Valentino Rossi auxiliando na assistência de Takaaki Nakagami
O teste de Rorschach, conhecido como "teste do borrão de tinta", é um exame projetivo de avaliação psicológica,
desenvolvido pelo psiquiatra e psicanalista suíço Hermann Rorschach. O teste
consiste em interpretar desenhos com manchas simétricas como método de
determinar a auto expressão. De uma forma simplificada, os sentimentos podem
ser avaliados pela maneira como as pessoas interpretam fatos muito semelhantes,
cada qual vê o que for mais conveniente para alinhar com suas próprias ideias.
Na prova
de Jerez, na temporada de 2018, uma manobra infeliz de Dani Pedrosa tirou da
prova as duas Ducati que disputavam com ele a segunda colocação, evento que
facilitou a vitória de Marc Márquez. Parte da mídia apontou o erro de Pedrosa,
uns poucos identificaram talvez uma desatenção de Lorenzo (na época com uma
Ducati), mas absolutamente ninguém sequer cogitou que pudesse ter sido uma
manobra da Honda para favorecer seu piloto principal. Na segunda volta da prova
da Catalunha deste ano um erro de cálculo de Jorge Lorenzo causou uma colisão
que alijou da prova, além de sua moto, as duas Yamaha da equipe oficial e a
Ducati de Dovizioso. A imprensa foi implacável em responsabilizar o cinco vezes
campeão do mundo, sugerindo inclusive pesadas penalizações para o piloto. Os
comissários analisaram o incidente e o interpretaram como um acidente de
prova.
O fim de
semana do recente GP da Holanda foi particularmente penoso para Valentino
Rossi. Não obteve bons tempos nos testes que antecederam a prova, não conseguiu
a qualificação direta para o Q2 e não se colocou entre os primeiros no Q1.
Largando da 14ª posição, Rossi conseguiu estabelecer um ritmo consistente e em
quatro voltas progrediu até a 11ª posição, onde iniciou uma disputa com Takaaki
Nakagami. Na 5ª volta, curva 8, Rossi atrasou demais a frenagem e acabou
abalroando a LCR Honda do japonês, que necessitou ser atendido pelos
paramédicos na pista. A imprensa se limitou a noticiar o incidente e lamentar a
queda de Rossi.
Nos
eventos citados Pedrosa e Rossi, que sempre primaram pelo trato afável com
jornalistas, tiveram suas infelicidades corretamente noticiadas como acidentes
normais em um GP de motovelocidade. Lorenzo foi tratado pela imprensa sem tanta
compreensão, rotulado como truculento, extemporâneo e decadente.
O GP de
Assen, com o protagonismo de novos pilotos, confirmou que algo está mudando na
MotoGP. Todos os testes realizados na programação do fim de semana foram
liderados por Fabio Quartararo, o piloto mais jovem da relação de inscritos no
mundial e competindo com uma equipe satélite da Yamaha. No GP as duas primeiras
voltas foram supreendentemente lideradas por Alex Rins e Joan Mir da Suzuki,
depois da queda de Rins na segunda volta, Mir perdeu posições e as três
primeiras colocações foram ocupadas respectivamente por Vinales, Márquez e
Quartararo que, apesar de trocas ocasionais de posições, cruzaram a linha final
nesta ordem. Assen é um circuito que favorece as motos com cilindros montados
em linha como as Yamaha e Suzuki, características muito semelhantes ao circuito
de Phillip Island, local da única vitória de Vinales na temporada passada.
No final
de 2018 Danilo Petrucci assinou um contrato válido por apenas um ano para
compor a equipe oficial da Ducati, com o objetivo explícito de ajudar Dovizioso
a conquistar o mundial e quebrar a hegemonia atual de Marc Márquez. Com os
resultados da 6ª etapa, vitória
em Mugello e da 7ª, 3º lugar em Barcelona, ele se aproximou da pontuação do
líder da equipe no mundial e permitiu especulações que talvez alimentasse sonhos
de lutar pelo título. A Ducati tem ideias próprias sobre o comportamento de
seus pilotos, conforme ficou explícito na prova de Valência na temporada
passada onde, acintosamente insistiu que Lorenzo ainda sonhando com o pódio,
permitisse a ultrapassagem de Dovi que não traria nenhuma consequência prática
para o campeonato. Em Assen, perto do final da prova, Petrucci escoltou
comportadamente a Ducati #04, porém relaxou demais e foi ultrapassado por
Franco Morbidelli na última volta perdendo a 5ª colocação.
Cal Crutchlow, ainda sem recuperar a confiança no
comportamento de sua LCR Honda, terminou em 7º, seguido da Suzuki de Joan Mir,
Ducati de Jack Miller e da Aprilia de Andrea Iannone, que pela primeira vez
esteve entre os top ten este ano.
Jorge Lorenzo continua o seu calvário, durante os testes
livres se acidentou e quebrou duas costelas, está afastado até o fim das férias
de verão (europeu) e será substituído por Stefan Bradley na próxima etapa.
A prova da Holanda deste ano não apresentou disputas pelo pódio
nas últimas voltas. Talvez pela escolha de pneus, macios na traseira, ou
pensando exclusivamente na contagem de pontos pelo campeonato, Marc Márquez
abdicou da luta pela vitória e Fábio Quartararo não teve fôlego para desafiar
os líderes. Vitória merecida de Vinales, com duas Yamaha nas três primeiras
posições.
Assen também comemorou os 60 anos de disputas da Honda no
mundial de motovelocidade, período em que a fabricante japonesa venceu 780 dos
3.120 GPs disputados em todas as categorias. A prova também marcou 2 anos sem
vitórias de Valentino Rossi. Márquez, o atual campeão, abriu uma liderança de
44 pontos no mundial e tem um histórico expressivo no circuito onde será
disputada a próxima prova, o GP da Alemanha em Sashsenring, pole e vitória em
todas as provas disputadas na MotoGP
Quadro de Rorschach
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