A MotoGP já começa a temporada sofrendo as limitações impostas pela pandemia. Após cancelar a programação na Malásia, os testes pré-temporada foram concentrados no Catar em 5 de março (aquecimento) e dois eventos oficiais entre 6 a7, e 10 a 12 de março, com um intervalo de apenas dois dias, insuficiente para realizar grandes correções de rumo. Se, normalmente, estes testes antes da etapa inicial servem para verificar se o trabalho do inverno (europeu) foi bem aproveitado, esta temporada a agenda teve que ser refeita. Simplesmente não há tempo suficiente para uma preparação adequada dos pilotos e seus equipamentos antes da etapa de abertura da temporada marcada para 24 de março.
Os primeiros testes realizados no fim de semana passado deixaram muitas lacunas que devem ser endereçadas pelas equipes, lembrando que, à exceção da Aprilia - única fábrica contemplada pelo regime de concessões - todos os outros fabricantes estão com as especificações dos motores congeladas em função do acordo de controle de custos assinado em 2020.
Aprilia
A fábrica utilizou as concessões dos regulamentos e criou uma moto radicalmente nova. A estreia foi muito melhor que o esperado, a moto liderou os tempos no sábado e ficou como 3º melhor do fim de semana. A grande problema da fábrica é o pouco conhecimento da confiabilidade do equipamento, embora tenha a possibilidade de utilizar 2 motores a mais que os concorrentes na temporada.
A Aprilia perdeu o gestor e comandante Fausto Gresini para a Covid-19. Lorenzo Salvadori ficou no lugar de Andrea Ianonne e o experiente Aleix Espargaró deve ser o condutor da equipe. Um dos pilotos que disputava uma vaga na esquadra italiana era o britânico Bradley Smith, que aparentemente tem o passaporte da cor errada (não italiano). Sem Smith os britânicos ficaram sem representação regular na MotoGP em 2021, Cal Crutchlow havia trocado a LCR Honda para a função de piloto de testes da Yamaha e talvez possa disputar alguma prova com um “wild card”.
Aleix Espargaró – Aprilia RS-GP
Ducati
A Ducati sempre nutriu um especial carinho pela reta de Losail, adequada para a natureza do equipamento que privilegia a potência. Este ano Johann Zarco alcançou 351,7 km/h, a velocidade final mais alta em todos os testes e as cinco melhores marcas nos dois dias de atividades foram obtidas com equipamentos Ducati.
Como de costume, a fábrica italiana apresentou uma carenagem que explora áreas cinzentas do regulamento e mostrou ganhos expressivos neste circuito, mesmo com o vento mais intenso que o razoável. A novidade aerodinâmica foi materializada em transportadores de fluxo de ar nas laterais, inspirados na Fórmula 1. Aberturas nas laterais da carenagem aparentemente tem a função de evitar o wheelie (cavalinho) sem a ajuda eletrônica, que tem como efeito colateral cortar a aceleração (ver https://stilohouse.com.br/noticia/1183/evolucao-da-eletronica). A ideia é impedir que o motor seja “castrado” nas saídas de curvas.
Como de costume, a fábrica italiana apresentou uma carenagem que explora áreas cinzentas do regulamento e mostrou ganhos expressivos neste circuito, mesmo com o vento mais intenso que o razoável. A novidade aerodinâmica foi materializada em transportadores de fluxo de ar nas laterais, inspirados na Fórmula 1. Aberturas nas laterais da carenagem aparentemente tem a função de evitar o wheelie (cavalinho) sem a ajuda eletrônica, que tem como efeito colateral cortar a aceleração (ver https://stilohouse.com.br/noticia/1183/evolucao-da-eletronica). A ideia é impedir que o motor seja “castrado” nas saídas de curvas.
Jack Miller - Desmosedici GP21
Honda
Ainda sem Marc Márquez, que não tem prazo definido de retorno, a Honda busca a recuperação de uma temporada desastrosa em 2020. O período de testes está sendo utilizado para Pol Espargaro acumular quilometragem e se adaptar a uma moto exigente. A avaliação de todos os desenvolvimentos está sendo realizada pelo piloto de testes Stefan Bradl que utiliza três motos, uma com um novo projeto de carenagem e chassi. Os pilotos da satélite LCR, Takaaki Nakagami e Alex Márquez, também receberam material novo embora os resultados não tenham sido satisfatórios, o japonês caiu no 2º dia e o espanhol nos dois.
A Ducati e a Sepang Petronas manifestaram desagrado com a confirmação que Stefan Bradl será o substituto de Marc Márquez possivelmente nas primeiras etapas do ano. As equipes alegam que o registro de piloto de testes de Bradl permite que acumule bem mais quilometragem que os demais, que só podem praticar em testes oficiais. Este fato caracteriza uma vantagem indevida.
Stefan Bradl – Repsol Honda RC213V 2021
KTM
A fábrica austríaca decepcionou nos primeiros testes e tem uma enorme relação de problemas para resolver, especialmente para adequar o funcionamento do seu motor. Embora os propulsores sejam selados para quase todas as fábricas (apenas a Aprilia mantém concessões), trabalhar com a eletrônica e sistemas de exaustão pode resultar em ganhos de potência.
As motos laranja não apresentaram nenhuma versão nova de chassi e estão muito centradas no motor. O melhor dos testes foi o português Miguel Oliveira, mas seus tempos ficaram fora dos “top ten”. Brad Binder e Danilo Petrucci sofreram quedas e Iker Lecuona foi simplesmente burocrático.
As motos laranja não apresentaram nenhuma versão nova de chassi e estão muito centradas no motor. O melhor dos testes foi o português Miguel Oliveira, mas seus tempos ficaram fora dos “top ten”. Brad Binder e Danilo Petrucci sofreram quedas e Iker Lecuona foi simplesmente burocrático.
Danilo Petrucci – KTM RC16
Suzuki
A principal questão que aflige a Suzuki é como conseguir desenvolver áreas pontuais sem alterar o fantástico equilíbrio dos equipamentos. Rins e Mir Rins estão trabalhando para regulagens que permitam obter mais desempenho nas tomadas de tempos e consequentemente melhorar o resultado nas classificações, talvez obtendo maior potência com regulagens eletrônicas.
A Suzuki só não consegue trabalhar com a mesma tranquilidade porque sente a falta de Davide Brivio no comando, o gestor era imprescindível para manter a sinergia entre os técnicos que trabalham na Europa e os engenheiros do Japão.
A Suzuki só não consegue trabalhar com a mesma tranquilidade porque sente a falta de Davide Brivio no comando, o gestor era imprescindível para manter a sinergia entre os técnicos que trabalham na Europa e os engenheiros do Japão.
Joan Mir, a exemplo do que em sido feito nos últimos anos, abriu mão do privilégio de utilizar o #1 e vai disputar a temporada 2021 com o #36 que utilizou para conquistar o campeonato.
Joan Mir - Suzuki GSX-RR
Yamaha
Os pilotos oficiais da Yamaha, Maverick Vinales e Fábio Quartararo, junto com Valentino Rossi em uma equipe satélite (Sepang Petronas) estão testando uma nova versão do chassi da M1, segundo a própria fábrica mais próximo da especificação de 2019 utilizada por Franco Morbidelli na temporada passada. A solicitação dos pilotos é específica, maior velocidade final sem perder a velocidade em curva e, principalmente, um desempenho mais uniforme em pistas com características diferentes.
Os resultados das duas seções de teste no fim de semana passado foram divergentes, Quartararo acha que houve evolução, Maverick não tem tanta certeza e Rossi identificou problemas de aderência e aceleração no modelo 2021, basicamente os mesmos que tinha no ano passado. A fábrica pretende ainda testar modificações no braço oscilante, projeto aerodinâmica e ajustes eletrônicos.
O patinho feio da Yamaha com a única especificação antiga (Espec-A), Franco Morbidelli, não espera grandes alterações e continua trabalhando com o equipamento que dispõe e em sua técnica de condução, da mesma forma que conseguiu obter o vice-campeonato em 2020.
Quadro de tempos do 1º Teste Oficial (*)
Pos | Piloto | Tempo | Dia | Volta |
1 | Fabio Quartararo | 1:53.940 | 2 | 52 / 59 |
2 | Jack Miller | 1:54.017 | 2 | 57 / 57 |
3 | Aleix Espargaró | 1:54.152 | 2 | 42 / 69 |
4 | Franco Morbidelli | 1:54.153 | 2 | 50 / 63 |
5 | Stefan Bradl | 1:54.210 | 2 | 44 / 61 |
6 | Johann Zarco | 1:54.356 | 2 | 51 / 55 |
7 | Maverick Viñales | 1:54.395 | 2 | 55 / 66 |
8 | Joan Mir | 1:54.515 | 2 | 45 / 48 |
9 | Francesco Bagnaia | 1:54.651 | 2 | 48 / 48 |
10 | Alex Rins | 1:54.658 | 2 | 25 / 49 |
11 | Miguel Oliveira | 1:54.666 | 2 | 35 / 47 |
12 | Pol Espargaró | 1:54.673 | 2 | 25 / 62 |
13 | Takaaki Nakagami | 1:54.690 | 2 | 59 / 60 |
14 | Alex Márquez | 1:54.952 | 2 | 32 / 53 |
15 | Enea Bastianini | 1:55.486 | 2 | 35 / 45 |
16 | Brad Binder | 1:55.535 | 1 | 40 / 52 |
17 | Lorenzo Savadori | 1:55.570 | 2 | 38 / 41 |
18 | Valentino Rossi | 1:55.584 | 1 | 45 / 54 |
19 | Luca Marini | 1:55.605 | 2 | 47 / 48 |
20 | Jorge Martin | 1:55.632 | 2 | 29 / 36 |
21 | Danilo Petrucci | 1:55.795 | 2 | 39 / 51 |
22 | Iker Lecuona | 1:55.873 | 2 | 22 / 38 |
(*) Lembrando que a agenda dos pilotos pode ter sido apenas testar componentes novos e não contemplar a marcação de voltas rápidas.
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