MotoGP – O
Fator Poluição Sonora
Valentino Rossi com ângulo de inclinação |
Quem diria que, entre os fatores que podem decidir o
mundial de MotoGP deste ano, podem estar relacionadas as legislações locais que
disciplinam a poluição acústica. Dez entre dez pilotos da MotoGP reconhecem que
a escolha dos pneus pode não decidir quem ganha uma prova, mas com certeza
define quem não ganha. Para a próxima etapa, Sachsenring, a Michelin deve
disponibilizar uma nova especificação de pneus, segundo a fábrica, opção mais
adequada para administrar a aderência extra de uma pista recapeada
recentemente.
Explicando melhor, os pilotos terão as quatro seções de
treinos, as seções de qualificação e o horário de aquecimento (warmup) antes da
prova para decidir qual a melhor combinação entre as versões de quatro de pneus
dianteiros e quatro traseiros, ou seja, fazer a escolha mais adequada entre as
16 possíveis. A razão pela qual a fábrica francesa optou por esta abordagem foi
que não houve a possibilidade de agendar uma única seção de treinos no novo
piso do circuito alemão.
O circuito de Sachsenring está localizado na área urbana
de Hohenstein-Ernstthal, na Saxônia, que tem uma legislação local rígida em
relação à poluição sonora e reserva poucas datas para permitir a realização de
provas e testes com máquinas que produzem muito ruído. Apesar de todos os
esforços da Michelin e da administração da MotoGP para ampliar estas datas,
explicando que a nova superfície excluiu a validade de qualquer histórico de
configuração das motos em anos anteriores pudesse ser utilizada, o conselho
local foi inflexível e votou contra.
Um protótipo da MotoGP ataca as curvas com ângulos de
inclinação muito elevados, portanto não há como utilizar motos padrão de
estrada, que produzem menor ruído, para realizar testes. Estes equipamentos não
têm condições de gerar o stress resultante da potência, capacidade de frenagem
e técnica de pilotagem de uma moto da principal categoria. Na impossibilidade
de entregar um produto mais adequado, a Michelin obteve a aprovação da Dorna
para exportar a decisão para os pilotos e equipes, um composto dianteiro e um
traseiro a mais é uma maneira da fábrica cobrir uma ampla gama de
possibilidades.
O fantasma que assombra a Michelin em Sachsenring é
repetir o que aconteceu em 2013 em Phillip Island. A pista da Austrália foi
recapeada e a Bridgestone não contabilizava experiências anteriores no circuito
com o novo piso. Durante os testes que antecedem a prova, o calor adicional
gerado pela maior aderência do asfalto resultou em bolhas em alguns pneus
traseiros. Por precaução, a prova foi reduzida de 27 para 19 voltas, com troca
compulsória de motos na volta 10. O pessoal de apoio da Honda atrapalhou-se nos
boxes e não sinalizou a entrada obrigatória para o aspirante ao título Marc
Márquez, rookie que disputava a liderança com o então campeão do mundo Jorge
Lorenzo. O piloto, como acordado por todas as equipes antes da largada, foi
penalizado com bandeira preta.
Carlos Alberto
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