Estudo Hayabusa |
Por
imposição do Regulamento Geral de Competições da temporada de 2017, os motores
da MotoGP estão silenciosos até o final de janeiro, o chamado recesso de
inverno (no hemisfério norte). A restrição nem de longe implica em que a
atividade das equipes de desenvolvimento dos fabricantes estejam em compasso de
espera, muito pelo contrário, todos estão tentando descobrir o que pode ou não
ser feito para compensar o banimento das winglets (asas) anunciado para
a próxima temporada.
As
novas regras, divulgadas em setembro, permitem interpretações, elas indicam literalmente
que: “Dispositivos ou formas salientes da carenagem, não integrados ao corpo da
carroceria (asas, aletas, protuberâncias, etc.), que possam proporcionar
efeitos aerodinâmicos (downforce) não são permitidos”. A formulação do
texto elimina a possibilidade de moldar formas que atuem como winglets
ou geradores de vórtice que se projetem a partir da carroçaria. As equipes
também estão cientes que: “O Diretor Técnico tem ampla liberdade para decidir
se um dispositivo externo ou desenho da carenagem se enquadra na definição
acima”.
Quando
a Ducati compareceu nos testes de Valência, logo após o término da temporada
passada, um fato gerou curiosidade entre os construtores e mídia especializada,
as novas Desmosedici 2017 colocadas à disposição de Lorenzo e Dovizioso eram
equipadas com winglets. A fábrica informou na ocasião que os apêndices
foram mantidos para possibilitar a comparação entre o novo quadro e o utilizado
durante a temporada, uma razão para lá de questionável. Na opinião de
engenheiros e analistas, foi uma indicação que os italianos encontraram uma
maneira de gerar downforce atuando dentro dos limites das novas regras.
O
gerente geral da equipe Ducati, Gigi Dall’Igna, afirmou durante os testes que:
“Temos que mudar completamente o projeto da carenagem para o próximo ano, com
certeza não estamos prontos no momento com a nova aerodinâmica”. O Conselheiro
Acácio de Eça de Queiróz (O Primo Basílio) não conseguiria criar uma resposta
mais convencional, é óbvio que todos os fabricantes estão trabalhando em
projetos de carenagem que consigam replicar o desempenho das winglets.
Danny
Aldridge, que vai desempenhar o papel de senhor do raio e do trovão na próxima
temporada como diretor técnico da MotoGP, decidirá de forma monocrática o que é
admissível ou não nas carenagens em 2017. Danny confirmou que todos os
fabricantes já fizeram consultas informais, com desenhos e esboços, perguntando
se seriam aceitáveis ou não. Como ainda nada é oficial, ele se limita a indicar
o que estaria propenso a aceitar e o que deve ser recusado. O regulamento não
indica explicitamente a forma como uma consulta deve ser encaminhada, o que o
diretor tem recebido (informalmente) são arquivos em CAD 3D, desenhos
artísticos e houve até um caso em que lhe foi apresentado um modelo de
protótipo em escala reduzida. Aldridge está imaginando que todos os projetos
estejam prontos antes dos testes pré-temporada em Sepang, Phillip Island e no
Catar, porém o regulamento não especifica uma data limite (só indica que deve
ser aprovado antes da largada da primeira prova).
Existem
poucas pistas sobre aparência das novas motos em 2017. Já houve um vazamento da
Ducati sugerindo que a atual GP17 ainda não endereçou satisfatoriamente o
problema de dirigibilidade dos modelos anteriores, que exige um enorme esforço
físico do piloto, uma indicação clara que o projeto contempla muita carga
aerodinâmica (leia-se downforce). A permissão limitada de modificações
na estrutura da carenagem (uma por piloto, por temporada) abre a possibilidade
de algumas equipes esperarem até o último momento para mostrar seus projetos de
2017, por exemplo, apenas no último teste no Catar. Esta estratégia permitiria
ao fabricante verificar se o comportamento da carenagem trabalha como planejado
para os seus pilotos e dificulta aos competidores clonar soluções antes do
início da temporada. Afinal, as winglets, a grande novidade da Ducati em
2015, só foram apresentadas ao público nos testes uma semana antes do início do
campeonato. O recurso na época foi tratado como uma excentricidade dos
italianos e outros fabricantes só apresentaram artifícios semelhantes no início
da temporada seguinte.
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