Em 2015 Jorge Lorenzo cometeu a heresia de ter vencido o mundial, impedindo que Valentino Rossi conquistasse seu 10º um título. Os dois pilotos defendiam as cores da Yamaha Oficial travaram uma luta fratricida nas etapas finais da temporada, só decidida na última prova de Valência onde Rossi amargou uma punição por ter se envolvido em um incidente com Marc Márquez na prova anterior (Sepang). Para a imensa maioria da torcida italiana e admiradores de Rossi o terceiro título de Lorenzo na Yamaha foi uma afronta. Desde 2010 o espanhol se impôs ao italiano utilizando um equipamento idêntico.
Jorge Lorenzo & Valentino Rossi n temporada de 2015
Os resultados de 2015 corroeram o ambiente na Yamaha. Jorge Lorenzo havia feito uma declaração de amor pela fábrica japonesa ao conquistar o bicampeonato em 2012 confessando que era seu sonho desenvolver toda a sua carreira na Yamaha e, depois de sua aposentadoria, atuar como um embaixador da marca em todo o planeta. Na temporada de 2016 os dois pilotos não apenas se toleravam, não era apenas a vontade de vencer seu colega, se tratavam como inimigos declarados e a animosidade se estendia à retaguarda de apoio nos respectivos boxes, o ambiente da equipe era altamente insalubre. Se nas pistas Lorenzo era um adversário formidável, no contexto geral Valentino era muito superior, seu currículo era mais denso, era melhor relacionado, um mestre em marketing pessoal e por seu carisma era comercialmente um ativo mais valioso para a empresa japonesa.
Em 2016 Valentino utilizou todo o seu vasto repertório de talento para pilotar e relacionamento extra pista, abusou de jogos psicológicos para inviabilizar a permanência de Lorenzo na equipe, com direito até a uma renovação de contrato extemporânea no início da temporada para o biênio seguinte. Depois de 8 anos pilotando as máquinas japonesas e vencer 3 mundiais, o espanhol de Palma de Mallorca arquivou seu sonho de permanecer “ad eternum” associado à Yamaha e, turbinado por uma oferta com um valor estratosférico, assinou com a Ducati, que havia recebido um aporte substancial do Grupo Audi. A mesma equipe onde Rossi fracassou no biênio 2011/2012.
As fábricas contratarem pilotos que se sobressaem nas pistas e cujo custo não pode ser bancado pelas equipes tornou-se um procedimento normal na MotoGP. Assim como a Honda e outros fabricantes contratam pilotos e os cedem sem custo para as equipes oficiais ou satélites, o contrato de Valentino Rossi é com a Yamaha. Nas últimas 4 temporadas (2017 a 2020) Valentino Rossi foi vencido por seu companheiro de equipe Maverick Vinales em três delas, e na única que se classificou melhor foi por apenas por 5 pontos. Para reforçar seus parcos resultados de pista, a equipe oficial optou por trocar Valentino por Fabio Quartararo que apresentou bons resultados em 2019 pilotando um protótipo antigo da marca para uma equipe satélite.Honrando o vínculo contratual. acomodou o multi campeão na sua equipe satélite Sepang Petronas. Com certeza o talento do veterano piloto não acompanhou a evolução dos protótipos, embora utilizando a mesma especificação da equipe oficial, ele tem reiteradamente pilotado a Yamaha pior colocada nas pistas. Um indicador de resultados que reflete o seu declínio, 6 poles em 2017, 5 em 2018, 2 em 2019 e 1 em 2020, nenhuma ainda este ano, quando sus melhor colocação nas 8 etapas realizadas foi um foi um 10º em Mugello.
Aramco, oficialmente Saudi Arabian Oil Company
Na semana passada a VR46, equipe baseada em Tavulia na Italia, onde fica a administração do complexo controlado por Valentino Rossi, anunciou um acordo de 3 anos para fornecimento de protótipos Ducati, para competir na MotoGP sob a denominação de Aramco Racing Team VR46. Na mesma ocasião foi noticiado um acordo da nova equipe com a Dorna Sports para participar do mundial de MotoGP por cinco anos.
A Aramco Racing Team VR46 será uma equipe independente da fábrica de Borgo Panigale, alinhando duas motos no grid. O acordo consolida a parceria já existente entre a VR46 e Tanal Entertainment Sport & Media, a joint venture com a Saudi Aramco e faz parte dos planos de investimento relacionados à Saudi Vision 2030, um ambicioso projeto de desenvolvimento da Arabia Saudita, que incluem grandes projetos urbanos ligados à marca KSA New Cities com o envolvimento da MAIC Technologies, KMHG e outros parceiros e projetos internacionais voltados à sustentabilidade no esporte a motor.
Equipe VR46 inscrita para a temporada 2022 com equipamentos Ducati
Um dos mais entusiastas da opção de Valentino Rossi é o Gerente Geral da Ducati Luigi Dall'Igna, que lembra que a Academia VR46 sempre trabalhou seriamente e com grande profissionalismo, dando a muitos pilotos a oportunidade de ganhar experiência na Moto2 e na Moto3. A Ducati está convencida que deve encontrar na VR46 um parceiro ambicioso e motivado. Gigi chegou na Ducati em 2014 de uma experiência bem sucedida na Aprilia, posterior a desastrosa participação de Rossi na equipe (2011 & 2012).
HRH (His Royal Highness) Abdulaziz bin Abdullah Al Saud
O príncipe HRH Abdulaziz bin Abdullah Al Saud da casa real saudita, que responde pelo respaldo financeiro, saúda o contrato celebrado com a VR46 como um marco para divulgar o programa Visão 2030 da Arábia Saudita, desde a sua história milenar até os principais projetos que foram anunciados para os próximos anos. A VR46 foi selecionada para uma joint venture de cinco anos, como um parceiro estratégico para competir como protagonistas no Campeonato Mundial de MotoGP organizado pela Dorna Sports. O acordo assinado entre a equipe e a Ducati para o fornecimento de motocicletas para as temporadas 2022-2024 é certamente uma ótima notícia. A Ducati é uma empresa que tem grande valor tanto na Itália quanto no exterior, além de ter demonstrado uma competitividade incrível.
O desejo do príncipe saudita é que Valentino Rossi possa competir nos próximos anos como piloto da Aramco Racing Team VR46, junto com seu irmão Luca Marini, que já disputa a MotoGP com o patrocínio das empresas KSA New Cities, MAIC Technologies e Tanal Entertainment Sport & Media. A Aramco e a Tanal planejam anunciar nos próximos dias uma colaboração nos projetos da Arábia Saudita do automobilismo esportivo e detalhes do projeto em associação com a VR46 na MotoGP e no mundial de Moto2. A esperança é que haja a formação de pilotos de origem saudita.
Os novos acontecimentos arquivam em definitivo as esperanças da Yamaha ter na pessoa de Valentino Rossi um embaixador da fábrica e promotor de sua marca comercial, os petrodólares falaram mais alto. Os grandes perdedores desta história foram a fábrica japonesa e Jorge Lorenzo. O piloto rumou para a Ducati e passou 2 anos sem apresentar resultados que justificassem seu vultuoso salário. Depois de 2 anos (2017 & 2018) em que não conseguiu vencer o seu companheiro de equipe, Andrea Dovizioso, o único retorno que obteve além do financeiro, foi obter 2 vitórias. Jorge migrou para a Honda em 2019, depois de uma temporada repleta de acidentes decidiu optar pela aposentadoria. O espanhol sonhou em um dia ser a cara da Yamaha e foi preterido por Rossi, que agora optou por uma motorização italiana. A Yamaha apostou no italiano, que preferiu seguir seu próprio caminho.
A cultura japonesa presa muito a lealdade entre empresas e funcionários. É uma caracteristica em ambas as mãos, na terra do sol nascente não é raro as pessoas terem um único emprego durante toda a sua vida. A facilidade com que os ocidentais trocam de empregadores choca um pouco a civilização nipônica.Em seu livro "Made in Japan" Akio Morita revelou sua inconformidade quando foi recebido nos EUA por um ex´funcionario da Sony. Fidelidade a uma mesma marca não é uma característica de grandes campeões da MotoGP. Dos pilotos que tiveram muito sucesso no mundial, leia-se acumularam 3 ou mais títulos da principal categoria, apenas 5 competiram sempre com mesmo equipamento. John Surtees nas décadas de 50/60 venceu 4 campeonatos e desenvolveu toda a sua carreira com a MV Agusta, os americanos Kenny Roberts nos anos 80 e Wayne Rainey na década seguinte obtiveram 3 títulos cada e somente pilotaram motos Yamaha. Mick Doohan venceu 5 campeonatos no final dos anos 90 e Marc Márquez conquistou 6 mundiais nos anos recentes utilizando exclusivamente motorizações Honda.
Mick Doohan e Marc Márquez – duas carreiras exclusivamente com equipamentos Honda
Jorge Lorenzo & Valentino Rossi n temporada de 2015
Os resultados de 2015 corroeram o ambiente na Yamaha. Jorge Lorenzo havia feito uma declaração de amor pela fábrica japonesa ao conquistar o bicampeonato em 2012 confessando que era seu sonho desenvolver toda a sua carreira na Yamaha e, depois de sua aposentadoria, atuar como um embaixador da marca em todo o planeta. Na temporada de 2016 os dois pilotos não apenas se toleravam, não era apenas a vontade de vencer seu colega, se tratavam como inimigos declarados e a animosidade se estendia à retaguarda de apoio nos respectivos boxes, o ambiente da equipe era altamente insalubre. Se nas pistas Lorenzo era um adversário formidável, no contexto geral Valentino era muito superior, seu currículo era mais denso, era melhor relacionado, um mestre em marketing pessoal e por seu carisma era comercialmente um ativo mais valioso para a empresa japonesa.
Em 2016 Valentino utilizou todo o seu vasto repertório de talento para pilotar e relacionamento extra pista, abusou de jogos psicológicos para inviabilizar a permanência de Lorenzo na equipe, com direito até a uma renovação de contrato extemporânea no início da temporada para o biênio seguinte. Depois de 8 anos pilotando as máquinas japonesas e vencer 3 mundiais, o espanhol de Palma de Mallorca arquivou seu sonho de permanecer “ad eternum” associado à Yamaha e, turbinado por uma oferta com um valor estratosférico, assinou com a Ducati, que havia recebido um aporte substancial do Grupo Audi. A mesma equipe onde Rossi fracassou no biênio 2011/2012.
As fábricas contratarem pilotos que se sobressaem nas pistas e cujo custo não pode ser bancado pelas equipes tornou-se um procedimento normal na MotoGP. Assim como a Honda e outros fabricantes contratam pilotos e os cedem sem custo para as equipes oficiais ou satélites, o contrato de Valentino Rossi é com a Yamaha. Nas últimas 4 temporadas (2017 a 2020) Valentino Rossi foi vencido por seu companheiro de equipe Maverick Vinales em três delas, e na única que se classificou melhor foi por apenas por 5 pontos. Para reforçar seus parcos resultados de pista, a equipe oficial optou por trocar Valentino por Fabio Quartararo que apresentou bons resultados em 2019 pilotando um protótipo antigo da marca para uma equipe satélite.Honrando o vínculo contratual. acomodou o multi campeão na sua equipe satélite Sepang Petronas. Com certeza o talento do veterano piloto não acompanhou a evolução dos protótipos, embora utilizando a mesma especificação da equipe oficial, ele tem reiteradamente pilotado a Yamaha pior colocada nas pistas. Um indicador de resultados que reflete o seu declínio, 6 poles em 2017, 5 em 2018, 2 em 2019 e 1 em 2020, nenhuma ainda este ano, quando sus melhor colocação nas 8 etapas realizadas foi um foi um 10º em Mugello.
Aramco, oficialmente Saudi Arabian Oil Company
Na semana passada a VR46, equipe baseada em Tavulia na Italia, onde fica a administração do complexo controlado por Valentino Rossi, anunciou um acordo de 3 anos para fornecimento de protótipos Ducati, para competir na MotoGP sob a denominação de Aramco Racing Team VR46. Na mesma ocasião foi noticiado um acordo da nova equipe com a Dorna Sports para participar do mundial de MotoGP por cinco anos.
A Aramco Racing Team VR46 será uma equipe independente da fábrica de Borgo Panigale, alinhando duas motos no grid. O acordo consolida a parceria já existente entre a VR46 e Tanal Entertainment Sport & Media, a joint venture com a Saudi Aramco e faz parte dos planos de investimento relacionados à Saudi Vision 2030, um ambicioso projeto de desenvolvimento da Arabia Saudita, que incluem grandes projetos urbanos ligados à marca KSA New Cities com o envolvimento da MAIC Technologies, KMHG e outros parceiros e projetos internacionais voltados à sustentabilidade no esporte a motor.
Equipe VR46 inscrita para a temporada 2022 com equipamentos Ducati
Um dos mais entusiastas da opção de Valentino Rossi é o Gerente Geral da Ducati Luigi Dall'Igna, que lembra que a Academia VR46 sempre trabalhou seriamente e com grande profissionalismo, dando a muitos pilotos a oportunidade de ganhar experiência na Moto2 e na Moto3. A Ducati está convencida que deve encontrar na VR46 um parceiro ambicioso e motivado. Gigi chegou na Ducati em 2014 de uma experiência bem sucedida na Aprilia, posterior a desastrosa participação de Rossi na equipe (2011 & 2012).
HRH (His Royal Highness) Abdulaziz bin Abdullah Al Saud
O príncipe HRH Abdulaziz bin Abdullah Al Saud da casa real saudita, que responde pelo respaldo financeiro, saúda o contrato celebrado com a VR46 como um marco para divulgar o programa Visão 2030 da Arábia Saudita, desde a sua história milenar até os principais projetos que foram anunciados para os próximos anos. A VR46 foi selecionada para uma joint venture de cinco anos, como um parceiro estratégico para competir como protagonistas no Campeonato Mundial de MotoGP organizado pela Dorna Sports. O acordo assinado entre a equipe e a Ducati para o fornecimento de motocicletas para as temporadas 2022-2024 é certamente uma ótima notícia. A Ducati é uma empresa que tem grande valor tanto na Itália quanto no exterior, além de ter demonstrado uma competitividade incrível.
O desejo do príncipe saudita é que Valentino Rossi possa competir nos próximos anos como piloto da Aramco Racing Team VR46, junto com seu irmão Luca Marini, que já disputa a MotoGP com o patrocínio das empresas KSA New Cities, MAIC Technologies e Tanal Entertainment Sport & Media. A Aramco e a Tanal planejam anunciar nos próximos dias uma colaboração nos projetos da Arábia Saudita do automobilismo esportivo e detalhes do projeto em associação com a VR46 na MotoGP e no mundial de Moto2. A esperança é que haja a formação de pilotos de origem saudita.
Os novos acontecimentos arquivam em definitivo as esperanças da Yamaha ter na pessoa de Valentino Rossi um embaixador da fábrica e promotor de sua marca comercial, os petrodólares falaram mais alto. Os grandes perdedores desta história foram a fábrica japonesa e Jorge Lorenzo. O piloto rumou para a Ducati e passou 2 anos sem apresentar resultados que justificassem seu vultuoso salário. Depois de 2 anos (2017 & 2018) em que não conseguiu vencer o seu companheiro de equipe, Andrea Dovizioso, o único retorno que obteve além do financeiro, foi obter 2 vitórias. Jorge migrou para a Honda em 2019, depois de uma temporada repleta de acidentes decidiu optar pela aposentadoria. O espanhol sonhou em um dia ser a cara da Yamaha e foi preterido por Rossi, que agora optou por uma motorização italiana. A Yamaha apostou no italiano, que preferiu seguir seu próprio caminho.
A cultura japonesa presa muito a lealdade entre empresas e funcionários. É uma caracteristica em ambas as mãos, na terra do sol nascente não é raro as pessoas terem um único emprego durante toda a sua vida. A facilidade com que os ocidentais trocam de empregadores choca um pouco a civilização nipônica.Em seu livro "Made in Japan" Akio Morita revelou sua inconformidade quando foi recebido nos EUA por um ex´funcionario da Sony. Fidelidade a uma mesma marca não é uma característica de grandes campeões da MotoGP. Dos pilotos que tiveram muito sucesso no mundial, leia-se acumularam 3 ou mais títulos da principal categoria, apenas 5 competiram sempre com mesmo equipamento. John Surtees nas décadas de 50/60 venceu 4 campeonatos e desenvolveu toda a sua carreira com a MV Agusta, os americanos Kenny Roberts nos anos 80 e Wayne Rainey na década seguinte obtiveram 3 títulos cada e somente pilotaram motos Yamaha. Mick Doohan venceu 5 campeonatos no final dos anos 90 e Marc Márquez conquistou 6 mundiais nos anos recentes utilizando exclusivamente motorizações Honda.
Mick Doohan e Marc Márquez – duas carreiras exclusivamente com equipamentos Honda
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