Existe
um princípio lógico, creditado aos Frade Franciscano britânico William Ockham
que viveu no Século XIV. Conhecido como Navalha de Occam, o princípio define
que a justificativa para qualquer fenômeno deve assumir apenas as premissas
estritamente necessárias à sua explicação, e eliminar todas as que não causam
qualquer diferença aparente na hipótese ou teoria.
O
princípio tem explicações acadêmicas e simplificadas. A acadêmica é baseada na
expressão latina "Entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem"
(entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade) e recomenda que se
escolha sempre teoria que implique o menor número de premissas para elucidar um
fato. O princípio é reconhecido como uma das máximas heurísticas (regra geral)
que aconselham economia, parcimônia e simplicidade, especialmente para explicar
teorias científicas. Uma definição simplificada é que: "Se existirem várias
possíveis explicações para um acontecimento, a mais simples é a melhor".
Depois
de 23 GPs disputados com uma Ducati, o Jorge Lorenzo finalmente entrou no
restrito clube dos pilotos que conquistaram vitórias pilotando equipamentos
produzidos em Borgo Panigale. Dos 3.060 GPs já disputados do FIM Road Racing
World Championship desde 1949, em todas as categorias, a Ducati conseguiu
apenas 45 vitórias, 4 na classe 125cc nos anos de 1958/1959 e 41 na classe
principal a partir de 2006. São só 6 os sócios deste clube exclusivo, o
recordista e único a conquistar o título de campeão do mundo pela equipe
italiana foi Casey Stoner com um total de 23 vitórias entre 2007 e 2010. Os
outros são Andrea Dovizioso com 8, Loris Capirossi com 7, Troy Bayliss, Andrea
Iannone e agora Jorge Lorenzo com uma cada.
A
Navalha de Occam pode ser utilizada para explicar a vitória de Jorge Lorenzo no
GP da Itália disputado em Mugello: A melhor moto da pista, conduzida por um
ótimo piloto. Após um ano de intenso aprendizado, as características da Ducati
GP18 são muito diferentes da Yamaha M1 que lhe deu 3 mundiais, a equipe
finalmente atendeu a sua mais candente solicitação e alterou a ergometria da
moto. O modelo anterior não fornecia apoio suficiente para seu corpo nas
frenagens, exigindo muita força muscular nos braços, a fadiga prejudicava seu
desempenho com a prova em andamento. Com este detalhe corrigido, aliado à
potência e ao equilíbrio da GP18, os espectadores e telespectadores de Mugello
puderam testemunhar a reedição do “Modo Lorenzo”, uma técnica desenvolvida nos
bons tempos da Yamaha quando ele assumia a liderança na largada e vencia a
prova de ponta a ponta.
O
início do GP da Itália foi muito acidentado, com menos de 5 voltas 7 pilotos
caíram, incluindo 4 das 6 motos Honda (Marc Márquez, Thomas Luthi, Takaaki
Nakagami e Dani Pedrosa), além das Ducati de Karel Abraham e Jack Miller e da
Aprilia de Scott Redding. O desenrolar da prova não foi muito excitante e as
únicas emoções das voltas finais foi o assédio de Andrea Iannone a Valentino
Rossi pelo terceiro degrau do pódio.
Fair
Play não é o forte da torcida italiana, que comemorou quando os esforços de
Marc Márquez foram insuficientes para evitar a queda na quarta volta. O piloto
não estranhou a manifestação, lembrou que no ano passado em Misano uma queda no
warm-up também foi aplaudida, e que na corrida evitou a vitória de um italiano
com uma Ducati ao ultrapassar Danilo Petrucci com um ataque devastador na
última volta. Ele já havia sido vaiado em Mugello depois da queda que tirou
Michele Pirro da prova na tarde de sexta-feira. “Comemorar a queda de um piloto
é triste porque estamos correndo riscos na pista. É curioso que celebram a
queda de um piloto mais do que uma vitória de outro”. O #93 disse que sua queda
foi em um trecho de descida e com a brita muito próxima da pista, ele e o pneu
dianteiro já não estavam se entendendo, entretanto tinha que arriscar para não
perder o contato com os líderes”.
As
declarações pós-prova do vencedor também foram previsíveis. A imprensa italiana
e até altos dirigentes da Ducati haviam passado as duas semanas anteriores
exteriorizando o seu desagrado com os resultados do piloto e praticamente
descartando sua permanência na equipe. Jorge Lorenzo diz que sua primeira
vitória Ducati é a resposta perfeita às críticas que recebeu depois de um tempo
frustrante com o fabricante italiano, mas admite que o resultado vem
acompanhado de emoções confusas. Houve empenho da equipe para atender suas
solicitações, porem as modificações chegaram tarde demais. A versão mais
intensa na “Radio Paddock” indica um retorno potencial para Yamaha com uma
equipe independente. Houve até uma declaração de Lin Jarviz, antigo chefe,
dizendo que Lorenzo era bem-vindo na Yamaha, desde que aceitasse pilotar para
uma equipe satélite. A Yamaha acusou a perda de Johann Zarco para a KTM e está
à procura de um piloto de ponta para substituir francês.
Em
uma avaliação honesta e franca sobre sua situação na Ducati, Lorenzo imagina
que a vitória deve marcar uma mudança nas percepções dos seus críticos, mas
chegou tarde demais para continuar sua carreira na fábrica italiana. “Vou
pilotar outra moto nos próximos dois anos”. Jorge evitou se expressar em
público, seus mecânicos disseram que comemorar uma vitória com uma moto
italiana em Mugello é um sonho que muito piloto consagrado não conseguiu.
O
piloto reputa esta como uma das três vitórias mais significativas de sua
carreira, junto com o GP Brasil de 2003 e no Estoril em Estoril em 2008.
Em tempo: Valentino registra um
novo recorde!
A terceira colocação, pole e
melhor volta não foram as únicas conquistas de Valentino Rossi no GP da Itália.
Ao registrar a melhor volta na qualificação ele se tornou o piloto mais velho
(39 anos, 3 meses e 17 dias) a largar na primeira posição de um GP oficial
desde Jack Findlay no Isle of Man TT em 1974. A idade não aparenta ter
influência em sua velocidade na pista.
Rossi passou 595 dias sem a
felicidade de largar um GP na primeira posição. Sua última pole havia sido em
Motegi em 2016.
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