Em 20 de março de 2016, no Qatar, começa a
sexagésima oitava temporada da MotoGP. Embora a pontuação da temporada de 2015
tenha sido amplamente favorável a equipe Movistar Yamaha, (655 pontos, contra
448 da Repsol Honda e 350 da Ducati), o que se viu nas pistas foram corridas
muito disputadas, longe daquela mesmice da atual Fórmula 1. Houve provas
antológicas como o Grand Prêmio da Austrália em Phillip Island, onde quatro
pilotos de três equipes diferentes batalharam a corrida inteira pela vitória,
obtida por Marc Marquez ultrapassando Jorge Lorenzo a duas curvas do final, ou
o Grande Prêmio da Holanda, com uma vitória de Valentino Rossi “dropando” a
brita da última curva. Não faltaram emoções dentro e fora da pista, com
recursos contra decisões de comissários, apelações à Corte Arbitral do Esporte
e troca de acusações de favorecimento entre pilotos. O campeonato foi decidido
na última prova e ficou com Jorge Lorenzo, o piloto mais consistente da
temporada.
2015 já é história e o
ano de 2016 promete.
Está programado o retorno depois de uma ausência de
19 anos do Grande Prêmio da Áustria, a ser disputado onde era o circuito de
Osterreichring, que foi reduzido, reconstruído e renomeado em 1997 para A1-Ring
e hoje é de propriedade da Red Bull, rebatizado como Red Bull Ring. O GP de
Indianápolis, que era disputado desde 2008 foi suprimido do calendário por
decisão conjunta da Dorna Sports e da administração do Indianapolis Motor
Speedway, a dificuldade em conciliar desafios logísticos e financeiros tornaram
o evento inviável.
As principais novidades da próxima temporada estão
concentradas no regulamento técnico da competição. A Michelin assume como a
fornecedora oficial de pneus após a retirada da Bridgestone da categoria. O
tamanho das rodas aumenta de 16,5 para 17 polegadas. Houve alterações nas
classes das equipes, as motos que disputam o campeonato são protótipos,
basicamente máquinas feitas à mão, que custam uma fortuna. Não são equipamentos
que podem ser vistos rodando nas ruas e não são comercializadas em revendas
especializadas. As equipes de marca utilizam equipamentos no estado da arte da
tecnologia, desenvolvidos, construídos e apoiados pelos próprios fabricantes.
As equipes satélites normalmente utilizam motos de fábrica, alugando unidades
com contratos de suporte mínimo ou comprando equipamentos utilizados no ano
anterior. A classe Open surgiu a partir de um experimento para reduzir o custo
de entrada de equipes e ter mais motos alinhadas no grid. A ideia, chamada
Claiming Rule Team (CRT), foi permitir a utilização de motos de linha de
produção com possibilidade de modificações além do que é permitido pelo
regulamento nos equipamentos de fábrica.
Equipes não oficiais de fábrica, satélites ou CRT,
foram mescladas em uma classe única, a Open. Todas as motos devem utilizar o
pacote eletrônico unificado (Software e ECU) desenvolvido pela Magneti-Marelli,
cada piloto tem disponível até seis motores para a temporada, com as
especificações congeladas. A capacidade do tanque é limitada em 22 litros.
Equipes que não obtiveram bom desempenho entre 2013 e 2015 podem utilizar até
12 motores com desenvolvimento liberado e os resultados obtidos serão
determinantes para manter este benefício em 2017.
Nos testes realizados já com as novidades depois do
encerramento da temporada de 2015 em Valência, Valentino Rossi e Marc Marqués
emitiram opiniões muito semelhantes, a troca do fabricante dos pneus é
tranquila, já a eletrônica padronizada pode ser um problema. Rossi comentou que
era um salto para o passado (comparou com o desempenho do software de fábrica
de 2008/2009), Marquez entende que com as novidades vai ser difícil chegar ao
mesmo nível de 2015.
A MotoGP não é afeita a muitas modificações na
relação de pilotos e não houve mudanças nas principais equipes. Tito Rabat, o
campeão de 2014 da Moto 2 vai estrear com a equipe Marc VDS Racing. O
colombiano Yonny Hernandez não renovou com a Pramac Racing e migrou para a
Aspar Racing no lugar e Nicky Hayden, que optou pelo mundial de Superbike.
Loris Baz vai para a Avintia Racing ocupar o posto de Mike Di Meglio, e Stefan
Bradl pilota uma Aprilia até a promoção de Sam Lowes em 2017. Scott Redding
cede o lugar da Marc VDS Racing para Jack Miller e vai pilotar para a Pramac
Racing na próxima temporada.
Na relação de equipes também as mudanças não foram
grandes, depois de manter duas motos em 2015 a LCR pretende disputar 2016 com
um único equipamento. A Marc VDS vai expandir de uma para duas motos no grid e
a Aspar Racing Team encerra sua parceria com a Honda e volta a utilizar motos
Ducati, como já aconteceu em 2010 e 2011. Forward Racing e AB Motoracing
decidiram se afastar do MotoGP.
Fora das pistas, a Ducati anunciou o retorno de
Casey Stoner, o único campeão mundial de MotoGP pilotando um equipamento da
fábrica, título obtido em 2007. Depois de cinco anos colaborando com a Honda
Racing Corporation, sendo inclusive campeão pela equipe em 2011, Casey retorna
à Ducati com as funções de embaixador e piloto de testes. Existe a
possibilidade, não confirmada, de Stoner participar de algumas corridas na
condição de ‘wild-card’.
O campeonato de MotoGP de 2016 tem tudo para ser tão ou mais excitante
que o de 2015.
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