dani Pedrosa e a mudança de Jorge Lorenzo, que finalmente voltou a vencer, para a equipe oficial da Honda.


Os tempos obtidos na formação do grid em todas as provas estão muito próximos, só 174 milésimos de segundo separaram o pole do 5º colocado em Sachsenring, o que indica que os fabricantes estão disponibilizando para os pilotos equipamentos com desempenho muito próximo. Entre os dez primeiros colocados no campeonato até agora estão 4 Ducati (Dovizioso, Lorenzo, Petrucci e Jack Miller), três Yamaha (Rossi, Vinales e Zarco), duas Honda (Márquez e Crutchlow) e uma Suzuki (Iannone). Os irmãos Espargaró comparecem como os mais bem colocados dos dois outros fabricantes, Pol com a KTM em 14º e Aleix a Aprilia em 18º.


A explicação simplista de que a atual vantagem de Márquez no mundial se deve à superioridade do equipamento Honda não encontra apoio nos registros oficiais. A fábrica fornece protótipos para seis pilotos e o mais próximo do espanhol na pontuação do campeonato é o britânico Cal Crutchlow, que venceu na Argentina e contabiliza menos da metade dos pontos do colega.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

MotoGP – Sachsenring fora em 2019?

Saschsenring

Faltando poucos dias antes do GP da Alemanha é grande a incerteza sobre o futuro da prova no Circuito de Sachsenring, em Hohenstein-Ernstthal. Desde o final de maio há um desencontro de opiniões entre o ADAC ((Allgemeiner Deutscher Automobil-Club), o maior clube de automobilismo da Alemanha, titular do contrato com a Dorna e o SRM (Sachsenring Rennstrecken Management GmbH) que administra o circuito da Saxônia. Na última sexta-feira o ADAC declarou que as negociações foram descontinuadas.

“O SRM não aceitou nossa proposta”, foi a informação divulgada pelo ADAC. “Vamos intensificar as negociações com a Dorna e outros circuitos para garantir o futuro da MotoGP na Alemanha.

A situação atual aponta para a possibilidade de não haver a etapa da MotoGP em Sachsenring na próxima temporada. As autoridades locais esperam reverter este quadro e manter a prova no circuito da Saxônia. “Lamentamos profundamente a decisão do ADAC em procurar um novo local para a prova de 2019. MotoGP é um evento excepcional, tem importância no desenvolvimento do turismo e comércio, e um significado especial para muitas pessoas na região” escreveu o SRM em um comunicado oficial.

“Continuaremos a manter esforços intensivos para manter a MotoGP na Saxônia”, prometeram os líderes da SRM aos fãs do GP de Sachsenring. Como há uma falta de compreensão nas negociações com o ADAC, o SRM está abrindo várias frentes, inclusive conversando diretamente com a Dorna, que tem por contrato o ADAC como parceiro para o Grand Prix na Alemanha.

“A interrupção das negociações que já duram diversas semanas foi feita unilateralmente pelo ADAC e nos causou surpresa. Embora não haja consenso em alguns pontos importantes, a SRM GmbH e a Chancelaria do estado da Saxônia estão confiantes em encontrar uma solução amigável com o ADAC para uma continuação do MotoGP no ano 2019 no circuito de Sachsenring. Nos últimos encontros apresentamos propostas conjuntas do SRM GmbH e a Chancelaria do estado de Saxonia, que ainda não foram respondidas”, divulgou o SRM em nota oficial.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

MotoGP – Assen 2018


Ducati de Jorge Lorenzo abalroada por Valentino Rossi
Todos os que acompanham o Mundial da MotoGP de forma sistemática, assistindo todas as etapas mesmo nos horários mais impróprios, elegem uma corrida que por seu desenvolvimento ou importância histórica foi especial. Apesar de diversas provas antológicas que aconteceram nestes 69 anos de mundiais, com disputas eletrizantes e finais decididos nos últimos metros, na minha concepção pessoal a melhor de todas foi realizada em Phillip Island em 2015. 


Lembrando, Valentino Rossi liderava o campeonato com uma vantagem de 18 pontos sobre Jorge Lorenzo, seu então colega na equipe oficial da Yamaha, e estava em busca de seu décimo mundial O terceiro colocado, Marc Márquez, com cinco desistências na temporada já tinha dado adeus à disputa. A prova foi caracterizada por uma disputa feroz pelas primeiras colocações entre Rossi (Yamaha), Lorenzo (Yamaha), Iannone (Ducati) e Márquez (Honda). As últimas voltas foram de tirar o folego, os quatro competidores se alternavam nas primeiras posições e a classificação final só foi decidida nas últimas duas curvas, Márquez ultrapassou Lorenzo assumindo a liderança e Rossi perdeu a terceira colocação para Iannone. Depois desta corrida, embora o piloto da Honda tenha tomado a primeira colocação do compatriota faltando poucos metros para o final, Valentino Rossi acusou os espanhóis de conluio para impedir igualasse o número de mundiais de Agostini. Os desdobramentos desta pressão psicológica do italiano resultaram no incidente em Sepang entre Rossi e Márquez e no tricampeonato conquistado por Lorenzo em Valência.


Em termos de emoção, o GP de Assen disputado no último domingo só não foi melhor porque nas voltas finais o vencedor (Márquez) abriu uma distância segura, embora a disputa atrás tenha permanecido acirrada e pouco mais de meio segundo separou o segundo (Rins) do quinto (Rossi).  O público que assistiu ao vivo ou pela TV presenciou um espetáculo memorável, sete ou oito pilotos andando o tempo todo juntos, disputando literalmente cada metro da pista. 


Durante as 26 voltas da prova houve mais de 100 ultrapassagens entre os competidores buscando melhores colocações, provavelmente mais que toda a temporada atual da F1, sem contar com o auxílio de recursos extras como pit-stops obrigatórios ou variações na aerodinâmica. Com pilotos muito rápidos andando próximos uns aos outros contatos são inevitáveis. Alex Rins e Marc Márquez disputaram uma curva ombro a ombro e foi possível acompanhar mais um dos salvamentos miraculosos protagonizados pelo campeão do mundo. Em outro incidente Jorge Lorenzo perdeu a frente e foi obrigado a desacelerar muito rápido sua Ducati, Valentino Rossi vinha próximo e sua roda dianteira colidiu com a traseira do espanhol, por sorte ou perícia dos pilotos, ambos conseguiram controlar seus equipamentos e permanecer na prova. 


Com a vitória na Holanda Marc Márquez somou mais 25 pontos na corrida pelo campeonato e abriu uma diferença de 41 sobre Valentino Rossi, o segundo colocado. Nas oito etapas já realizadas nesta temporada o #93 não pontuou em duas, classificou-se em segundo em outras duas e venceu as quatro restantes. Atendendo a imprensa depois da premiação ele falou que a prova foi diferente em muitos sentidos, apesar de toda a incerteza e competitividade na pista, não foi exigente em termos físicos. A proximidade entre os pilotos exigiu muita concentração porque é complicado atacar e defender ao mesmo tempo. Houveram duas situações de queda eminente, mas ele conseguiu manter o equilíbrio.


O resultado final registrou equipamentos de quatro fabricantes nas seis primeiras colocações, duas Honda (Márquez e Crutchlow), duas Yamaha (Vinales e Rossi), uma Suzuki (Rins) e uma Ducati (Dovizioso), uma comprovação que os esforços dos organizadores em criar um regulamento para favorecer disputas apertadas e aproximar equipes de fábrica e satélites estão apresentando resultados. As duas outras equipes oficiais participantes da prova, KTM e a Aprilia não conseguiram classificar equipamentos no Top Ten, mas marcaram pontos. 


Assen foi a oitava etapa do mundial deste ano e, embora faltem ainda onze provas para terminar a atual temporada, os contratos entre pilotos e principais equipes para 2019 já estão fechados. A Repsol-Honda apostou alto, os dois pilotos contratados conquistaram os seis últimos mundiais, Lorenzo em 2012 e 2015 e Márquez em 2013, 2014, 2016 e 2017. A dupla também venceu as últimas seis provas desta temporada, Marc no Circuito das Américas, Jerez, Le Mans e Assen, Jorge em Mugello e Barcelona.