segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

MotoGP - Aerodinâmica

Estudo Hayabusa



Por imposição do Regulamento Geral de Competições da temporada de 2017, os motores da MotoGP estão silenciosos até o final de janeiro, o chamado recesso de inverno (no hemisfério norte). A restrição nem de longe implica em que a atividade das equipes de desenvolvimento dos fabricantes estejam em compasso de espera, muito pelo contrário, todos estão tentando descobrir o que pode ou não ser feito para compensar o banimento das winglets (asas) anunciado para a próxima temporada.

As novas regras, divulgadas em setembro, permitem interpretações, elas indicam literalmente que: “Dispositivos ou formas salientes da carenagem, não integrados ao corpo da carroceria (asas, aletas, protuberâncias, etc.), que possam proporcionar efeitos aerodinâmicos (downforce) não são permitidos”. A formulação do texto elimina a possibilidade de moldar formas que atuem como winglets ou geradores de vórtice que se projetem a partir da carroçaria. As equipes também estão cientes que: “O Diretor Técnico tem ampla liberdade para decidir se um dispositivo externo ou desenho da carenagem se enquadra na definição acima”.

Quando a Ducati compareceu nos testes de Valência, logo após o término da temporada passada, um fato gerou curiosidade entre os construtores e mídia especializada, as novas Desmosedici 2017 colocadas à disposição de Lorenzo e Dovizioso eram equipadas com winglets. A fábrica informou na ocasião que os apêndices foram mantidos para possibilitar a comparação entre o novo quadro e o utilizado durante a temporada, uma razão para lá de questionável. Na opinião de engenheiros e analistas, foi uma indicação que os italianos encontraram uma maneira de gerar downforce atuando dentro dos limites das novas regras.

O gerente geral da equipe Ducati, Gigi Dall’Igna, afirmou durante os testes que: “Temos que mudar completamente o projeto da carenagem para o próximo ano, com certeza não estamos prontos no momento com a nova aerodinâmica”. O Conselheiro Acácio de Eça de Queiróz (O Primo Basílio) não conseguiria criar uma resposta mais convencional, é óbvio que todos os fabricantes estão trabalhando em projetos de carenagem que consigam replicar o desempenho das winglets.

Danny Aldridge, que vai desempenhar o papel de senhor do raio e do trovão na próxima temporada como diretor técnico da MotoGP, decidirá de forma monocrática o que é admissível ou não nas carenagens em 2017. Danny confirmou que todos os fabricantes já fizeram consultas informais, com desenhos e esboços, perguntando se seriam aceitáveis ou não. Como ainda nada é oficial, ele se limita a indicar o que estaria propenso a aceitar e o que deve ser recusado. O regulamento não indica explicitamente a forma como uma consulta deve ser encaminhada, o que o diretor tem recebido (informalmente) são arquivos em CAD 3D, desenhos artísticos e houve até um caso em que lhe foi apresentado um modelo de protótipo em escala reduzida. Aldridge está imaginando que todos os projetos estejam prontos antes dos testes pré-temporada em Sepang, Phillip Island e no Catar, porém o regulamento não especifica uma data limite (só indica que deve ser aprovado antes da largada da primeira prova).  

Existem poucas pistas sobre aparência das novas motos em 2017. Já houve um vazamento da Ducati sugerindo que a atual GP17 ainda não endereçou satisfatoriamente o problema de dirigibilidade dos modelos anteriores, que exige um enorme esforço físico do piloto, uma indicação clara que o projeto contempla muita carga aerodinâmica (leia-se downforce). A permissão limitada de modificações na estrutura da carenagem (uma por piloto, por temporada) abre a possibilidade de algumas equipes esperarem até o último momento para mostrar seus projetos de 2017, por exemplo, apenas no último teste no Catar. Esta estratégia permitiria ao fabricante verificar se o comportamento da carenagem trabalha como planejado para os seus pilotos e dificulta aos competidores clonar soluções antes do início da temporada. Afinal, as winglets, a grande novidade da Ducati em 2015, só foram apresentadas ao público nos testes uma semana antes do início do campeonato. O recurso na época foi tratado como uma excentricidade dos italianos e outros fabricantes só apresentaram artifícios semelhantes no início da temporada seguinte.

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