Andrea Dovizioso tinha
uma chance de adiar a festa da Honda em seu próprio circuito, impedir que Marc
Márquez conseguisse três pontos mais que ele. Todos os recursos da Ducati
estavam à sua disposição, seu companheiro estava fora da corrida e a equipe
entrou na disputa com uma única moto oficial no grid. A queda de Márquez no
último treino livre, danificando seu equipamento preferencial momentos antes da
disputa da qualificação para a largada, facilitou a obtenção da pole. A seu
favor tinha ainda o equipamento mais equilibrado, pista seca e condições de
clima ideais. Andrea planejou utilizar a mesma estratégia das últimas provas, assumir
a liderança e desconcentrar seus adversários alternando sequências de voltas
rápidas com outras lentas, confiando na eficiência da retomada de velocidade
das Ducati para não ser ultrapassado.
Uma estratégia
semelhante foi utilizada por Jorge Lorenzo na prova final da temporada de 2013
em Valência. Na ocasião ele necessitava muitos pontos a mais que Márquez para
ser campeão e pretendeu compactar os concorrentes atrás dele, esperando que a
impaciência do novato o fizesse cometer algum erro. Não funcionou, Marc
conquistou seu primeiro mundial com a terceira colocação.
O plano de Dovizioso
funcionou até a volta 20 quando cometeu um erro, abriu demais na curva 9 e foi
ultrapassado por Márquez. Não era um grande drama, sua moto estava inteira e
ele tinha condições de retomar a liderança. Por duas voltas ele seguiu a Honda
observando que o piloto tinha dificuldades na condução, o protótipo balançava
muito. Faltando pouco mais que uma volta para o final ele decidiu retomar a
liderança, adotou uma trajetória diferente, acelerou forte, inclinou a moto na
entrada da curva e foi traído pelo pneu dianteiro, perdeu a frente e caiu. Com
a consequente vitória Márquez somou um número de pontos suficiente para
conquistar o mundial com antecipação de três etapas.
A prova de Motegi não
pode ser reduzida a disputa entre Márquez e Dovizioso, uma rivalidade que que
já está fazendo história na MotoGP. A segunda colocação de Cal Crutchlow com a
Honda da satélite LCR foi uma recompensa aos esforços do piloto britânico e a
dobradinha um presente para a fábrica nipônica em sua própria pista. Alex Rins completou o pódio com uma Suzuki
após vencer uma disputa acirrada com seu colega de equipe, Andrea Iannone, que
justificou o apelido de “Maniac” com uma pilotagem muito agressiva acabou
caindo.
Valentino Rossi em
quarto conseguiu colocar a sua M1 2018 duas posições à frente de Johann Zarco,
com uma M1 2017. As Yamaha apresentaram algum progresso, não o suficiente para
entusiasmar seus pilotos para as últimas três provas da temporada. Alvaro
Bautista com uma Ducati GP17 foi o quinto, quatro colocações à frente da GP18
de Danilo Petrucci, o contratado para assumir o lugar de Lorenzo na equipe
oficial na próxima temporada. Petrucci foi envolvido indiretamente em um início
de bate-boca quando um representante da Ducati, ao comentar a ausência de
Lorenzo do GP, teria dito que a equipe lucrou muito com a contratação do
italiano para o lugar do espanhol. Um reporter ibérico presente concordou,
trocar um pentacampeão com 68 vitórias em seu currículo por um piloto que está
na MotoGP desde 2012, tem apenas seis pódios e nunca venceu, pode ter sido um
excelente negócio financeiro, com certeza não técnico.
Para a torcida japonesa
que lotou o circuito as decepções ficaram por conta de Dani Pedrosa
classificado em 8º com a segunda Honda oficial e Takaaki Nakagami, herói local
em 15º.
O campeão de 2018 já é
conhecido, porém ainda existem
premiações a serem decididas. Cal Crutchlow lidera a disputa entre os
pilotos independentes, com 15 pontos de vantagem sobre Johann Zarco e Danilo
Petrucci. Entre as equipes a Honda (391) lidera, seguida da Yamaha (340). Na
competição entre construtores, importante para negociações com os
patrocinadores onde só a moto melhor colocada de cada fábrica pontua, a Honda
está em busca da tríplice coroa com 47 pontos a mais que a Ducati.
Márquez disputou seis
temporadas da principal categoria da MotoGP, venceu cinco. Já é o quinto piloto
em número de vitórias nos mundiais da FIM em todas as classes, 69, atrás de
Agostini (122), Rossi (115), Angel Nieto (90) e Mike Hailwood (76), uma a mais
que Jorge Lorenzo. Nos últimos nove anos ele venceu pelo menos cinco GPs por
temporada, é o primeiro piloto a conseguir este feito em 69 anos de história
dos mundiais. Nesta temporada, em 15 etapas ele já conseguiu 8 vitórias, 13
pódios e 5 poles. Com 25 anos e 246
dias, Marquez é o mais jovem piloto a conquistar sete títulos, batendo a marca
de Mike Hailwood, que tinha 26 anos e 140 dias
quando venceu seu sétimo mundial em 1966, na classe 350cc. O espanhol da Honda
é um dos oito pilotos a vencer 7 ou mais títulos em todas as classes, uma
galeria que inclui John Surtees (7), Phil Read (7), Carlo Ubbiali (9), Mike
Hailwood (9), Valentino Rossi (9), Angel Nieto (13) e Giacomo Agostini (15).
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