quarta-feira, 27 de julho de 2016

SBK – A Dança das Cadeiras



As principais equipes já definiram seus pilotos para a próxima temporada da MotoGP, mas o cenário do Mundial de Superbike ainda permanece confuso. Antes do recesso de verão a Kawasaki acertou a renovação dos contratos de seus dois pilotos (Jonathan Rea e Tom Sykes) e existem muitas opções em aberto. Além disso, algumas equipes estão considerando inclusive a possibilidade de trocar de fabricante.

A maior novidade ainda não é oficial, mas tudo indica que o contrato já está assinado, Marco Melandri voltar às competições pilotando para a equipe Ducati Aruba.it, como companheiro de Chaz Davies. Melandri participou da MotoGP entre 2003 e 2010 antes de migrar para a Superbike, em 2015 assinou um contrato com a Aprilia para realizar o caminho de volta e foi substituído por Michael Laverty depois de disputar 8 corridas e não marcar nenhum ponto. Nos últimos meses esteve associado a rumores que o colocavam Yamaha, Aprilia, BMW e Kawasaki na Superbike e, provavelmente o boato mais criativo, na BMW disputando a MotoGP. Marco Melandri é um nome importante para atrair investidores italianos e atende na íntegra os requisitos da Ducati e seu principal patrocinador, a Aruba.it, ele deve substituir Davide Giugliano que tem opções na Moto2 ou migrar para outra equipe na Superbike.

As mesmas fontes que confirmam o contrato já sacramentado, informam que é um excelente negócio para ambas as partes, Melandri não terá salários e seus ganhos serão bancados diretamente por patrocinadores. O núcleo esportivo da Ducati comprometeu parte significativa de seu orçamento para bancar o contrato de Jorge Lorenzo, o custo financeiro deve ser distribuído ao longo de todo o seu programa de competições, incluindo a Superbike.

O alemão Stefan Bradl já anunciou o seu desligamento da MotoGP e deve ser o parceiro de Nick Hayden na Ten Kate Honda. Bradl recusou uma oferta de pilotar uma Desmosedici GP16 para a equipe Avintia, sua presença na Superbike é vista com bons olhos pela Dorna, que procura internacionalizar a disputa e acabar com domínio dos pilotos britânicos, e é um nome popular para a Honda explorar no mercado alemão. Stefan Bradl tem a clara noção que a Superbike é um pouco menor que a MotoGP, entretanto é uma categoria onde ele pode disputar, não só participar.

Bradl vai ocupar a vaga que hoje pertence a Michael van der Mark. O jovem holandês tinha uma oferta da Honda que expirou na prova de Laguna Seca, a prorrogação de seu contrato era considerada uma prioridade, mas dúvidas sobre a competitividade da moto para o próximo ano atrasaram as negociações e a equipe optou por assinar com o alemão. O talento de van der Mark não deve ficar sem assento para a próxima temporada, existe a possibilidade de vagar o lugar de Sylvain Guintoli na Pata Yamaha, ou talvez a Avintia ou a Aspar Honda na MotoGP, dependendo do que Eugene Laverty decidir fazer. Em seu primeiro ano do retorno da Yamaha à Superbike, a Pata está entusiasmada como o desempenho da YZF-R1 e o apoio da fábrica deve ajudar a montar um pacote competitivo para 2017.

Suporte da fábrica é exatamente a condição necessária para transformar a Aprilia RSV4 em uma máquina competitiva na pista. Na opinião dos pilotos, o equipamento tem o potencial para ser uma das melhores, senão a melhor, moto do grid, o que faltou foi um maior comprometimento da fábrica. A contrapartida é que a equipe IODA Racing decidiu participar do Mundial de Superbike de 2016 na última hora, deixando pouco espaço para a Aprilia trabalhar o seu orçamento. Entretanto a fábrica italiana está disposta a investir em 2017, não necessariamente na IODA Racing. Existem conversações com a SMR, equipe britânica que disputa o atual campeonato com a Milwaukee BMW. A SMR está descontente com a falta de foco da fábrica alemã na competição e o apoio decidido da Aprilia seria um diferencial. Entretanto este apoio tem um preço, uma das vagas para Lorenzo Savadori. O companheiro de equipe não está definido, a SMR está negociando com Eugene Laverty (MotoGP) e Leon Camier, que atualmente pilota uma MV Agusta. Ambos os nomes têm história na Aprilia e são vistos favoravelmente pela fábrica. Camier está indeciso sobre a capacidade da MV Agusta, que passa por uma fase conturbada, em obter recursos para financiar uma temporada, Laverty, por sua vez, deve decidir entre ficar na MotoGP com a Aspar Ducati em uma moto com o desenvolvimento inferior à equipe oficial da fábrica ou mudar para Mundial de Superbikes, esperando plenas condições de competitividade com o decidido apoio da Aprilia.

Dificilmente este quadro estará estabilizado antes de setembro.

Carlos Alberto Goldani

Nenhum comentário:

Postar um comentário