O objetivo principal de uma equipe em uma corrida da MotoGP não é
utilizar o motor mais potente, é percorrer a distância de 75 milhas no menor
tempo, conciliar a resposta do motor com o máximo de desempenho dos pneus,
consumindo menos que 20 litros de combustível.
Não é segredo que a Honda não está
confortável com o motor RC213V MotoGP. A orientação da HRC historicamente têm
sido produzir motores cada vez mais agressivos, priorizando a potência, mas em
2015 foram longe demais. A entrega da potência gerada pelo RC213V foi complicada
para administrar, mesmo com os recursos de eletrônica, e a equipe amargou sua
pior temporada na MotoGP desde 2010. A
perspectiva para 2016 não entusiasma muito, o equipamento que Dani Pedrosa e
Marc Márquez testaram em novembro do ano passado apresentou uma pequena
melhora, com um pouco mais de desempenho em baixas rotações, ainda assim
entregue de maneira muito agressiva. Acrescente-se a isto os problemas de
adequação da HRC com o software unificado, obrigatório para aproxima temporada.
A Ducati e, em menor medida a Yamaha, conseguiram bons resultados na integração
das especificações do software com seus motores, a Honda ainda está em busca de
uma solução aceitável. Os pilotos da Repsol Honda, Pedrosa e Márquez, estão
encontrando dificuldades para identificar a um modo de encontrar equilíbrio
entre a resposta de aceleração abrupta e agressiva do motor, um software mais
rude e a interação entre os dois.
Apesar de não ser uma característica
da equipe japonesa comentar dificuldades em público, recentemente o chefe da
HRC admitiu para o jornal espanhol Marca que estavam tendo problemas em fazer
um motor menos agressivo. Em um evento da Honda na Espanha, realizado para
promover o cupê esportivo Civic Type R, Pedrosa e Márquez reafirmaram suas
preocupações sobre o motor, "Estamos em uma fase onde é difícil dizer onde
estamos," afirmou Pedrosa, "O motor ainda precisa de algum trabalho,
necessário para entender todo o pacote ", acrescentou Márquez.
Pedrosa afirmou para jornalistas que
a Honda está trabalhando em um novo motor. Apesar dos pilotos não serem
assertivos, há sinais indicativos de que as mudanças podem ser substanciais, a
ponto de a especificação final do motor não estar pronta antes da primeira corrida
no Qatar. Peter McLaren, do normalmente bem informado site Crash.net, sugeriu
que os pilotos das equipes satélite da Honda vão utilizar o motor de 2015 para
os testes em 01 de fevereiro na Malásia e que existe também a possibilidade de Cal
Crutchlow, Tito Rabat e Jack Miller utilizarem a moto de 2015, ao invés de
apenas um motor de 2015 em um chassi de 2016. Isso é incomum para a Honda,
normalmente a HRC disponibiliza o modelo base para a próxima temporada para
todos seus pilotos nos testes de fevereiro em Sepang, com diversas
configurações de chassi.
Parte dos problemas enfrentados pela
Honda em 2015 foi causado por conclusões erradas sobre o comportamento do motor
nos testes pré-temporada realizados na Malásia. O extremo calor e umidade de Sepang
mascararam a natureza agressiva do motor em fevereiro de 2015 e passaram à
equipe da HRC uma falsa sensação de segurança. Na prova de abertura da
temporada no Qatar, com um clima mais frio, o motor mostrou sua real
personalidade e não pode ser corrigido porque o projeto estava congelado pelo
regulamento da competição.
A decisão de não fornecer os novos
propulsores para as equipes satélite nos testes de fevereiro indica que a
especificação final ainda não está concluída e nos ensaios de Phillip Island e
Qatar, após o teste de Sepang, a HRC terá uma chance de analisar o motor em
diversas condições de temperaturas e climas antes de escolher o projeto final. Como
a especificação do motor ainda está sendo alterada, seria um desperdício de
recursos construir motores em número suficiente para todos os pilotos das
equipes satélite, que seriam fatalmente descartados para incorporar eventuais melhorias.
A HRC não se pronuncia sobre o
assunto, estimulando as especulações que os pilotos da Repsol Honda vão usar os testes
de Sepang e Phillip Island para orientar o desenvolvimento do propulsor de
2016. Uma versão de quase pronta seria testada no último evento no Qatar, de 2
a 4 de março, e a especificação final só estará disponível na abertura da temporada no
Qatar, em 20 de março.
Os testes realizados até agora
indicam que a RC213V Honda está em desvantagem em relação a Yamaha M1, destaque
em 2015 e aprimorada para 2016, a Ducati GP16 que apresentou bons resultados
em 2015 e se adaptou ao software unificado excepcionalmente bem e as máquinas da Suzuki com progressos visíveis em relação à temporada passada. A Honda tem uma
tarefa árdua pela frente, a nova eletrônica, os pneus Michelin e os problemas
existentes em seu motor, entretanto não é salutar desconsiderar a capacidade de
reação da equipe.
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