Marc Márquez lidera o grid |
O tupiniquim é, por definição, um otimista. O povo fica entusiasmado com qualquer esporte, além do futebol, em que o campeão mundial é brasileiro. Em se tratando de atletas, o melhor do mundo sempre é ou foi um dos nossos. Pelé só cedeu o trono de maior futebolista da história quando surgiu Neymar Jr, Anderson Silva foi o melhor lutador que já pisou nos rinques, Gustavo Kuerten é nossa referência no tênis e ultimamente todos admiram as proezas de Gabriel Medina no Surf. As notícias sobre Edison Mandarino variavam conforme o resultado, para anunciar suas vitórias internacionais no tênis era apresentado como brasileiro, no caso de derrotas era um argentino naturalizado. Nos esportes motorizados poucos hesitam em apontar Ayrton Senna como sendo o maior piloto de todos os tempos.
Temos dificuldades em reconhecer o talento de pessoas cujo idioma nativo não seja o português e que não nasceram em Pindorama(*). Na época em que Emerson Fittipaldi venceu dois mundiais (1972 & 1974) a lenda britânica Jackie Stewart venceu três (1969, 1971 & 1973). Entre 1981 e 1991 os brasileiros conquistaram 6 mundiais de Fórmula 1, três com Nelson Piquet (1981, 1983 & 1987) e 3 com Ayrton Senna (1988, 1990 & 1991), os grandes vilões foram o francês Alain Prost, o austríaco Niki Lauda e o inglês Nigel Mansell. A imprensa tupiniquim sempre foi muito ácida em relação a Nigel Mansell, vítima da maldade de Nelson Piquet que quando pilotaram para a mesma equipe (Williams) o descrevia como truculento, sem sensibilidade para desenvolver um carro, e com o agravante de estar casado com uma mulher feia. Poucos lembram que, além de ter vencido Piquet e Senna na Fórmula 1 e posteriormente Fittipaldi na Indy, o britânico é o único piloto que acumulou simultaneamente, por poucos dias, o título de campeão das duas disputas (Mansell ainda era o campeão mundial da Fórmula 1, que não havia encerrado a temporada, quando venceu o campeonato da Indy).
Um piloto cujo talento não é reconhecido pelas novas gerações é
o britânico John Surtees, o único que conquistou títulos com 2 e 4 rodas. Surtees
venceu 7 mundiais com motos, 4 na disputando a 500cc (1956, 1957, 1958 &
1960) e 3 na 350cc, (1958, 1959 & 1960). Em 1958 e 1960 os regulamentos
permitiam a disputa em mais de uma categoria e o piloto acumulou os títulos na
350cc e 500cc. Migrou para a F1 e em 1964 venceu o mundial pilotando uma
Ferrari. O talento de John Surtees foi reconhecido em 1996 quando seu nome foi incluído
no International
Motorsports Hall of Fame, uma honraria reservada aos que mais contribuíram
para o esporte motorizado, sejam eles pilotos, proprietários de equipes,
desenvolvedores ou engenheiros. Não é comum que desportistas não americanos
sejam lembrados. Os homenageados são escolhidos por um painel de 150 membros da
mídia especializada do automobilismo americano e a relação inclui Ayrton Senna,
Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi. O currículo do inglês ainda é enriquecido
por 4 vitórias (1963, 1964, 1965 & 1967) na mítica prova das 24 Horas de Le
Mans. Depois de aposentado montou a sua própria equipe, a Surtees Racing, que
disputou sem grande brilho a Fórmula 1 durante os anos 1970.
Ayrton Senna definiu em uma frase o sentimento da maioria dos
brasileiros, “Segundo lugar é o primeiro que perde”. Assim como não existem nas
avenidas nas grandes cidades com o nome de vice-presidentes, o esporte
motorizado dificilmente reconhece quem não quem consegue títulos. O piloto com
maior número de participações em GPs da Fórmula 1, Rubens Barrichello, só é
lembrado por uma marchinha de carnaval: “Sempre atrás do alemão”.
Randy Mamola foi um dos pilotos da MotoGP mais carismáticos de sua geração, um dos favoritos do grid por seu estilo agressivo e sua interação com o público dentro e fora das pistas. Participou de 13 temporadas do mundial do mundial de motovelocidade e é reconhecido como um dos um dos competidores mais talentosos que nunca venceu um mundial da 500cc. Em 2018, Mamola foi reconhecido pela Federação Internacional de Motociclismo como um Grand Prix Legend.
Outro piloto de exceção que nunca conquistou um mundial foi o
recentemente falecido Stirling Moss, que competiu na F1 por muitos anos e foi por 4 vezes vice-campeão. Moss é considerado o
maior piloto da história que nunca conquistou um título da Fórmula 1. Competiu na
chamada era de ouro da competição 1 e compartilhou as pistas com Juan Manuel
Fangio. Venceu 194 das 497 corridas que participou entre 1948 e 1962, incluindo
16 GPs oficiais do campeonato mundial, nenhum outro piloto venceu tanto na F1 sem
ser campeão. Em 1958, em uma atitude rara de espirito esportivo, venceu o GP de
Portugal e testemunhou em favor de Mike Hawthorn que havia sido desclassificado
por uma suposta manobra irregular. O depoimento do britânico permitiu que o
compatriota terminasse a prova no segundo posto, o suficiente para que, no
final da temporada, se sagrasse campeão com um ponto de vantagem sobre Moss.
O governo alemão decidiu prorrogar a proibição de grandes
aglomerações de público até 31 de agosto, o que inviabiliza a etapa de
Sachsenring da MotoGP. O GP da Alemanha foi a terceira etapa da temporada em
termos de público em 2019, 201 mil espectadores estiveram presentes no
autódromo, perdendo apenas para a Tailândia (226 mil) e França (206 mil). Os
promotores estão em negociações com os responsáveis pela MotoGP para encontrar
uma nova data. Desta forma Sachsenring faz companhia a Losail, Buriram, COTA,
Termas de Rio Hondo, Jerez, Le Mans, Mugello e Catalunya na lista de cancelamentos/adiamentos
e transfere para Assen em 28 de junho como data provisória para o início da
temporada.
Em meio a preocupações sobre o impacto financeiro que a atual
pandemia terá sobre os participantes da MotoGP, a Comissão do Grande Prêmio se
reuniu para discutir sobre como cortar custos, respeitando a equidade e
igualdade, para manter o valor do entretenimento do esporte e a integridade da
competição. Como resultado foram anunciadas mudanças nas regras normais de
desenvolvimento aerodinâmico e motor para 2020 e 2021. Não vai haver atualizações
permitidas para as peças homologadas em março de 2020 para o resto desta
temporada.
(*) Pindorama é o nome que os Tupi-Guarani chamavam as terras
brasileiras na época do descobrimento pelas Naus Portuguesas comandadas por
Pedro Alvares Cabral.
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